Várias instituições dão ajuda a mães em dificuldades, grávidas, ajuda de berço, etc. A sua actividade é quase desconhecida, excepto daquelas que receberam ajuda. Estes são os dados da ADAV (Associação de Defesa e Apoio à Vida - Aveiro)
Quando surgiu a ADAV em Aveiro?
A ADAV constituiu-se por escritura pública em 21 de Julho de 2000.
Quantas pessoas fazem parte da ADAV?
Uma instituição como a ADAV que, apesar de ser uma IPSS, vive exclusivamente do trabalho voluntário, sem qualquer apoio financeiro público até ao momento, só subsiste graças à generosidade de uma infinidade de pessoas que discretamente sustentam, no quotidiano, a missão que nos move. Contudo, algum desse trabalho é realizado de forma mais sistematizada e, tem por isso, maior visibilidade. Este apoio regular é prestado por 13 pessoas divididas por diferentes áreas de intervenção. (ver respostas seguintes)
Desde a fundação até agora, quantas mães foram ajudadas? Quantas crianças nasceram graças à ADAV?
O número de mães ajudadas pela ADAV até ao momento é de 93 mas este número não coincide com o número de crianças que ajudámos a nascer (que é inferior) pelo simples facto de não limitarmos a nosso apoio à mulher grávida mas também às mulheres que já tiveram os seus filhos mas que se encontram em dificuldade, de ordem financeira ou outra.
Muitas vezes somos chamados a intervir em complementaridade com outros serviços sociais e a pedido destes porque conhecem a especificidade do nosso trabalho. Este tipo de apoio prestado pela ADAV, a famílias de crianças já nascidas, cresceu nos últimos meses por nos encontrarmos formalmente a trabalhar em rede com os outros serviços sociais do Município de Aveiro, pela integração no Projecto RIA – Rede de Intervenção de Aveiro, que deu à ADAV maior visibilidade.
É importante salientar, no entanto, que o trabalho da ADAV, apesar de limitado nos recursos humanos e materiais, não se limita ao Concelho de Aveiro e já se estendeu a Sta Maria da Feira, Oliveira de Azeméis, Águeda, Oliveira do Bairro, Ílhavo, Albergaria-a-Velha, Estarreja, Sever do Vouga, Murtosa e Mira, municípios onde apoiámos casos concretos e em alguns destes municípios mais que um caso.
Qual o tipo de ajuda que prestam?
O serviço mais importante da ADAV é a linha telefónica. Com esta linha telefónica encaminhamos as pessoas para o nosso Gabinete de Atendimento (GA) ou para outro tipo de serviço social se o caso não for do âmbito específico da ADAV.
O GA faz uma primeira triagem das necessidades concretas da pessoa que nos pede ajuda e encaminha para os nossos recursos e/ou para outras instituições se considerarmos mais adequado. É também muito frequente este apoio do GA não poder ser prestado nas nossas instalações, por exemplo, quando se trata de alguém que reside longe da cidade de Aveiro, onde a nossa sede está, ou também quando o pedido é feito não pela própria mas por uma pessoa amiga ou uma instituição (uma escola, outra IPSS, um hospital…). Nestes casos alguém do GA desloca-se ao local para facilitar o contacto com a pessoa a ajudar.
Serviços do GA: atendimento e informação (duas pessoas), jurídico (duas juristas), médico (uma ginecologista e um pediatra), psicológico (uma psicóloga), domiciliário (cinco pessoas). Este último serviço – domiciliário - consiste na visita a casa das nossas utentes, quando se justifica, com a finalidade de levar a ajuda alimentar (resultante do protocolo com o Banco Alimentar Contra a Fome), os artigos do enxoval do bebé, nomeadamente roupa para as diferentes idades da criança, camas, carrinhos de bebé…
O apoio domiciliário permite também manter uma proximidade com a mãe e o bebé com vista a detectar outras necessidades e a assegurarmo-nos que ambos se encontram bem, a nível psíquico, físico e material. Sem o apoio domiciliário, muitas das nossas utentes ficariam privadas da nossa ajuda pelas dificuldades em se deslocarem e carregarem pesos, quer enquanto se encontram grávidas, quer depois do bebé nascer.
Como são os casos típicos?
Não podemos dizer que existem casos típicos apoiados por nós, na verdade cada caso é um caso único, que pede uma ajuda específica. Mas há um ponto comum entre eles, trata-se normalmente de mães que, apesar de se encontrarem em dificuldades, desejam ter os seus filhos. Não desejaram as circunstâncias em que estão a viver a sua gravidez, mas desejam os seus filhos.
