Textos desta semana da Rádio Costa D'Oiro
Semana de 6 a 12 de Abril
Rubrica “Algarve pela Vida” na Rádio Costa D'Oiro
Dia 6 de Abril, 3ª feira
Tema: Sexualidade responsável
A liberdade sexual, socialmente aceite a partir dos anos 60, vitoriosa com o Maio de 68, e gradualmente ampliada nos 40 anos seguintes sob todos os regimes político-partidários e contextos sociais, coloca também uma série de interrogações à sociedade actual.
Em concreto, pergunta-se: conseguiu essa liberdade sexual criar famílias mais estáveis e duráveis?
Conseguiu a liberdade sexual criar uma sociedade mais equilibrada, com menos violência por exemplo?
Conseguiu a liberdade sexual gerar solidariedade inter-geracional entre jovens, adultos e idosos que permita uma maior protecção na velhice?
Conseguiu a liberdade sexual erradicar a prostituição, ou a pedofilia, por exemplo?
Conseguiu esta sociedade um nível de natalidade saudável de forma a assegurar sangue novo na actividade económica e na vida comunitária?
Conseguiu esta sociedade gerar os excedentes necessários à garantia das pensões futuras?
A resposta é não, não e não. A sociedade actual tem mais violência doméstica, mais famílias desestruturadas, mais jovens drogados e alcoolizados, mais mulheres abandonadas e homens alienados, mais idosos marginalizados, mais crianças abusadas que antigamente;
É uma sociedade tem muito mais chagas sociais do que a sociedade disciplinada e tutelada em que se vivia há meio século atrás. As sociedades modernas têm, hoje, uma visão vincadamente material, estreita e atávica da vida sexual e na realidade, disponibilizam sexo a jovens e adultos, de forma fácil e rápida, a troco de nada. No passado, porém, a situação era diferente.
Em vez de afundar os jovens no facilitismo e no parasitismo, obrigava-se a tornarem-se primeiro socialmente válidos, úteis e responsáveis.
Nesse tempo, a sociedade sabia cobrar o seu preço pela satisfação da pulsão sexual e afectiva dos seus jovens, em vez de a fazer desperdiçar sem contrapartidas socialmente válidas, como acontece agora.
Ensinar os jovens a ser socialmente responsáveis na forma como encaram a sua própria sexualidade, eis um desafio de pais e professores.
Dia 7 de Abril, 4ª feira
São raras as estatísticas e notícias que não se ouçam sobre Portugal em que não se diga que estamos atrasados. Parece estarmos perpetuamente atrasados! O último estudo do Instituto Nacional de Estatística sobre a Educação em Portugal confirma, mais uma vez, esta triste realidade. E eis que leis e medidas avulsas pretendem elevar os níveis de literacia do país! Por muito boa que seja a ideia de elevar esses níveis, Portugal não pode resignar-se somente a legislar e a esperar que, de um momento para o outro, as crianças deste país aprendam, e até os pais delas que já não tinham aprendido.
Elevar os níveis de literacia implica pensar na melhor forma de qualificar todos, mas com qualidade. Ora, para isso, em Educação, é necessário que as crianças tenham um ambiente e métodos adequados para aprender e que, o Ministério da Educação, as famílias e os professores cumpram, cada um, com o seu dever. Não queiramos, por conveniência dos dados estatísticos, diminuir o grau de exigência dos cursos (como os profissionais) ou eliminar disciplinas basilares e que exigem muito trabalho (como a Literatura, o Latim, a Matemática ou a Física), ou, não daqui a muitos anos, no 12.º ano, andarão os professores a leccionar matérias que competiam a outros níveis de ensino.
Os números espelham a decadência do ensino em Portugal, mas reflectem apenas uma parte da nossa realidade. A qualidade e a exigência têm de ser restauradas. Se assim não for, em vez de 50 anos, ficaremos 100 ou mais atrasados.
Dia 8 de Abril, 5ª feira
Tema: Trabalhos de casa
Uma aluna queixava-se, muito recentemente, da discrepância entre o ensino no 3.º ciclo e no secundário. O 3.º ciclo era, segundo ela, muito mais facilitador, menos trabalhoso e menos exigente, de onde tinha resultado alguma frustração e falta de bases para a exigência que viria. A queixa não é filha única e leva-nos a pensar no que terá motivado tal desabafo.
