Exposição no Parlamento Europeu sobre João Paulo II
A exposição reflecte o contributo de João Paulo II para a unidade e o espírito europeu
Bruxelas. No edifício principal da sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas, inaugurou-se a 14 de Outubro uma exposição sobre João Paulo II, que destaca o seu contributo para a unidade e o espírito europeu. "As raízes comuns do espírito europeu. 30 anos depois da eleição de João Paulo II, 20 anos depois da sua visita ao Parlamento Europeu" é o título deste evento situado num espaço muito concorrido de passagem para os outros edifícios. A exposição tinha sido anunciada com grandes cartazes nas esquinas e colunas com uma grande fotografia de João Paulo II.
Assinado por Ana Gonzalo Castellanos Data: 8 Novembro 2008
Atractiva, muito bem planeada, a exposição apresenta grandes painéis com fotografias das visitas de João Paulo II a cada uma das 27 capitais europeias - visitou-as todas pelo menos uma vez - acompanhadas de textos em inglês e na língua em que o Papa as pronunciou, incluindo grego, sobre as raízes cristãs da Europa. Mais seis painéis traçam a vida e a obra dos padroeiros da Europa, S. Cirilo e Metódio, S. Bento de Núrsia, Santa Catarina de Sena, Santa Brígida da Suécia e Edith Stein. Vários painéis reproduzem recortes de jornais de todos os países europeus da época da eleição daquele Papa jovem e alegre. Em idiomas que ainda não estavam incluídos entre os da União Europeia como o letão, o polaco ou o checo, lê-se: "o lutador da liberdade", "o Papa da esperança"...
Nesse momento, 1978, muitos países que hoje fazem parte da União Europeia não existiam sequer como países independentes, ou estavam então muito longe de imaginar que fariam parte dela em tão curto espaço de tempo ou do papel que o Papa desempenharia para fazê-lo realidade. De facto, o Papa visitou muitos deles quando estavam ainda do outro lado da cortina de ferro.
Entre os organizadores da exposição contam-se vários parlamentares europeus, entre eles um dos seus vice-presidentes, Alan Bielan, e o presidente da Comissão dos Assuntos Externos, Jacek Saryusz-Wolski. O Comité honorário é composto por mais 16 euro-deputados, de várias nacionalidades.
Uma grande bandeirola rodeia e une os painéis na parte superior, mostrando a seguinte inscrição em latim e em grego: "Non erit Europa unitas donec ipsa spiritus quadem unitas fiet".
Visita ao Parlamento Europeu em 1988
A 11 de Outubro de 1988 João Paulo II dirigiu-se ao Parlamento Europeu reunido em sessão plenária em Estrasburgo, onde disse: "É meu dever sublinhar com força que se o substrato religioso e cristão deste continente tivesse ficado à margem do seu papel de inspirador da ética e da sua eficácia social, estaríamos a negar não somente toda a herança do passado, mas até a comprometer gravemente um futuro digno de cada homem europeu, crente ou não crente".
João Paulo II visitou nove vezes a sua Polónia natal, sete vezes França, cinco vezes Espanha, quatro vezes Portugal, três vezes a Áustria, a República Checa, a Alemanha e Eslováquia, duas vezes a Bélgica, Hungria, Malta, a Irlanda e a Eslovénia e uma vez a Bulgária, a Dinamarca, a Estónia, a Finlândia, o Reino Unido, a Grécia, a Letónia, a Lituânia, o Luxemburgo, a Holanda, a Roménia e a Suécia.
A exposição reflecte o contributo de João Paulo II ao espírito de unidade e solidariedade, ao espírito europeu e às suas raízes profundamente cristãs.
Eis aqui algumas citações compiladas nos painéis e no rico catálogo publicado por ocasião da exposição:
"Sei que sois fiéis à memória daqueles a quem chamais "pais da Europa", como Jean Monnet, Konrad Adenauer, Alcide De Gasperi, Robert Schuman. Tomarei deste último a concepção de uma intuição central dos fundadores: "Servir a humanidade por fim livre do ódio e do medo, uma humanidade que aprende de novo, após largas rupturas, a fraternidade cristã" (Discurso ao Conselho da Europa, Estrasburgo 8 de Outubro de 1988).
"A Europa tem necessidade de redescobrir e tornar-se consciente dos valores comuns que forjaram a sua identidade e que formam a sua memória histórica. O ponto fulcral da nossa comum herança europeia - religiosa, jurídica e cultural - é a singular e inalienável dignidade da pessoa humana" (Mensagem ao Presidente da Comissão dos Ministros do Conselho da Europa, 5 de Maio de 1999).
"A história do mundo é rica em civilizações perdidas e culturas brilhantes cujo esplendor há muito se extinguiu; enquanto que a cultura europeia se renovou e enriqueceu sem parar no diálogo, às vezes difícil e conflituoso, mas sempre fértil, com o Evangelho. Este diálogo é o fundamento da cultura europeia". "A política e a economia são certamente necessárias mas não suficientes para curar o homem europeu ferido que aparece frágil e vulnerável. A Europa não encontrará o equilíbrio e a força vitais se não se renova com as suas raízes profundas, as raízes cristãs. A Europa, como disse Goethe, fez-se peregrinando e o cristianismo é a sua língua materna" (Discurso aos estudiosos europeus no Simpósio pré-sinodal sobre : O cristianismo na Europa, 31 de Outubro de 1991).
No painel dedicado às cinco visitas que João Paulo II fez a Espanha recolhe-se a seguinte frase pronunciada no aeroporto de Quatro Ventos a 3 de Maio de 2003. "Ela (Maria) vos ensinará a não separar nunca a acção da contemplação, assim contribuireis melhor a fazer realidade um grande sonho: o nascimento da nova Europa do espírito. Uma Europa fiel às suas raízes cristãs, não fechada em si mesma mas sim aberta ao diálogo e à colaboração com os demais povos da Terra, uma Europa consciente de estar chamada a ser farol de civilização e estímulo de progresso para o mundo, decidida a juntar os seus esforços e a sua criatividade no serviço da paz e da solidariedade entre os povos"
Durante a inauguração da exposição, a 14 de Outubro, os organizadores recordaram que este espírito que deu vida à unidade europeia, e o contributo de João Paulo II para revitalizá-lo, não é só uma recordação do passado. Trata-se sobretudo de uma rica herança da qual a Europa se deve alimentar no futuro.
Ana Gonzalo Castellanos
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