quarta-feira, 31 de março de 2010

Textos Rádio Costa D'Oiro



3ª Feira, dia 30 de Março


Há poucos dias atrás o Ministério da Saúde divulgou mais um relatório sobre a prática do aborto por mera opção, em Portugal, decorridos que estão quase 3 anos sobre a entrada em vigor da nova lei.
Os números são alarmantes. Cerca de 19.000 abortos realizados, com um crescente número de mulheres a abortarem, por mais de uma vez.
O presidente do colégio de obstetrícia da Ordem dos Médicos, Dr. Luis Graça que, há 3 anos atrás foi um dos grandes entusiastas da campanha a favor da liberalização do aborto por mera opção, vem, agora, dizer que os números dos abortos praticados "significa que continuamos a não ter verdadeiramente uma política de prevenção da gravidez indesejada .
Dúvidas não há o aborto, pago e subsidiado com o dinheiro de todos nós, em tempo de crise, está a ser utilizado como método contraceptivo.
Curiosamente também na mesma altura, este mês,, a TVI mostrou uma reportagem onde casais trocam momentos de prazer sexual pelo sacrifício de vidas humanas, à custa de um comportamento totalmente irresponsável. Num caso falava-se de um preservativo que se tinha rompido, o que demonstra que, ao contrário do que as campanhas oficiais nos dizem, o preservativo está muito longe de ser 100% seguro. Em outras situações, dizia a reportagem, os casais nem sequer utilizam qualquer método de contracepção, faz-se e depois se ficar grávida logo se aborta.
Nessa reportagem, um médico de um Centro de Saúde dizia também com coragem "Não há falta de informação. Informação existe e as mulheres têm-na. O que há é falta de responsabilidade"
Mas, afinal, numa sociedade em que um casal se pode divorciar sem quaisquer razões; em que os alunos podem bater em colegas e professores sem que nada lhes aconteça, em que criminosos praticam delitos em flagrante delito e são, depois, enviados para casa; em que o consumo de drogas é livre, o que é que se estava à espera !?
Nada do que fazemos é eticamente neutro ou inconsequente Por isso, nas nossas consciências, nas nossas casas, com a família e os amigos, fomentemos um maior sentido de responsabilidade social.


4ª Feira, dia 31 de Março


O casamento pode ser visto de muitos pontos de vista (o amor em que se baseia, a entrega aos filhos, a realização pessoal...). No entanto, enquanto acto jurídico, o casamento é uma assunção de compromissos. Não é um gesto romântico, nem é primariamente uma expressão de amizade: é o compromisso concreto de partilhar com outra pessoa a fecundidade, com todas as responsabilidades próprias de um amor aberto à vida.
Todos os artigos de qualquer lei do casamento existem em função da paternidade e maternidade que derivam da família livre e responsavelmente constituída.
Não é só a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a Constituição da República Portuguesa que reconhecem o carácter específico do casamento, na medida em que ele está aberto à vida. O Código Civil Português sempre foi claro e, durante séculos, todas as leis que vigoraram no nosso País.
.A nossa civilização aprendeu que todas as relações humanas devem ser de amor. No amor se fundamenta a relação entre irmãos, a relação entre professor e aluno, entre comprador e vendedor, até a ponto de sermos convidados a amar os próprios inimigos. O elemento comum a todas as situações é o amor; a diferença que as distingue é como que o tema do amor de cada uma delas. No caso da família, marido e mulher amam-se não só como duas pessoas, amam-se como marido e mulher, como pai e mãe de uma família. Por isso, o tema do seu amor, que o torna tão especial, é a família que constituem.


5ª Feira, dia 1 de Abril


O tema de cada relação de amor determina as exigências da relação. Por isso os vínculos que se originam entre companheiros de escola não são idênticos aos que unem os condóminos de um prédio, ou marido e mulher. Só um amor incondicional, indissolúvel e exclusivo, está à altura da responsabilidade de receber os filhos. Um amor que fique aquém desse ideal não tem a dignidade plena de um amor conjugal, pode ser uma bela amizade, um bom companheirismo profissional, mas não é tão radical como o amor entre marido e mulher.
Esta radicalidade do amor familiar impressiona! Numa verdadeira família nunca ninguém desiste de ninguém. Por mais horrores que os filhos façam, os pais nunca os abandonam, nunca desistem de os ajudar; por mais erradas que sejam as atitudes do cônjuge, o outro nunca desiste de o ajudar.
O que faz a grandeza excepcional do casamento é o acto de se dispor da vida inteira numa só entrega.A amizade pode ter uma especial riqueza cultural, uma grande elevação moral, envolver as pessoas em vários graus e unir um maior ou menor número de indivíduos. Algumas relações humanas são dramáticas, outras românticas, outras pragmáticas, algumas incluem sexo. Por mais opções que caibam no espaço da liberdade individual, o amor entre marido e mulher é outra coisa. É um amor maior do que ambos.Projecta-se, fecundo, para além dos dois, com uma grandeza única que constrói a Sociedade. É por isso que o casamento não é como os outros contratos. Nasce de um amor incomparável, que gera vínculos jurídicos, sociais e morais totalmente diferentes.
Os filhos merecem nascer do amor do seu pai e da sua mãe. As crianças não podem ser simplesmente cozinhadas com um espermatozóide daqui e um óvulo dali. Os filhos não se produzem com uma fotocópia clonada de qualquer material genético. É próprio de um filme de terror autorizar que seres humanos sejam produzidos laboratorialmente.
Por isso, o casamento entre um homem e uma mulher deve ser acarinhado e protegido pelo Estado, sem que se caiam em confusões acerca de outras formas de relacionamento que nada têm a ver com a função, natureza e finalidade do verdadeiro casamento heterossexual.