Isto tem-me levado a dizer com frequência que não somos testemunhas de gravidezes indesejadas, mas sim de alguma desolação perante as dificuldades resultantes de gravidezes não planeadas. Ainda não tivemos nenhum caso em que nos foi dito “eu não quero este filho”, mas sim “gostaria que as coisas tivessem acontecido de outra maneira e agora não sei o que fazer ou se me podem ajudar”. Ou seja, salvo uma situação em que uma terceira pessoa nos pediu para ajudarmos uma pessoa próxima a abortar, ainda nenhuma mulher nos pediu para a ajudarmos a fazer um aborto, pedem-nos simplesmente ajuda perante uma ambivalência de sentimentos entre a ligação afectiva a o filho que cresce dentro delas e as dificuldades em que se encontram muitas vezes sem verem qualquer luz ao fundo do túnel, que frequentemente também resulta de um profundo desconhecimento dos seus direitos e dos apoios que podem obter.
Há também um outro aspecto que é importante salientar. Ao contrário do que muitas vezes se pensa, as mulheres que nos pedem ajuda não são maioritariamente mulheres provenientes de classes sociais muito desfavorecidas, já sinalizadas pelos serviços sociais, mas sim pessoas que se encontram numa situação precária a diversos níveis resultantes do simples facto de se encontrarem grávidas.
Trata-se, por exemplo, de mulheres que por se encontrarem grávidas ou perderam o emprego ou viram a sua estabilidade familiar profundamente afectada por opiniões diferentes no seio da família relativamente ao futuro dessa gravidez (pais, companheiro…). Daí, que muitos destes casos não sejam conhecidos dos serviços sociais, porque só agora, que se encontram grávidas, as pessoas se viram com necessidade de pedir ajuda. Isto reforça também a vital importância de um apoio específico para estas situações, onde é garantido total sigilo com o menor número de pessoas na mediação possível, sem o constrangimento de terem que contar a sua situação a uma série de pessoas ou instituições até que possam encontrar algum tipo de ajuda. Também contrariamente ao que por vezes se pensa e diz, não são maioritariamente adolescentes que pedem ajuda. A percentagem de casos de gravidez adolescente apoiados pela ADAV é de 8%. A idade média das mulheres que nos pediu ajuda é de 23 anos.
A acção da ADAV incide apenas na resolução de casos ou também na prevenção? (este aspecto é muito importante, porque diz-se que nada se faz neste campo...)
Em simultâneo com o Projecto Nascer (apoio à grávida e mães) e o Projecto Viver (apoio a doentes terminais e familiares) temos o Projecto Crescer, vocacionado para a formação e prevenção. Este Projecto está em reestruturação mas a ADAV responde regularmente a pedidos de formação que lhe são feitos quer por escolas, IPSS (s), Escolas de Pais…, facultando os recursos materiais e humanos de que dispomos.
Ou seja, muitas vezes não estando o nome da ADAV envolvido, algumas das pessoas que directamente ou indirectamente trabalham connosco são solicitados para desenvolverem acções de formação e prevenção com jovens e pais. Nos últimos dois anos tivemos também a possibilidade de desenvolver 50 acções de formação em 9 IPSS (s) do distrito de Aveiro envolvendo 6 municípios no âmbito do Projecto ISSI financiado pelo Aveiro Digital. Muitas destas acções foram na área da educação sexual e da prevenção dos comportamentos sexuais de risco.
Quais as dificuldades com que a ADAV se debate no seu trabalho?
Destacaria em primeiro lugar a imensa falta de recursos. Todos os custos são suportados pelas quotas dos sócios, alguns donativos e pela generosidade dos voluntários nomeadamente nas deslocações e na manutenção da linha telefónica que é muito dispendiosa. As carências vão desde o espaço exíguo, manifestamente insuficiente, passando pela falta de recursos materiais para irmos mais longe no apoio às mulheres que nos pedem ajuda como fraldas, roupa de cama de bebe (lençóis, de preferência novos e cobertores), camas, alcofas, cadeiras de bebé… É quase um milagre trabalhar nestas condições. É cada vez mais necessário recorrer a recursos humanos remunerados, mas ainda não foi possível. É também um sonho antigo e uma necessidade prestar às nossas utentes formação sistematizada (para além da que é feita em gabinete). Gostaríamos de poder aprofundar esta formação que já abordamos em áreas como: puericultura, saúde materno-infantil, planeamento familiar, desenvolvimento pessoal e profissional… Para tudo isto necessitamos de espaço e recursos financeiros.
Como é que uma pessoa se pode dirigir à ADAV?
Pode contactar pelos telefones: 234424040 ou 967595215
Fonte: Minho com Vida
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