São inúmeras as causas para as dificuldades com que os alunos se vão confrontando; uma delas é a falta de consolidação de conhecimentos.
Nada se aprende sem se compreender e treinar. Estas são duas exigências próprias da aprendizagem. Uma das formas de conseguir, pelo menos o treino, é a dos trabalhos de casa. Relegados para segundo plano durante algum tempo, convém reanalisar o que eles têm de bom que ajudem os estudantes a aprender e a saber melhor, desde os do 1.º ciclo até aos do ensino universitário. Aliás, a prática regular de trabalhos de casa, desde os primeiros anos de escolaridade, leva à interiorização de importantes hábitos de trabalho para toda a vida. São uma forma de aplicação, consolidação e revisão de conhecimentos e de treino que vão preparando, em tempo útil e pouco a pouco, os alunos para as diferentes matérias e para os momentos formais de avaliação.
Os trabalhos de casa são também uma forma de incutir disciplina, método, responsabilidade e de obrigar, desde cedo, cada um a gerir prioridades.
É importante alertar para o facto de que os trabalhos de casa procuram a autonomia de cada estudante, não devendo, por isso, ser feitos por outra pessoa que não ele (o que não invalida a ajuda), nem ser uma forma de intoxicação que não haja tempo, depois das aulas, para brincar e descontrair.
Dia 9 de Abril, 6ª feira
Tema: CPM – Centro de Preparação para o Matrimónio
O C.P.M., centro de preparação para o matrimónio, é um movimento confessional, mas aberto a todos os que o procurem frequentar. Tem como objectivo dedicar-se à preparação dos noivos para o casamento. Tem ainda como finalidade promover sessões com pedagogia e metodologia própria, baseadas na revisão de vida e testemunho vivencial (…), apoiados na reflexão e no diálogo conjugais.
O C.P.M. pretende ajudar os noivos a: preparar o seu matrimónio, reflectir sobre o seu noivado, dialogar sobre a validade das suas ideias e dos seus comportamentos, para, desta forma: validar as suas ideias e os seus comportamentos, principalmente através do testemunho de outros noivos e casais; fazer a aprendizagem de diálogo entre os dois; reflectir sobre situações que afectam a harmonia das relações entre os elementos do casal de modo a desenvolver atitudes de superação dessas situações; desenvolver atitudes e valores que desencorajem o recurso ao divórcio e ao aborto, contribuindo para a estabilidade da família; formar no âmbito do planeamento familiar, capacitando os novos casais no sentido de uma paternidade consciente e responsável.
Para casar e se formar família também é precisa formação e o C.P.M. é uma oportunidade para os noivos.
Podem ser consultadas mais informações em http://www.cpm-portugal.pt/.
Dia 12 de Abril, 2ª feira
Tema: Sentido da Vida
No cemitério municipal de Portimão jaz uma campa de um homem cuja pedra tumular se encontra totalmente despida de quaisquer referências ou datas. Apenas se diz a seguinte frase: “Um nome. Para quê ?”
A pergunta do “Para quê ?” é algo que nos assalta e, por vezes, incómoda não só quando somos confrontados com as consequências de catástrofes naturais, mas, sobretudo quando lidamos com as contingências do nosso dia a dia.
Para quê levantar-nos, de manhã, para ir para o trabalho ?
Para quê ter filhos ?
Para quê estudar e ter boas notas ?
Para quê subir na carreira e ganhar louros ?
Para quê casar ?
Em suma, para quê viver se tudo um dia se acaba num ápice ?
A sociedade moderna já há muito tempo que se deixou de interessar sequer pela resposta a estas perguntas.
“Se a vida é inútil, porque não aproveitá-la, ao máximo, com excessos e sem quaisquer limites?” - dizem ?
O poeta e escritor Sebastião da Gama tem um soneto intitulado “O segredo é amar” -é este o segredo.
É que a questão do sentido da vida pode estar errada.
A questão pode não ser o “Para quê “, mas sim o “como”
Não se trata de adquirir mais, fazer mais, alcançar mais, mas antes amar. Amar o filho que está no ventre. Amar o idoso a que já ninguém liga. Amar o doente que espera a morte. Amar o marido e amar a mulher. Amar os pais e amar os filhos. Amar o patrão e o empregado.
Tudo desaparece. Tudo se esvaí. Mas o amor fica.
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