segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

11 de Fevereiro: Terrorismo em Timor


Imaginem o Presidente da República Cavaco Silva assassinado e o Primeiro-ministro de Portugal baleado. Ou que o primeiro-ministro do Reino Unido era vítima de um atentado em simultaneo com a Rainha de Inglaterra. Ficção? Ou que ataques bombistas provocavam centenas de mortes nos comboios suburbanos de Madrid… Ou ainda que as torres gémeas de Nova Iorque eram derrubadas por dois aviões suicidas. Ficção… ou realidade?
Não sabemos a esta hora se o Presidente de Timor José Ramos Horta, a lutar entre a vida e a morte, resistirá aos ferimentos causados pelo atentado desta madrugada. Sabemos, isso sim, que o duplo ataque aos expoentes máximos da vida política e institucional do mais jovem país do mundo, Timor Leste, não foi certamente um acto de violência gratuita. Timor Leste vingou, ao fim de anos de luta pela sobrevivência e independência. Contra a vontade das grandes potências mundiais, contra o interesse das potências regionais, uma pequena nação com alma, que todos queriam impedir de existir, nasceu, vingou, venceu. Mas as forças obscuras da cobiça pelo potencial económico de um país com significativas jazidas de petróleo, ou os interesses geoestratégicos apostados no enfraquecimento deste pequeno Estado democrático, de matriz cristã, em plena Ásia, podem ter criado as condições necessárias a este atentado terrorista.
Em 11 de Setembro de 2001, o World Trade Center de Nova Iorque foi destruído por um ataque terrorista. A 11 de Março de 2004, as explosões em Madrid mataram e feriram centenas de pessoas. Agora, a 11 de Fevereiro, um pequeno e longínquo país chamado Timor é também vítima do terrorismo. Nos EUA e em Espanha, muitas vítimas inocentes, de todas as nacionalidades. Em Madrid, em particular, inúmeros imigrantes latino-americanos ficaram feridos ou morreram nos atentados aos comboios onde se deslocavam, manhã cedo, para o trabalho. Em Timor, hoje, tentaram assassinar o Prémio Nobel da Paz, Ramos Horta, autor de um trabalho de décadas nos quatro cantos do mundo em prol de algo extremamente simples: o reconhecimento do direito à vida do seu próprio país. Tentaram, assim, de novo, matar Timor. Mas em vão: Timor sobreviverá.

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