Portugueses desconhecem o que são cuidados paliativos
Mas à pergunta se mudaria de 'opinião sobre a eutanásia, "caso tivesse a certeza de que há cuidados médicos para minimizar a dor e o sofrimento?", 55% afirmam que sim. Este é um dado importante num país em que apenas 38% sabem o que são cuidados paliativos. E mesmo neste pequeno universo nem todos acertam no seu significado: para uns são cuidados destinados a idosos, para outros, a acamados. "Isto não é verdade. As doenças graves atingem todas as faixas etárias, crianças, jovens, adultos novos e velhos", lembra Isabel Galriça Neto, a mulher à frente da APCP e a mãe dos cuidados paliativos em Portugal.
"A morte é uma questão tabu na nossa sociedade, que tem como paradigmas a beleza e a felicidade. São ficções que agradam às pessoas", afirma Marcelo Rebelo de Sousa (luta há anos contra a discriminação dos doentes incuráveis) como explicação para o desconhecimento que os portugueses têm dos cuidados paliativos prestados a doentes terminais e em casos muito graves aos seus familiares por equipas de médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e voluntários. O objectivo é minorar o sofrimento e proporcionar dignidade e a máxima qualidade de vida possível.
"Há uma desatenção da sociedade portuguesa a estas questões", acrescenta Marcelo, que acredita mais num grupo social a fazer força pela generalização dos paliativos do que nos partidos. "O CDS não tem dado especial atenção à saúde. No PSD tem havido um vazio, mas espero que Manuela Ferreira Leite não resuma a sua política a questões económicas".
Hoje celebra-se o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, um serviço usufruído por apenas 10% dos portugueses. Cálculos da APCP estimam que haverá cerca de 60 mil pessoas a precisar de uma resposta à sua doença prolongada, incurável e progressiva. Que pode durar dias, semanas ou mesmo anos. A verdade é que existem apenas 15 unidades em todo o país preparadas para dar aquele tipo de assistência. No contributo que deu para o Programa Nacional de Cuidados Paliativos, a APCP chama a atenção para o facto de a versão do Executivo omitir a questão do financiamento. A contratação de profissionais para as equipas de cuidados paliativos nos hospitais e nos centros de saúde "não está garantida nem orçamentados" aqueles serviços, lê-se na contra-proposta apresentada pela associação.
"Não podemos garantir primeiro o direito à eutanásia e depois aos cuidados paliativos. Estes estão primeiro", defende Isabel Neto.
Notícia daqui.
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