sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A pilula do dia seguinte é abortiva ?

Hoje contaram-me que, numa escola de Faro, uma ginecologista do Hospital de Faro (apesar de desaconselhar o seu uso pelos efeitos colaterais) foi dizer aos jovens que a pílula do dia seguinte não é abortiva.
Fiz uma busca na internet e procurei encontrar informação em sites mais técnicos e com menos orientação pró-vida ou pró-escolha.
Assim, encontrei este e este site que dizem que a pílula do dia seguinte não é abortiva porque se o óvulo já estiver fecundado não impede o prosseguimento da gravidez.
Porém, por outro lado, encontrei dois sites onde num se diz claramente que o "estrogénio e progesterona (...) são utilizados para impedir a ovulação e gravidez".
Para desfazer as dúvidas, nada melhor do que consultar a própria bula de dois dos principais fármacos usados como pilula do dia seguinte.
Num deles, aposta-se na ambiguidade ao afirmar-se que "Poderá também evitar a implantação do ovo. No entanto, NorLevo® não é eficaz caso já esteja grávida".
Porém, no outro já se admite claramente que:
Levonelle-1 is thought to work by:
- stopping or delaying the ovaries from releasing an egg
- preventing sperm from fertilizing an egg you may already have released
- stopping a fertilised egg from attaching itself to the lining of the uterus
Em conclusão:
A pílula do dia seguinte poderá também evitar a implantação do óvulo já fecundado na parede do útero e, nesse caso, é claramente um método contraceptivo ABORTIVO.
Mas, se o óvulo já se implantou na parede do útero, em princípio, não impede o prosseguimento da gravidez, excepto se já estivermos a falar de fármacos que têm como objectivo expelir, de qualquer forma, o óvulo já fecundado do útero.

2 comentários:

VN disse...

Caros amigos

Para entender isto melhor temos que começar por definir onde começa a gravidez.
há duas teses.
1- a gravidez começa no momento da concepção.
2 -a gravidez começa no momento da nidação.

Se definirmos o aborto como a interrupção ou o fim da gravidez antes das 20 semanas de gestação, , pode-se dizer que de acordo com a tese nº 2 qualquer fármaco que evite a nidação não é abortivo porque " ainda não se
iniciou a gravidez" e portanto não há aborto....

Abraço
VN

JA disse...

Tal como disse o VN, há duas teorias. Uma das teorias diz assim:

1. A gravidez começa na nidação (de acordo com o colégio dos Gyn/Obs americanos);
2. Aborto provocado = interrupção da gravidez;
3. Se a pílula do dia seguinte impede a nidação, então a PDS actua antes da gravidez começar;
4. Logo a PDS não pode interromper a gravidez que não existe;
5. logo não há IVG e por isso não há aborto.

A outra teoria diz o seguinte:

1. aborto provocado = morte deliberada de um ser vivo não nascido da especie homo sapiens;

2. A PDS impede um ser vivo da espécie homo sapiens de nidar e
consequentemente de se alimentar;

3. Logo a PDS, quando não impede a concepção, mata à fome um ser vivo da especie homo sapiens.

4. Logo a pílula do dia seguinte é abortiva.

Quais são os problemas da primeira teoria?

1. Identifica erradamente aborto com interrupção da gravidez. Ninguém é contra a interrupção da gravidez porque todo o parto provocado é uma interrupção da gravidez. Pessoalmente posso dizer que sou o resultado de uma interrupção da gravidez. E então? O que as pessoas são é contra a morte de seres humanos e por isso a pergunta é esta: a PDS mata um ser humano ou não (ie, mata um ser vivo da especie homo sapiens ou não?).
E a resposta só pode ser uma:
sim, se nao impedir a concepção, a PDS mata um ser humano.

2. Além disso a teoria identifica o início da gravidez com nidação, uma definição feita por causa das FIVETs. O problema é que o número de crianças resultantes de FIVET que chegam a nidar é muito baixo e os ginecolgistas americanos não queriam dizer que a taxa de abortos espontâneos nesta técnica
é muito alta. Logo estabeleceram que a gravidez só começa na nidação como estratagema para diminuir o número de gravidezes que não vingam...

Em mais nenhum mamífero se colocou a gravidez na nidação.

Mas tudo isto sao definições. E as definições não conseguem resolver problemas morais. A teoria dos pró-aborto, na essência, é esta: "a PDS não é
abortiva. Porquê? Por definição!"

Um abraço,
João