segunda-feira, 8 de março de 2010
Vai longe o 1.º Dia Internacional da Mulher, escolhido pelos dinamarqueses: 8 de Março 1910. Desde então, todos os anos, nesta data, há uma chamada de atenção para o papel, estatuto e dignidade da Mulher.
Também a APFN o quer assinalar!
Neste dia serão homenageadas, em muitas partes do mundo e também no nosso país, com discursos, flores, medalhas e beijos, representantes de diferentes gostos, estilos e tendências, que são escolhidas como figuras de orgulho para a cultura de Portugal. Das artes às letras, da economia ao desporto, da ciência à moda, da política à filantropia, não faltarão, por certo, nomes em evidência e figuras em destaque.
Entre elas porém, continuará vazio um outro lugar de honra, um lugar por preencher, uma ausência constante. Com efeito, nunca será possível nomeá-la. Todas as escolhidas terão talvez, um pouco dela, mas ela não estará lá.
Presente nas vielas, nas ruas e avenidas de Lisboa, Paris, Madrid, Londres, Barcelona ou Nova York, escondida, ou anónima no meio da multidão, gorda ou magra, velha ou nova, alta ou baixa, sem dotes chamativos, sem traços, nem medidas, nem mestrados ou doutoramentos, nem obras publicadas, que lhe dêem visibilidade ou mérito contabilizável em estatísticas, ela é apenas uma mãe dedicada, filha extremosa, mulher solteira, casada, viúva ou separada, que luta pela vida e por nobres causas, uma desconhecida que nada pede para si e tudo dá aos outros.
Esta mulher única está um pouco por toda a parte, no corpo de tantas outras, com histórias de heroísmo semelhantes.
Algumas saíram da fossa, levantaram cabeça, aprenderam com os erros, trabalham de manhã à noite, sem tréguas nem descanso, deixaram erros e caminhos transviados, droga, álcool e prostituição. Outras deixaram vidas de conforto, empregos de sucesso, carreiras de prestígio bem remuneradas, para servirem os que mais precisam à sua volta, ou em terras distantes. São advogadas, domésticas, psicólogas, ou o que seja, com mais ou menos estudos, mas elas não param. São brancas, mulatas, negras, de qualquer cor ou raça, saudáveis ou doentes, novas ou mais velhas, mas elas não param.
Elas chamam-se porventura, Maria, Inês, São, Sofia, Leonor ou Alexandra, e andam nas ruas ou nos corredores do Parlamento, de mãos erguidas e passo acelerado, a defender vidas por nascer, uma a uma, contra corações endurecidos e leis iníquas; chamam-se Paula, Siza, Antónia e Teresa – e quantas outras – e disseram não a quem as queria fazer abortar, porque já tinham muitos filhos, porque não tinham condições materiais, ou porque os filhos iam nascer deficientes, e hoje cuidam desses seus filhos com ternura, em casas miseráveis, ou remediadas, e ainda arranjam tempo para ajudar os mais necessitados, nas suas associações quase sem outros meios que não sejam os oferecidos e a boa vontade dos vizinhos e paróquias. E muitas outras, com vidas normais e correntes, que já saíram desta vida, ou ainda estão entre nós, e a quem se devem gerações e gerações de famílias saudáveis e em paz - com problemas, sim, naturalmente! – mas onde os laços de sangue e de fraternidade gritam sempre mais alto que todos os desentendimentos e dores.
Para todas essas mulheres esquecidas, anónimas, Mulheres de coração e corpo inteiro, um enorme Abraço de Parabéns e Solidariedade da APFN!
Lisboa, 8 de Março de 2010 APFN - Associação Portuguesa de Famílias Numerosas
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