Droga e Esperança
Num ápice, contámos mais de dez amigos, todos eles com uma história semelhante.
Em primeiro lugar, foram toxicodependentes em estado avançado, em especial dependentes da heroína. Fizeram as experiências de risco típicas dos drogados, perderam-se e sentiram-se perdidos.
O meu amigo diz-me que o factor mais importante para a sua cura foi nunca terem desistido dele.
Em segundo lugar, fizeram várias e sucessivas tentativas de recuperação, recaíram mais do que uma vez. A grande maioria libertou-se da droga através de um programa terapêutico específico - modelo de Minnesota.
Questiono-me sobre como é gasto o dinheiro dos impostos. Para quê gastar dinheiro em terapias sem sucesso? Não faz muito mais sentido verificar, de modo científico, qual ou quais as terapias de sucesso e investir nessas terapias?
Que interesses se movem na sombra dos milhões de euros do Orçamento do Estado destinados ao flagelo da droga?
Sabem os pais atingidos por este drama qual a terapia mais eficaz?
O meu amigo, que conhece este mundo por dentro, desabafa o seu desencanto com as políticas públicas sobre a droga. Toca num ponto que faz pleno sentido: o centro do discurso público sobre a droga deveriam ser os casos de sucesso, aqueles que estiveram ‘agarrados’ e se libertaram.
Em terceiro lugar, a maioria destas pessoas são hoje casos de verdadeira realização profissional ou empresarial.
Reflicto sobre a quantidade de gente de qualidade que se pode deixar envolver pela droga e a responsabilidade social de não se desistir de as recuperar.
Por último, todas estas pessoas são casadas, formaram famílias estáveis, ternas e atraentes. Em vários casos, marido e mulher eram toxicodependentes e saíram da droga juntos. Educaram os filhos no pleno conhecimento da situação que viveram, nalguns casos, mesmo, os filhos já tinham nascido e os pais ainda se drogavam.
São sinais de esperança, amassados em luta e testemunhos de vida.
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