6ª feira, 2 de Abril (6ª feira de Páscoa)



Encontrei no You Tube uma das músicas do último albúm de Sting que aprofunda a tradição musical inglesa mais ancestral.
Esta música é muito curiosa e original. A letra é de um poeta inglês, chamado Robert Southwell que era um padre jezuíta que foi martirizado no Séc. XVI e recentemente canonizado.
Essa música baseia-se num poema místico, chamado “The Burning Babe” que aborda a paixão própria da Páscoa, mas cruza-a, de uma forma original, com o Natal.
Nesse poema, o seu autor diz que numa noite fria de inverno ao passar por uma floresta encontrou um lindo bébé, pendurado no ar que sofria por um fogo que lhe causava dor e agonia. Viu depois que esse fogo era causado pelos males e pecados de todos os homens que faziam o menino chorar em agonia. O autor dize que ao mesmo tempo que se compadeceu com tal cenário, espantou-se porque ninguém acudia o bébé que jazia desamparado e em lágrimas. A letra diz, depois, que o autor viu que a única forma de apagar e livrar o menino dessas chamas seria substituir o fogo do mal pelo fogo de um amor verdadeiro que alcance misericódia e arranque os espinhos que fazem o bébé ficar em lágrimas. Por isso, diz o poeta, quem ficou, agora, em fogo, num fogo de amor, foi ele próprio, que se decidiu a trabalhar pelo bem dos que padecem, derretendo os seus corações e lavando-os no seu sangue. E, com isto, remata, o bébé deixou de chorar e, sem se dar conta, o poeta lembrou-se, então, que aquele era, afinal, o dia de Natal.
Apesar do texto que nos recorda o Natal e a Páscoa, a adaptação musical alegre feita pelo músico de música tradicional inglesa, Chris Woods é alegre e, em tempos de crise, um convite à esperança.
Para todos uma Santa e feliz Páscoa.

2ª Feira dia 5 de Abril

É inquestionável que o instinto sexual representa uma das forças mais poderosas que motivam as espécies e, por consequência, a espécie humana. É também a busca de alimento outro determinante fundamental do comportamento de qualquer espécie, na espécie humana chamar-lhe-íamos busca de emprego, oportunidades de trabalho, oportunidades de negócio ou de investimento.
O instinto sexual possibilitou que, geração após geração e pelos séculos dos séculos, a espécie humana se tenha reproduzido eficientemente. O instinto de alimentação fez com que o homem sempre tenha garantido recursos básicos para se manter em boas condições de saúde e forma física, permitindo-lhe viver e sobreviver.
O alimento e o sexo constituem dois estímulos positivos fundamentais que o homem busca, tal como a fome e a dor constituem estímulos negativos de que o homem foge continuamente. A questão que se levanta é saber se nas sociedades actuais, com a sua organização própria, moderna e distinta das sociedades ancestrais, existe uma correcta gestão dessas duas forças estruturantes da sociedade e da economia, ou se pelo contrário as sociedades modernas apresentam maus resultados e má performance na sua forma de lidar com as problemáticas relacionadas com a sexualidade e na sua forma de gerir os recursos básicos.
Estas duas questões, por sua vez,entroncam na defesa do ambiente por um lado e na importância da moral e da religião por outro.
Torna-se cada vez mais evidente que não existe possibilidade de esbanjar recursos como até aqui e que a crise veio para ficar, e são também cada vez mais evidentes os sinais de ruptura ética e moral e as consequências socialmente nocivas que o excesso de liberdade de comportamentos trouxe.
A defesa do ambiente e de uma ética assente em valores sólidos não é sinónimo de asfixia. É antes o meio que nos permitirá sair desta crise e avançar para um mundo melhor e com mais paz social.

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