segunda-feira, 28 de julho de 2008

Portugueses têm menos tempo para a família


Estudo mostra que quase todos os casais põem tempo para a família acima do dinheiro


Os portugueses têm em média menos 10 a 20 horas por semana para dedicar à família porque trabalham mais do que grande parte dos europeus. Os salários baixos são a principal causa apontada para a necessidade de trabalho extra.


"O horário médio semanal de trabalho em Portugal é de 50 a 60 horas, o que não corresponde ao horário oficial", garante Maria das Dores Guerreiro do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) baseando-se em estudos sociológicos recentes sobre a situação no nosso país.


De acordo com as estatísticas europeias relativas a este ano, noruegueses, com 39,2 horas, irlandeses, com 40,2 horas, franceses e os suecos, com41, e alemães, com 41,7, são alguns dos europeus que trabalham bastante menos.


A socióloga considera que uma das consequências do tempo extra de trabalho é "grande parte dos portugueses terem um défice de tempo para a família de 10 a 20 horas semanais em relação a outros países europeus".


Um inquérito a 1203 casais, entre os 25 e os 45 anos, mostrou que passar mais tempo com a família é a principal prioridade da esmagadora maioria dos entrevistados. Dos que participaram no estudo "Análise da Mobilidade das Famílias Portuguesas", 94% consideraram dispor de mais tempo para o cônjuge e filhos mais importante do que terem mais dinheiro, mais tempo para si próprios, ou um emprego mais estável.


"Os portugueses estão carentes de dinheiro, mas estão ainda mais carentes de tempo para estar com a família", garantiu ao JN o presidente da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN).


A socióloga e o presidente da APFN concordam em identificar os salários baixos praticados como o principal motivo do tempo de trabalho extra a que os portugueses são obrigados.


"Esta situação força a ter de investir mais no emprego e na profissão", afirma Maria das Dores Guerreiro, acrescentando que no nosso país ainda se identifica "profissionalismo" com "trabalhar para além da hora".


Quanto a passar do desejo à prática, a socióloga do ISCTE afirma que abdicar do emprego para dedicar mais tempo à família "apenas é possível nos casos em que já estão garantidos recursos muito superiores ao que é a média".


A falta de tradição de horários flexíveis, ou em "part-time", no nosso país é, de acordo com Maria das Dores Guerreiro, outro grande obstáculos à resolução do problema. Também para Fernando Castro a solução passa por olhar para o que é feito noutros países neste campo. "É vulgar os horários serem desfasados permitindo aumentar o tempo de funcionamento das instituições e evitar horas de ponta".


Uma proposta de flexibilização que a APFN já apresentou às autarquias e que acredita poder também contribuir para a redução "dos problemas de congestionamento rodoviário". Uma causa adicional da perda diária de tempo dos portugueses, de acordo com a associação.


Notícia daqui.

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