quinta-feira, 5 de julho de 2007
Por motivos profissionais, verifico que a separação dos pais acarreta quase sempre consequências negativas para os filhos.
Há casos em que a separação acaba por ser positiva tal a intensidade das discussões.
Para mim, discutir à frente dos filhos é sempre uma irresponsabilidade que lhes faz um mal terrivel.
Por sua vez, manter uma situação de permanente agressividade verbal, ou pior ainda, física ainda é pior e, como diz o ditado, mais vale só do que mal acompanhado.
Jean Paul Sartre dizia que "O inferno são os outros" e isso, muitas vezes, sucede no interior do casal.
No entanto, a solução não deveria ser necessariamente o recurso ao divórcio mas o esforço por voltar às origens do relacionamento, àquilo que fez com que tudo comecasse. E, ainda, por outro lado, reflectir nas críticas que são feitas e ver se há possibilidade de corrigir.
É óbivo que este esforço de auto-correcção terá que ser recíproco sob pena das renúncias serem só para um lado, o que, mais tarde ou mais cedo, levará inevitavelmente ao fim da relação.
É claro que isto não é fácil, pois, as pessoas quando entram para um relacionamento levam também consigo os seus defeitos já há muito consolidados.
Pedir a alguém que mude em benefício do sucesso da relação não é fácil, custa e pode levar meses ou até anos.
Uma coisa é certa: relações e parceiros ideais não existem.
Quando se opta por ter filhos, há que assumir também a chamada "paternidade responsável", isto é, o assumir e interiorizar que se pretende também apostar numa relação e num contexto familiar estável onde os filhos possam crescer em harmonia e felicidade.
Quando a separação se dá, por sua vez, cada um dos pais há que ter bem presente na sua cabeça que não deve usar o filho como joguete contra o outro; não deve falar mal do outro progenitor, nem fazer chantagem psicológica. Infelizmente, porém, (falo daquilo que sei, quer como filho de pais divorciados, quer como habitual frequentador do Tribunal de Família) esta é a regra e não a excepção.
E, mais uma vez, quem paga a factura são quem menos teria que a pagar: os filhos.
Sobre esta temática, veja-se este artigo muito interessante escrito por um juíz brasileiro.
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2 comentários:
Na qualidade de profissional da Educação, não posso deixar de ser sensível a esta situação que afecta tanto as crianças e os adolescentes. Constato que, na grande maioria, as crianças filhas de divórcios são crianças mais inseguras, com baixa auto-estima e, por vezes, manipuladoras, tentando dar nas vistas pela negativa.
Infelizmente nota-se a falta dos dois cônjuges no dia-a-dia da criança, na sua educação e no acompanhamento do desenvolvimento físico, psicológico e social.
Como pode, realmente, uma criança ter um crescimento e desenvolvimento normal se o seu ambiente familiar não é o melhor e se os modelos fornecidos de fora são egoístas, materialistas, etc.?
Cada vez me apercebo mais de que os pais necessitam de ajuda na sua função de pais-educadores. Porém, a Sociedade dita comportamentos e modelos pouco saudáveis, e a ajuda que deveria ser dada, em todas as suas vertentes, peca pela inexistência…
Preocupante também é o estado a que as coisas chegaram, em tribunal. O recente livro “Amor de Pai”, de Maria Saldanha, vem colocar o dedo na ferida, pois revela a brutalidade dos juízos contra os homens-pais e alerta para a história de filhos que sofrem da "Síndrome de Alienação Parental".
Que pais serão estes filhos? - pergunto-me eu...
Que Sociedade teremos no amanhã? - nunca me deixarei de questionar.
Liliana, é uma questão importante e, hoje em dia, parece-me que está um pouco esquecida.
Dá-se de barato que o divórcio é já algo de corriqueiro e normal e que, por isso, os filhos de pais divorciados também são normais.
A facilidade com que se recorre ao divórcio é sinónimo de irresponsabilidade sobretudo quando se têm filhos.
Isto não quer dizer que se tenha que manter uma relação que já de si esteja caduca só por causa dos filhos. Quer dizer é que, por causa dos filhos, não se deveria desistir da relação logo à 1ª ou sequer à 2ª crise conjugal.
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