quarta-feira, 4 de março de 2009

Alguns problemas da Educação Sexual nas Escolas

Thereza Ameal – Lisboa 3/2009


a)Educação Sexual obrigatória - A sexualidade é muito mais do que o aparelho reprodutor, a forma como se geram os filhos, as doenças sexualmente transmissíveis ou os meios contraceptivos, a sexualidade envolve toda a pessoa humana, o seu ser mais profundo, a forma como se relaciona, os afectos, a sua intimidade… É um tema muito delicado e se infelizmente há pais que não falam dele com os filhos e podem preferir que o assunto seja tratado na escola (e são livres de o fazer se assim o desejarem), há muitos outros que preferem assumi-lo como tarefa sua.
Porque somos nós, pais, os principais responsáveis pela educação dos filhos, somos nós quem melhor os conhece e pode ter atenção pessoal à sua sensibilidade, maturidade, experiências de vida (a escola, por melhor que seja, tem que dar numa turma de 30 uma aula igual para todos). Deveríamos ser livres de o fazer, não devido a tabus, mas por sermos bons pais, atentos, próximos e activos na educação dos nossos filhos.

b) Formadores - Um mau professor de Português ou Matemática pode ter uma influência negativa na vida dos nossos filhos, um mau professor de Educação Sexual pode ter uma influência catastrófica. Porque não se trata só de conhecimentos académicos mas da integração de conhecimentos e valores que vão formar a própria personalidade. Apesar de tanto esforço na formação dos professores de Matemática, Português, História, etc., infelizmente não há um único pai que não tenha a experiência dum mau professor que estragou o gosto que o seu filho tinha pela disciplina. Que garantias temos de que miraculosamente só em Educação Sexual todos os professores serão bons, sensatos e sensíveis?
Alguns exemplos: Uma menina de 5 ou 6 anos que após detalhadas explicações sobre o muco vaginal vomitou em plena aula (que ideia bela e positiva tem ela neste momento sobre sexualidade? e será que nesta idade isto é sequer necessário?).
A Ana, de 8 anos, que explicou à mãe como tinha sido a aula: andavam de mão dada menino com menina, menino com menino, e menina com menina, e davam beijinhos na boca "porque são assim os casais". Será positivo promover a experimentação hetero e homossexual aos 8 anos para falar sobre o conceito de família (programa do 1º ao 4º ano)? Alguns pais acharão que sim, outros não. Mas só os primeiros são livres de transmitir aos filhos o que lhes parece bem. Pergunto eu: porquê?

c) Manuais – Há imensos manuais de todas as disciplinas, muitos deles com erros grosseiros, nunca ninguém conseguiu controlar todos os manuais, ninguém os lê de fio a pavio. Um erro de História é grave, um erro na Educação Sexual é gravíssimo. Há manuais neste momento a ser utilizados que incentivam comportamentos de risco (o início prematuro da actividade sexual é sempre de risco), e promovem ideias directamente contrárias às que muitos pais, no exercício do seu direito de serem os principais responsáveis pela educação e formação dos filhos, transmitem em casa (incentivo à masturbação, à experiência homossexual, etc.). Independentemente de se concordar ou não com o que os pais ensinam, a escola não pode impor ideias (não estamos a falar de conhecimentos científicos sobre o aparelho reprodutor) que vão contra a sua liberdade. E a oposição flagrante entre as duas “autoridades” não poderá deixar as crianças confusas, ou pelo menos desautorizar estas duas instituições?
Exemplos: A Teresa, muito longe ainda da puberdade, teve que ver um filme na aula com imagens que a chocaram tanto que se levantava a meio da noite para falar com a mãe sobre o assunto. O facto de o ter visto no meio de rapazes foi além do mais um atentado ao seu pudor que a marcou imenso.
O filme era todo em desenhos animados felizes e saltitantes, se a ela, demasiado nova, chocou, a outros, um pouco mais desenvolvidos fisicamente, bem pode ter sido um incentivo à experimentação duma actividade ali apresentada como extremamente lúdica.
Vale a pena também ver a página em anexo dum folheto usado numa aula para crianças de 10/11 anos, com incentivo claríssimo à masturbação e já agora, sob a capa anti-discriminação, o incentivo à homossexualidade. Com coisas destas é bem natural que se ponham a fazer experiências com o melhor amigo ou amiga. Muitos pais estarão totalmente de acordo com isto, mas aqueles que acham que não se deve incentivar crianças de 10 e 11 anos a experimentar o orgasmo que a masturbação proporciona ("a sensação de excitação e arrepio nos órgãos genitais que pode fazer com que todo o teu corpo fique relaxado"), não merecem também o respeito pela sua consciência no modo como exercem o seu direito de primeiros educadores dos seus filhos? Não seria pelo menos mais democrático?

d) Importância da Educação Sexual personalizada e não massificada – Na mesma turma há crianças e jovens com personalidades, graus de maturidade física e emocional, e com experiências de vida completamente diferentes. Aquilo que pode ser adequado para um aluno pode ser traumatizante para outro. Ao contrário dos pais, o melhor professor do mundo não consegue dar uma aula de Educação Sexual totalmente personalizada.
Exemplo: Um jovem de 16 anos, provavelmente abusado em criança e que se encontrava a fazer psicoterapia para ultrapassar lentamente o seu horror à sexualidade, viu-se de repente numa aula com um enorme pénis erecto de borracha sobre a secretária sobre o qual era preciso pôr o preservativo. Foram anos de retrocesso! Além disso, ter sido obrigado a passar por isto em frente aos colegas (rapazes e raparigas de 14 anos) foi duplamente traumatizante. Se os pais adoptivos tivessem pelo menos sido avisados poderiam ter evitado a sua presença naquela aula, mas nós, pais, não temos direito a escolher nem a decidir.
Ninguém obriga ninguém a não ter aulas de Educação Sexual, mas ninguém devia obrigar ninguém a tê-las.

e) Programas – Todos os estudos mais sérios e mais actuais, aprovados pela Organização Mundial de Saúde, provam que a melhor forma de prevenir as doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada é uma educação que se baseie no chamado ABC: para os jovens Abstinência, para as pessoas com relacionamento estável Fidelidade (Be faithful), para quem tem comportamentos de risco e não os quer alterar Preservativo (Condom), que não é 100% seguro mas ainda é o melhor que existe. Estas são as recomendações da OMS.Sendo a Educação Sexual nas escolas dirigida a jovens, então para além de conhecimento científico sobre o aparelho reprodutor e as DST, o acento deveria ser posto na abstinência, mas não, apesar das palavras abstinência e fidelidade constarem vagamente dos manuais, todo o acento é posto no C, passando ainda por cima uma mensagem perigosa, para muitos um convite à promiscuidade e experimentação precoce, de que desde que se use o preservativo se está 100% seguro, o que não é verdade.

*Os nomes das crianças citadas são fictícios para resguardar o seu anonimato mas as suas histórias verdadeiras
(Recebida por e-mail)

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