Já o disse aqui uma vez e repito, uma das coisas que mais me chocou durante a campanha para o último referendo sobre o aborto foi o estado de ignorância de muitos católicos, inclusivé, ditos praticantes.
Esta situação não se verificou somente aqui no Algarve onde eu próprio estive numa paróquia onde os jovens e a própria sacristã se recusaram a assinar a favor do nosso grupo porque eram adeptos do "sim" ao aborto.
Em conversa com outras pessoas, pude atestar que esta situação ocorreu um pouco por todo o lado e alguém me dizia inclusive que numa das paróquias de Lisboa, um encontro de jovens sobre o tema lembrava mais uma reunião de adeptos do Bloco de Esquerda do que de cristãos.
Após o referendo, a Conferência Episcopal Portuguesa assumiu algumas falhas e renovou o seu compromisso quer na formação do seu rebanho, quer na aposta na prevenção do aborto e no apoio à mulher grávida em dificuldade.
Decorridos 2 anos, quanto a este último ponto, penso que, de uma forma ou de outra, de facto, esse compromisso tem-se vindo a concretizar, melhor ou pior, de acordo também com a maior ou menor disponibilidade de meios materiais e humanos.
Já quanto ao primeiro compromisso, relativo a uma maior aposta na formação, é que me parece que ainda há um longo caminho a percorrer.
O Pe. Nuno Serras Pereira escreveu, em Março de 2004, um texto PROFÉTICO no qual denunciava a incoerência e ignorância de vários católicos e propunha 14 pontos concretos de intervenção da Igreja Católica na área da formação, informação e sensibilização dos seus membros e da sociedade civil na área do aborto.
Estas sugestões, recentemente recuperadas pelo Portugal Pro-Vida, são, a meu ver, todas elas muito boas e interessantes e, a serem implementadas, poderiam ter levado a um resultado diferente no referendo.
Porém, ainda se vai a tempo, se alguém com responsabilidades dentro da Igreja se lembrar de as recuperar.
Por fim, não posso deixar de louvar e enaltecer a forma corajosa e destemida como as Igrejas cristãs Evangélicas e Católica no Brasil têm vindo a dar a cara na defesa do feto e contra o aborto, sem medo de ficarem mal vistas ou de serem objecto dos habituais insultos da "esquerda tolerante".
P.S.- Já após este post, tive acesso a um texto proferido pela máxima entidade no Vaticano sobre a área da defesa da Vida que é muito claro ao dizer, a propósito da situação em Espanha que:
"los obispos son los que tienen que combatir en primera persona la legislación abortista del Gobierno español. Ni la jerarquía ni los fieles pueden desentenderse nunca de ese problema. Al contrario, tienen que hacerse oír. Y, por supuesto, públicamente, porque el cristiano es siempre una persona pública".
A su juicio, se trata de "realizar signos concretos de defensa de la vida", que es una de las prioridades de la Iglesia católica. Porque, "en este momento, la Iglesia es casi la única voz que defiende la vida y de ahí que muchas veces no sea comprendida de manera coherente". Pero "la historia pedirá cuentas a la época actual por el drama del aborto".
'La historia pedirá cuentas a la época actual por el drama del aborto'Monseñor Fisichella sostiene que "es un delito no escuchar la voz de la Iglesia en una sociedad plural, laica y democrática como la española". A su juicio, "hay que escuchar a la Iglesia, porque tiene el sentido de la vida más profundo, tiene dos mil años de Historia, de cultura, de vida y de progreso".El prelado romano asegura que la doctrina de la Iglesia sobre el aborto "no se puede modificar". Y tampoco sobre la excomunión, dado que "quien procura un aborto directo, en ese mismo instante queda excomulgado latae sententiae".
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