Das cerca de 100 mil pessoas que morrem por ano em Portugal, 60% não recebem cuidados paliativos. A resposta do Serviço Nacional de Saúde só chega a 10% dos doentes a necessitar destes cuidados na fase fi nal da vida ou com doenças crónicas incapacitantes e progressivas.
Os números vão ser apresentados publicamente durante o V Congresso Nacional de Cuidados Paliativos, que começa esta tarde, na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. O encontro é promovido pela Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos. A presidente da associação, Isabel Galriça Neto, explica, à Renascença, que 60 mil doentes que poderiam precisar directamente de cuidados paliativos não têm a eles acesso. Um número que deve ser multiplicado por três, explica a responsável, tendo em conta que, “por definição, os cuidados paliativos são dirigidos ao doente e à família e, se atendermos a que a família tem, pelo menos, três elementos, teríamos 180 mil pessoas em Portugal: doentes e família a necessitar” deste tipo de cuidados.
Além disso, actualmente há no nosso país apenas 20 unidades qualificadas de cuidados paliativos que, admite esta responsável, não são sufi cientes para dar resposta a todos os doentes.
Outra lacuna verifi ca-se ao nível do apoio domiciliário “com profi ssionais qualifi cados”. Esta é “a área menos desenvolvida”, reconhece. Além de “aumentar a acessibilidade dos portugueses a este tipo de cuidados, e fazê-lo de uma forma credível e consistente, com profi ssionais devidamente treinados”, é de toda a importância desmistifi car o acesso a este tipo de cuidados. É necessário que “os portugueses saibam que os cuidados paliativos servem para ajudar a viver, para que as pessoas não estejam em sofrimento intolerável, que não são uma alternativa á eutanásia, mas um direito de todos”, sublinha.
A presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos avançou ainda que vai pedir ao Governo que invista neste área e em recursos humanos e avançar com uma proposta à Ordem dos Médicos para a criação de uma competência de cuidados paliativos.
O congresso de dois dias terá a presença de Maria Cavaco Silva, presidente da Comissão de Honra, e da ministra da Saúde, Ana Jorge. Vão ser abordados temas relacionados com esta área da medicina, tais como, “Ética: Desejo de morrer será o mesmo que eutanásia?” ou “Transição Cuidados Curativos/Cuidados Paliativos”.
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