quarta-feira, 7 de julho de 2010

Textos rádio Costa D'Oiro dias 6 a 12 de Julho



DIA 6 DE JULHO
Quer se queira, quer não, um óvulo fecundado é já vida, com uma autonomia genética diferenciada e irrepetível.
A ideia de que essa autonomia genética não é passível de ser geradora do direito à vida pelo simples facto de ser dependente de outrem para se poder sustentar e desenvolver é um aberração.
Muitos seres humanos dependem de outros para se sustentar e desenvolver e não é por isso que devem perder o direito à vida ou a uma vida com a melhor qualidade possível.
Esse raciocínio é perigoso e assenta na mesma permissa de eugenismo que esteve subjacente ao regime Nazi.
A vida concebida é vida e é Pessoa Humana.
Mas, como tudo o que envolve a nossa existência, toda a vida pede amor, dádiva e sustentação por parte de terceiros. Os filhos precisam do apoio dos pais, os idosos precisam do apoio dos filhos, os empregados precisam do trabalho dos patrões, os patrões precisam da eficácia dos seus trabalhadores e por aí adiante.
A Interrupção Voluntária da Gravidez é a primeira cisão da solidariedade de muitas outras que, em diferentes estádios da vida adulta, se vão repetindo.


DIA 7 DE JULHO
A nossa civilização está completamente obcecada e ocupada com o presente, no viver o instante, no viver um presente sem memória e que exclui tudo o que não se faz valer na atualidade.
É preciso desprender-se dessa obsessão pela tirania do presente pleno e absoluto e exercer a responsabilidade para com os ausentes ou simplesmente pelo que ainda não se vê.
A razão de ser dessa ligação ao presente está relacionada com o medo de encarar o que possa vir a ser imprevisível.
A concentração no presente torna ameaçadora qualquer dimensão que faça valer outros aspectos da temporalidade humana. E é precisamente quem tem a obsessão de ser unicamente um homem do seu tempo, que não sabe dever nem esperar.
A verdade é que a a maior parte da nossa vida compõe-se mais de coisas que nos acontecem, do que de coisas que planeamos segundo a nossa vontade; estar disposto, em postura de aceitação e crescimento para o que nos acontece de imprevisto faz parte daquilo a que um autor espanhol Daniel Innerarity intitulada de a ética da hospitalidade. Hospitalidade, abertura e flexibilidade para com os outros e para com os acontecimentos.
E é essa ética da hospitalidade (e não a ética de um egocentrismo limitado pelos condicionalismos presentes) que nos deve caracterizar enquanto pessoas e sociedade.

DIA 8 DE JULHO
Os meios de comunicação não falam de toda a realidade, mas existe muito amor no mundo, ainda que não se venda como noticia sensacionalista. Há casais apaixonados depois de 60 anos juntos, homens que apoiam a sua mulher na sua busca de um bom trabalho profissional, mulheres que elogiam o seu marido quando educa os seus filhos, e filhos que se levantam mais cedo para que os seus pais encontrem o pequeno-almoço preparado.
Às vezes, só é necessário que um comece, para que os demais deixem de viver o esquema de "eu ganho se tu perdes", e se decidam a escolher o "eu ganho só se tu ganhas". Quando se ama, ganha-se sempre e ganham todos.
Pode ser que amar não seja rentável economicamente, que produza desgaste físico e emocional, que complique a vida e nos tire tempo, mas dá paz de consciência, faz-nos felizes, permite-nos viver num estado habitual de optimismo, desenha um sorriso sincero nos nossos lábios e ilumina o olhar com um brilho novo.
Um ditado hindu reza: "Tudo o que não se dá, perde-se". Triunfa na vida, quem derrota o eu, para que ganhe o tu. Triunfa na vida, quem crê no amor, e se atreve a vivê-lo, com todas as suas consequências.


Dia 9 de JULHO
Porque é que umas pessoas têm cancro e outras não? Esta continua a ser a questão que os médicos não conseguem explicar!
Nos dias de hoje, começa a ser assumido que o cancro deverá ser entendido como uma “doença crónica” que acompanha o envelhecimento das células.
No entanto, a investigação tem demonstrado que há determinados factores que aumentam a probabilidade de uma pessoa vir a desenvolver cancro.
Alguns destes factores, nomeadamente os que estão relacionados com hábitos e estilos de vida podem, claramente, ser evitados (ex: fumar, álcool, excesso de peso, dieta pobre em frutas e vegetais, falta de exercício físico, exposição excessiva ao sol, dieta alimentar, álcool): está nas nossas mãos fazê-lo!
Se considera apresentar risco aumentado para ter cancro, consulte o seu médico e discuta a situação com ele: ficará mais tranquilo e, de acordo com toda a informação disponível, poderão planear qual a regularidade das consultas e exames médicos que tenha necessidade de fazer. Além disso, será uma forma de modificar os estilos de vida prejudiciais!


Dia 12 de Julho
Eram já conhecidos indicadores preocupantes no que se refere ao aborto após a aprovação da lei, mas ficámos agora a saber, pela voz do presidente do Conselho Nacional de Ética, que os resultados vão no sentido oposto do que foi propagado pelos que promoveram a liberalização e viabilizaram a lei: 50% das mulheres que fazem aborto faltam à consulta de planeamento familiar obrigatória 15 dias depois; há mulheres que fazem, no Serviço Nacional de Saúde, dois ou três abortos por ano; o número de abortos aumentou de 12 mil para 18 mil em 2008 e para 19 mil em 2009.
Uma lei que liberaliza, que consagra o aborto a pedido sem necessidade de qualquer justificação, é uma lei que institui a violência pela consagração de medidas desproporcionais e banaliza um acto que, em qualquer circunstância, é sempre de extrema gravidade. Criou-se nesta, como em outras questões éticas, uma cultura desumana assente na exaltação do egoísmo e da irresponsabilidade: da mulher em relação a si própria, em relação a um terceiro cujo direito a nascer é preterido ao menor capricho
O presidente da Comissão Nacional de Ética, em recente entrevista ao Público e outrora grande defensor da liberalização do aborto, vem agora defender rectificações à lei que travem os abusos que levaram já milhares de fetos a ser eliminados. Mas estes não têm voz, não fazem barulho, não marcam greves, nem votam.
Cabe-nos, pois, a nós, no nosso meio lutar e promover por uma cultura da vida e de apoio à vida.

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