Media: pedofilia ou hipocrisia?
Quando se fala em escândalos de pedofilia na Igreja Católica, e se tenta, de forma sub-reptícia, envolver o Papa, está-se a minar, voluntária ou involuntariamente, a autoridade moral da Igreja, a sua credibilidade, o seu relevo social, a sua respeitabilidade. Numa sociedade em que a falta de ordem, de disciplina, de respeito são cada vez mais generalizadas, os meios de comunicação social têm vindo a provocar na opinião pública, artificialmente, e de forma leviana, uma crescente desconfiança e até animosidade contra a Igreja Católica, instituição depositária da tradição milenar e da fé de centenas de milhões de crentes. Vamos pôr em causa tudo o que de benéfico fez a Igreja ao longo de séculos a pretexto de alguns erros graves cometidos por alguns dos seus membros ou dirigentes?
Quando cai uma aeronave - como sucedeu com o A330 da Air France em voo do Rio para Paris - não é normal deitar culpas ao transporte aéreo, às suas normas e aos seus procedimentos de segurança, muito menos colocar em causa os avançados sistemas das aeronaves ou os complexos protocolos do tráfego aéreo, fundamentais para o bom funcionamento do sistema. Simplesmente se investiga a existência de alguma falha técnica ou humana ocorrida aquando do acidente, sendo introduzidas, caso seja viável, melhorias nos procedimentos e nos sistemas de voo. Pôr em causa quase um século de experiência e evolução técnica da aviação por causa de um acidente?
O que se tem passado na comunicação social nacional e estrangeira, com a acusação recorrente de existência de pedofilia no seio da Igreja Católica, é intolerável. A Igreja Católica, tal como muitas outras confissões religiosas pelo mundo fora, dá um contributo precioso para a humanização e elevação moral das comunidades em que se insere, e também para a melhoria das condições de vida materiais das populações mais pobres e desfavorecidas por todo o mundo. Terá sido mera coincidência ser Madre Teresa de Calcutá uma religiosa católica? Ou terá sido apenas um acaso Timor independente ter dois prémios Nobel profundamente católicos, Ramos Horta e D. Ximenes Belo?
Jornalistas e apresentadores de televisão, em todo o mundo ocidental, falando normalmente com barriga bem cheia e contas bancárias generosamente abastecidas, acusam a Igreja de toda a sorte de crimes e ignomínias, de modo frívolo e irresponsável. A opinião pública deixa-se arrastar sem pensar. Sem qualquer preocupação de contraditório, e com total impunidade, fazem-se julgamentos sumários, sem qualquer rigor ou fundamentação. A venerável Igreja Católica, fundamental pilar da sociedade ocidental, que deveríamos preservar, proteger e apoiar, é ridicularizada e acusada sem qualquer justificação séria. O negócio chorudo das indemnizações judiciais espreita até, nalguns países, a oportunidade de exercer a sua rapina cega.
Aos fazedores de opinião que tanto apontam o dedo à Igreja Católica, nas mais diversas tribunas mediáticas, gostaríamos de fazer apenas duas ou três perguntas.
Perguntar-lhes, por exemplo, porque razão tanto se preocupam com alguns episódios de pedofilia de membros do clero, e nada se preocupam com algo tão terrível quanto o aborto? Não será o assassinato de uma criança um crime ainda mais hediondo que uma violação? Porque razão não condenam eles o sórdido negócio das clínicas para onde a sociedade empurra as mães a matarem os seus próprios filhos?
Perguntar-lhes, também, porque razão consideram eles, na maioria dos casos, a homossexualidade natural, senão mesmo louvável, quando muitas vezes nela estão envolvidos jovens de tenra idade ou jovens dependentes da droga? Porque razão fecham eles os olhos a tantos comportamentos desviantes?
Ou perguntar-lhes ainda porque razão não combatem eles a prostituição que grassa nas nossas cidades, e que campeia nos órgãos de informação, os mesmos em que trabalham e de onde lançam as suas diatribes moralizadoras, e onde essa prostituição é publicitada em páginas e páginas com profusas fotos de carne humana à venda (e de que idades?), traficada bem à vista de todo o público, com total complacência desses mesmos órgãos de imprensa.
Não sabem, não vêm, não percebem? Basta de hipocrisia.
1 comentário:
«Não será o assassinato de uma criança um crime ainda mais hediondo que uma violação?»
Saberemos responder a esta pergunta?
De uma coisa estamos certos: são ambos condenáveis e hediondos.
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