Depressão pós-parto: o que fazer?
Especialistas na área da psiquiatria e clínica-geral afirmam que depressão pós-parto «não está a ser convenientemente estudada em Portugal». Os casos violentos de mães que atentam contra a vida dos seus filhos caem no esquecimento, mas não deixam de ocorrer.
No final de Agosto, uma mulher de 30 anos foi detida, pela Polícia de Judiciária do Funchal, por suspeitas de ter tentado envenenar o filho com apenas dois meses. A PJ suspeita que a mãe estivesse sob «influência perturbadora do parto». Já em Setembro, uma mulher de 40 anos, em Viseu, matou os dois filhos e suicidou-se em seguida. A mulher tinha tido várias depressões que se terá agravado com o nascimento do segundo filho.
Apesar da existência de alguns casos violentos em que a «influência perturbadora do parto» parece estar na origem dos crimes, em Portugal, não há qualquer entidade que observe e estude estes casos. A própria Polícia Judiciária não tem dados sobre estes crimes. Fonte do Instituto Nacional de Estatística (INE) confirma ao PortugalDiário que há falta de informação sobre a depressão pós-parto, não tendo sido feito qualquer tipo de estudo na área. O doente depressivo está incluído no rol das doenças psiquiátricas, onde não se faz discriminação da condição médica dentro da saúde mental.
No entanto, para outra especialista, Alice Nobre, médica psiquiatra, «não existe um número significativo de mulheres» que procurem ajuda devido a uma depressão pós-parto, o que, de acordo com a sua opinião, «não justifica» a existência de consultas especialmente vocacionadas para esta área e pode explicar o porquê da ausência de estudos.
Na Ajuda de Mãe, uma associação que acompanha as mulheres durante a gravidez, o cenário mantém-se. «São raros os casos de depressão pós-parto. Não temos nenhuma utente com esse quadro», referiu Sandra Pires, da associação. «Nós aqui intervimos atempadamente e damos todo o apoio psicológico» de que a mulher precisa para ter uma gravidez sem riscos, sublinhou.
O que é a depressão pós-parto?
A depressão é «um estado temporário» que pode ir da «simples tristeza» à «depressão propriamente dita», afirmou Olívia Robusto.
«A depressão é sempre uma resposta a uma perda e a depressão pós-parto poderá estar relacionada com a privação do filho dentro da mãe, após nove meses de gestação», disse fonte do Centro de Saúde de Loures.
De acordo com Alice Nobre, está é uma doença mental «mais suicida do que homicida, a agressividade é dirigida a si próprio e implica desinvestimento». Este é um distúrbio afectivo que se caracteriza principalmente pelo cansaço, negligência, vontade de isolamento, choro e, por vezes, irritabilidade.
«A mulher culpa-se a si e não ao bebé em primeiro lugar», sublinhou. «É preciso distinguir a depressão da psicose. Na psicose a mãe poderá ter ideias delirantes em relação ao bebé, ouve vozes de ruína que poderão dizer que o que lhe está a acontecer é culpa do bebé, e só aí é que a vida do bebé poderá estar comprometida», referiu a psiquiatra, em declarações ao PortugalDiário.
As mulheres que sofrem de depressão pós-parto «são muitas vezes incompreendidas e quando têm um bocadinho de força para fazerem qualquer coisa, é para se matarem», rematou a fonte hospitalar de Loures.
Uma em cada quatro pessoas em todo o mundo sofre, sofreu ou vai sofrer de depressão. Esta doença mental é a principal causa de incapacidades e a segunda causa de perda de anos saudáveis, e afecta 20 por cento da população portuguesa, informa o Portal da Saúde.
Notícia daqui.
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