segunda-feira, 9 de julho de 2007

«Haverá sempre aborto clandestino»

A coordenadora da Linha Opções da Associação para o Planeamento Familiar acredita que a nova lei de interrupção voluntária da gravidez «reduzirá drasticamente o aborto clandestino», mas alertou para a existência de «mulheres fragilizadas» que querem abortar fora do Serviço Nacional de Saúde.

A seis dias da entrada em vigor da regulamentação da nova lei que permite abortos até às 10 semanas a pedido da mulher, a psicóloga Elisabete Souto acredita que «haverá sempre aborto clandestino, mas sem os números gritantes que existem actualmente».

Referiu ainda que muitas das clínicas que faziam interrupções à margem da lei estão a pedir licenciamento.

No caso da linha Opções, 80 por cento dos pedidos de apoio para IVG dizem respeito a casos dentro do enquadramento legal. Nas outras situações, as operadoras dão informações quanto aos riscos legais ou de saúde que as mulheres correm.

Em declarações à Agência Lusa, Elisabete Souto afirmou a existência de muitas mulheres «fragilizadas» que não querem divulgar a sua gravidez por esta resultar de uma situação de sexo ocasional ou por razões de ordem profissional e instabilidade emocional.

«Por isso querem resolver o mais rapidamente possível a situação» e até evitam uma ida ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), adiantou a psicóloga, referindo que nestes casos aconselha-se que a mulher clarifique a sua decisão.

Se ainda assim pretender abortar, a linha aconselha o envolvimento do médico assistente.

Até à entrada em vigor da nova lei do aborto, este aconselhamento telefónico também indicava locais em Espanha para proceder a IVG em «condições de segurança e sem comprometer a fertilidade».

Também é desaconselhada que a mulher actue sozinha, nomeadamente, com uma toma de medicamentos que provoquem o aborto.

A linha telefónica Opções também tem servido de «feedback» quer para os bons acolhimentos, quer para más experiências, como foi o caso recente de uma mulher que num hospital da Grande Lisboa lhe viu negada a informação quanto ao número de semanas de gravidez.

«Digo apenas que tem um ser vivo dentro de si, disse essa médica», relatou a coordenadora da linha, sublinhando que estes «juízos de valor e atitudes pouco profissionais não podem acontecer».

Esses comentários são vistos também como razões para as mulheres procurarem soluções fora do SNS e pagarem uma IVG em clínicas privadas.

A linha recebeu 400 chamadas, numa média de 60 a 70 ligações mensais.
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