Os valores, o materialismo ou Alice no país das maravilhas
O 1º um convicto católico e humanista e o 2º um esquerdista entusiasmado, laico e muito republicano.
A dada altura quando o Prof. Lopes da Silva falou em valores, o Dr. Lima Rego reagiu de forma algo violenta, respondendo "sr. prof. os valores não se comem".
Fiquei a pensar nessa frase e percebi verdadeiramente a diferença entre os materialistas de índole marxista e os humanistas de índole cristã.
Existe e existirá sempre uma tensão entre o materialismo do dia a dia, as preocupações com os afazeres diários; o pagamento das despesas fixas mensais, da prestação da casa, do carro, das mensalidades dos filhos; as tentações do dinheiro fácil, da especulação imobiliária ou financeira, das fraudes, etc.etc. e a ética dos valores.
Também ontem alguém me comentava que uma determinada pessoa que se dizia muito ética e honesta e sempre pronta para criticar os outros, agora que ocupava um lugar de liderança, teria arranjado à filha um belo "tacho".
Lembrei-me da "Queda de um Anjo", do Camilo Castelo Branco e perguntei-me a mim próprio se fosse comigo, como é que eu actuaria e reagiria.
Tudo isto para rematar com o seguinte:
Chesterton, no seu livro Ortodoxia, recentemente reeditado pela Aletheia , dizia que era muito importante fomentar nas crianças o gosto pelo imaginário; a importância de lhes falar de "Alice no país das maravilhas", dos "duendes", etc.
A ética é algo que não se vê, os valores não se podem comer, nem nos pagam as despesas da crise ou do viver do dia a dia.
Por isso, há que acreditar em algo que não se vê e isso só é possível se a nossa capacidade de imaginação, de sonho, de delírio (porque não ?) for maior do que a nossa submissão ao realismo materialista do dia a dia.
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