domingo, 18 de abril de 2010

Os efeitos nefastos da pornografia


Entrevista ao Prof. Dr. João Eduardo Bastos Malheiro de Oliveira é Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


A pornografia e a intensa sensualidade presente na mídia impressa, TV e Internet podem ser associados a distúrbios na área da afetividade?

Evidentemente que, quando o impulso sexual é estimulado precocemente nos jovens e eles não têm ainda a fortaleza para lhes ajudar a dizer NÃO, nem a prudência para apontar-lhes a verdadeira finalidade desse impulso – fim procriativo e fim unitivo –, naturalmente a satisfação sexual estará associada a uma finalidade errada – o satisfação do próprio EU, tornando-os mais egocêntricas do que já são – e a um vício sem lógica, que a levará a querer sempre mais, muitas vezes, até à exaustão e a desordens aberrantes, como eram os vomitórios romanos. Isto vai acarretando no atrofiamento da vontade – a qual só se desenvolve quando a afetividade é direcionada para o OUTRO – e conseqüentemente tornando o jovem incapaz para o amor, a felicidade e para a experiência da verdadeira liberdade.
Uma sexualidade separada do amor traz a grande chaga do desamor: a incapacidade de se entregar a alguém, pois a pessoa simplesmente não desenvolveu essa potencialidade e essa linguagem na infância. Não entendendo a linguagem do amor, o sexo sempre será visto como fonte de mero prazer e, dentro deste contexto, fica fácil entender a explosão dos vários desvios afetivos que apareceram nos últimos anos na sociedade: homossexualismo, lesbianismo, etc., que não são nada mais do que buscas de prazer para si, dentro de um grande egoísmo mútuo.
Um último problema ligado à afetividade é que, quando o homem não é educado para o verdadeiro amor ou amor real, e se deixa iludir pelo mero amor sentimental, ele vai experimentando com o tempo um vazio existencial (Victor Frankl), pois nada o preenche.
Este vazio gera depois várias desarmonias psíquico-existenciais como ansiedade, depressão, angústia, pois a vida vai ficando sem sentido. Depois, esses sofrimentos são ainda ampliados com as diversas contrariedades e dificuldades que a vida traz consigo. Como essas pessoas não estão preparadas para enfrentá-las, porque são fracas, sofrem muito com os diversos fracassos profissionais, familiares e até religiosos. Falta-lhes a força de vontade que só tem quem alcançou a força do amor, um amor que conseguiu pular a barreira do egoísmo, deixando-o para trás, e olhando para o transcendente.
Em geral, aquelas pessoas vazias tornam-se, depois, uma autêntica cruz para os demais, pois suas fraquezas ou tristezas só são diminuídas quando conseguem fazer sofrer também aos que estão à sua volta.


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