domingo, 22 de julho de 2007

Dona Constança deixou-nos


Há pessoas cuja vida é uma fonte permanente de inspiração e ensinamento.

Com 82 anos, faleceu na semana passada a D. Constança, vítima de cancro. Na fase final da doença contou sempre com o apoio e a proximidade dos familiares e com um cuidado atento e dedicado dos médicos da unidade em que era assistida.

Em que pensaria nos últimos meses, semanas, dias que antecederam a sua morte? Ninguém porventura o saberá. Quiçá se preparasse para reencontrar no Céu a sua própria mãe, falecida quando ela tinha 4 anos no tão longínquo 1928... quase 80 anos de separação... Ou talvez se lembrasse de seu pai, que partiu muito mais tarde. Talvez ainda o seu pensamento estivesse com os seus irmãos, que se preparava para deixar aqui na Terra, irmãos que ela própria criou e educou. Naquele tempo já distante, a tuberculose não poupava ninguém e após o segundo casamento do pai de D. Constança uma nova morte bate à porta da mesma família: os filhos desse segundo casamento ficam órfãos de mãe, como ela própria havia ficado anos antes. E irá ser ela a conduzi-los até à idade adulta.

Visto que durante a juventude a D. Constança andava sempre acompanhada das suas crianças, não só não dava muito nas vistas dos rapazes à procura de esposa, como ela própria se esquecia do seu futuro, de constituir família, em benefício das crianças, uma delas o padre Edgar, Salesiano, retratado no quadro. Portanto, nunca casou.

Durante toda a sua vida, foi uma mão amiga para os que dela precisavam, fosse para um conselho, fosse mesmo para uma ajuda monetária. Os conselhos, sempre sem recriminações e cheios de humanidade, e as ajudas monetárias, à medida das suas possibilidades, possibilidades que não eram mais do que o fruto do seu trabalho. Uma vez aposentada, foi convidada a colaborar com a Casa de Protecção e Amparo de Santo António, nas Necessidades, em Lisboa. A esta instituição, que apoia mães solteiras e as suas crianças, dedicou ainda 17 anos da sua vida. Sempre com uma fé inabalável de que é possível recomeçar a vida... de novo.

1 comentário:

MRC disse...

Caro João,
Essa é uma instituição pouco conhecida.
Para quem quiser mais informações vidé
http://www.casasantoantonio.org.pt/