Família: instituição mais valorizada da Europa
Carlos Pérez Testor é Doutor em Medicina, especialista em psiquiatria e atualmente é o diretor do Instituto Universitário de Saúde Mental Vidal i Barraquer da Universidade Ramon Llull.
Sobre como é possível criar correntes de opinião e de esperança sobre a família, Pérez afirma que "na maior parte de pesquisas européias sobre avaliação das instituições, a família é a instituição mais valorizada pelas pessoas, sem que apareçam diferenças significativas comparando as diversas faixas etárias".
"Dos mais jovens aos mais adultos, uma grande maioria valoriza a família como núcleo de coesão e espaço de crescimento. Poderíamos afirmar que atualmente a família goza de boa saúde."
"Eu comentava antes que a família é a instituição mais valorizada em geral em toda a Europa, mas existe uma grande diferença em como cada administração, cada Estado cuida da família e a protege", destaca.
"As políticas de proteção da família dos países do norte da Europa estão a anos-luz das políticas de proteção dos países do sul, onde as famílias recebem muito menos ajuda. Uma preocupação seria esta: insuficiência de políticas de proteção."
"Mas certamente teríamos de distinguir as nossas preocupações como profissionais que se dedicam à família, como a baixa natalidade, a vulnerabilidade do grupo familiar, o aumento do número de divórcios com o impacto psicossocial que provoca, etc., das preocupações do dia-a-dia das famílias: a conciliação trabalho-família, a educação dos filhos, o cuidado dos idosos e dependentes dentro do núcleo familiar, etc."
Segundo Pérez, "a evidente secularização da sociedade dificulta a visualização da dimensão espiritual do «dom» em grande parte das famílias européias, mas a dimensão de «gratidão» e de «generosidade», de «entrega» sem esperar receber nada em troca, aparece constantemente nas relações familiares".
Questionado sobre se corremos o risco de ser uma sociedade de indivíduos que não atendem seus semelhantes, Pérez responde acreditar que não. "E os atos de generosidade heróica que vemos ao nosso redor a cada dia nos levam a acreditar que não. O valor da solidariedade faz parte da nossa sociedade. Mas muitas vezes, lamentavelmente, esquecemos disso, sendo egoístas com nossos semelhantes".
"Por este motivo, a sociedade em geral e os responsáveis políticos em particular, têm o dever de trabalhar para o bem da família. Em maio de 2007, no Brasil, o Santo Padre dizia: «A família é insubstituível para a serenidade pessoal e para a educação dos filhos. As mães que querem dedicar-se plenamente à educação de seus filhos e ao serviço da família devem gozar das condições necessárias para poder fazê-lo, e para isso têm direito de contar com o apoio do Estado. (...) É indispensável também promover políticas familiares autênticas, que respondam aos direitos da família como sujeito social imprescindível. A família faz parte do bem dos povos e da humanidade inteira»."
"Se formos capazes de trabalhar em políticas universais de proteção da família, estaremos investindo no futuro da humanidade", afirma.
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