A AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES
Depois da manifestação de 8 de Março (Marcha da indignação), onde se juntaram cerca de 100.000 professores, foi a vez do dia 7 de Novembro ficar na história como a maior manifestação de sempre de professores, tendo ultrapassado as 120.000 cabeças, tendo desta feita, como alvo, o processo de avaliação.
Não sou professor, mas convivo de muito perto com professores, o que me permite ter uma ideia concreta do esforço exigido quando esta profissão é desempenhada com rigor e seriedade, daí compreender o sentimento de frustração e de revolta que assola neste momento esta classe profissional.
De acordo com o Ministério da Educação, o novo regime de avaliação dos professores, que é mais exigente e com efeitos no desenvolvimento da carreira, tem como principal objectivo a melhoria dos resultados escolares dos alunos e da qualidade das aprendizagens, proporcionando condições para o desenvolvimento profissional dos docentes, tendo em vista o reconhecimento do mérito e da excelência.
Até aqui tudo bem e acredito que raro é o professor que não concorde com a necessidade de existir uma avaliação que efectivamente diferencie o professor aplicado e empenhado na qualidade de ensino, do professor “baldas” e adepto da filosofia do “deixa andar”. Contudo, uma coisa é pugnar pela necessidade da avaliação dos professores e outra completamente diferente é concordar com o modelo que o Governo quer aplicar não ouvindo e ignorando por completo as vozes discordantes da esmagadora maioria destes profissionais.
Será que é correcto um professor ser avaliado pelas notas que dá aos seus alunos ou pela quantidade de “papelada” inútil e burocrática que tem de preencher? Será correcto o professor ser quase obrigado (pois se não o fizer será prejudicado na sua avaliação) a dar as suas notas baseado em “quotas” de avaliações? Mas isto cabe na cabeça de quem? E como podemos ter um sistema de ensino de qualidade do Norte ao Sul do país quando os critérios de avaliação em vez de serem nacionais, muitas vezes difere de escola para escola ao sabor das interpretações que os responsáveis por cada agrupamento de ensino pretendem fazer. É a isto que se chama rigor e coerência?
Para além destes pontos, também não considero ético que os avaliadores sejam colegas que trabalham diariamente lado-a-lado com os avaliados o que pode implicar em alguns casos avaliações ponderadas de acordo com os laços de maior ou menor amizade (ou inimizade) entre as pessoas em causa. Para evitar situações como esta (ou suspeições) porque não criar na área de jurisdição de cada Direcção Regional de Educação (DRE) equipas de avaliadores especificas (compostas por professores titulares) que percorreria as escolas pertencentes a cada DRE?
E para finalizar, se o Ministério da Educação pretende, tal como todos nós, um ensino de qualidade que sirva os interesses do país, que sirva os interesses das escolas e que sirva os interesses dos alunos porque não colocar os professores em cada 7 anos lectivos, num ano de formação (sem dar aulas ou com horário reduzido) onde pudessem actualizar os seus conhecimentos nas disciplinas que leccionam (porque as coisas evoluem) e a familiarizar-se com novas técnicas de ensino e com as novas realidades sociológicas da classe estudantil?
Sem comentários:
Enviar um comentário