quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Estudos sobre adopção e casais gay


Apesar da profissão de fé de que os filhos saem tão bem educados por casais heterossexuais ou por casais homossexuais, há aqui vários indícios (com estes estudos é difícil ter certezas, para um lado ou para outro) que contrariam a tese.

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Há também estudos que concluem que, se a orientação sexual de filhos de homossexuais não se diferencia da de filhos de heterossexuais, os filhos de mães lésbicas são mais propensos a explorar uma relação homossexual. Que os filhos de mães lésbicas sofrem mais de stress. Que os filhos de gays e lésbicas, perante os seus pares, sentem necessidade de manter segredo sobre a homossexualidade do pai ou mãe (intensificando-se nos casos de pais gay), o que pode contribuir para sentimentos de isolamento.
Há também neste documento omissões curiosas. Por exemplo: é referido que a adaptação das crianças filhas de mães heterossexuais resulta da saúde mental materna, e apresentam-se estudos que concluem que se passa o mesmo com os filhos de mães lésbicas; sendo esta boa saúde mental das mães tão importante para o desenvolvimento dos filhos, a APA não se questiona como pode suprir um casal gay esta ausência de uma mãe (preferencialmente saudável).
E não posso deixar de referir um estudo (The Value of Children to Gay and Heterossexual Fathers) que concluiu pela existência de gays que querem ter filhos sobretudo por razões de estatuto social. Infelizmente, e pela forma do que se ouve nesta discussão provindo do lóbi gay, não se pode deixar de desconfiar que o objectivo da adopção tem mais a ver com a imposição da aceitação total da homossexualidade do que com o interesse das crianças candidatas a adopção.
Sendo um casamento uma forma de organização familiar que se pretende duradouro, num contexto de adopção é também conveniente averiguar se o casal candidato a adoptar é estável. Ora, segundo se conclui neste
The Demographics of Same-Sex "Marriages" in Norway and Sweden, o risco de divórcio é significativamente superior nos casamentos com pessoas do mesmo sexo.
Concluindo: casos em que uma criança ou adolescente vai ter duas mães ou dois pais estão longe do ideal e de forma nenhuma estão testadas e estudadas. Claro que algo longe do ideal pode ser mais risonho do que uma situação que é sempre má - a de uma criança institucionalizada. No entanto, agora que se inicia a ofensiva para o acesso de casais homossexuais à adopção, convém ter bom senso e prudência e não transformar crianças vulneráveis em peões das engenharias sociais que a nossa esquerda tanto aprecia. Não é indiferente para uma criança ter oportunidade de viver com uma mãe e um pai ou ser adoptada por um casal homossexual. Se se começar por reconhecer isto - em vez de gritar 'homofobia' sempre que se ouvir reservas à adopção por casais gay e acenar com resultados científicos inexistentes - talvez a discussão seja mais séria, o resultado mais consensual e no melhor interesse das crianças (isto se também for esse o objectivo de quem reivindica 'o direito' à adopção).


Maria João Marques, in Cachimbo de Magritte

4 comentários:

João Soares disse...

O que dizer de filhos que vivem só com a mãe ou só com o pai digamos heterossesuais? O que dizer de filho vivendo no meio de irmãs? O que dizer de filha vivendo no meio irmãos? O que dizer de filhos vivendo em casa da tia solteira, avó viúva, avô viúvo, tio solteiro...porque os pais digamos heterossexuais morreram, têm problemas desviantes (drogas, etc) ou estão demasiado tempo ausentes???

Anónimo disse...

As dúvidas já tiveram resposta neste blogue, entre outros, neste "post": http://algarvepelavida.blogspot.com/2010/01/bastonario-da-ordem-dos-advogados-e-o.html,)e neste comentário:
«Eu próprio, desde os meus 10 anos vivi e fui educado apenas pela minha mãe.
Apesar de considerar que tive uma boa educação, não posso deixar de registar também as dificuldades que a minha mãe teve de enfrentar e as lacunhas que a ausência de um pai, quer se queira, quer não, tem sp na vida de um filho.»

MRC disse...

1- Uma criança pode estabelecer um vínculo apenas com uma mulher, como mãe, ou apenas com um homem como pai, sem disvirtuar a equivalência desta relação unilateral à filiação biológica na linha materna ou na linha paterna.
 
Na filiação biológica, a filiação pode não estar estabelecida quanto a um dos progenitores,  ou a criança pode apenas viver com um dos progenitores (em face do falecimento, do divórcio ou da separação dos pais).
 
 
2- Todavia, já não pode haver qualquer equivalência com a filiação biológica se a criança for obrigada a viver a ficção de que tem dois homens como pais ou duas mulheres como mães.
 
Esta limitação aplica-se também a possíveis situações de fraude à lei actual. Sabemos que há mulheres lésbicas ou homens homessexuais que tentam adoptar por via singular, quando coabitam com outra pessoa, porque lhes é vedada a adopção conjunta no regime das uniões de facto. Nesses casos, deve ser vedada essa adopção singular, por se pretender com esta obter aquilo que não seria possível obter através da adopção conjunta.
 

José Maria André disse...

Convém distinguir entre entregar a responsabilidade de uma criança a uma pessoa singular e a um casal.

Nalguns casos pouco frequentes justifica-se a entrega da criança a uma pessoa singular, sobretudo se há parentesco (um sobrinho ao cuidado do tio, um neto confiado à avó...).

Na maioria das situações, convém que a criança seja confiada a um casal que assumiu, entre si e perante a sociedade, o compromisso de partilhar a sua fecundidade.

O que nunca se justifica é entregar uma criança a um par onde não há paternidade e maternidade em comum. O par homossexual não tem analogia com um casal de marido e mulher e não oferece à criança aquele tipo de amor próprio de um pai e de uma mãe.

Por mais que a ideologia se esforce não consegue alterar a realidade de que dois homossexuais são dois «não-pais».

Dois «não-pais» nunca fazem um «pai e mãe».