A preferência pelo casamento continua vigente
A coabitação não substituiu o casamento e quase 80% dos que atravessam essa situação desejariam casar-se, segundo uma pesquisa realizada na Grã- Bretanha e que serviu de base a uma informação do think tank Civitas intitulado "Dúvidas sobre a família". A investigação revela que a preferência pelo casamento continua a vigorar e que o casamento é realmente " mais popular que nunca, com independência do sexo, das ideias políticas ou do estatuto económico", segundo afirma a sua autora, Anastasia de Waal, directora da instituição britânica.
Assinado por M. Ángeles Burguera Data: 25 Outubro 2008
De acordo com os dados recolhidos, sete em cada dez cidadãos ,entre os 25 e 35 anos, desejam casar-se e o principal motivo é estabelecer um compromisso estável. No entanto, esta preferência maioritária vê-se travada por circunstâncias económicas, especialmente entre pessoas com baixos níveis de rendimentos.
Com estes resultados, De Waal salienta a necessidade de modificar as políticas familiares actuais, que dão pouca atenção aos efeitos de desestruturação, como a pobreza dos lares monoparentais, e que não tomam medidas para modificar as causas que a provocam. "Conservadores e trabalhistas assumem que a pessoa que não se casa fá-lo simplesmente porque assim o decide", e não por outros motivos, como os económicos. Na sua opinião, a política mais progressista adquiriu uma posição neutral, potenciando a diversidade, sem dar importância ao tipo de família. A consequência é que cada vez se identifica mais a família pobre com o que os progressistas consideram "família moderna".
Maior risco de pobreza infantil
Segundo a informação do think tank Civitas, as políticas falham num dos objectivos principais: erradicar a pobreza infantil. Esta situação concentra-se nas famílias monoparentais, como resultado de situações de desemprego e de ruptura entre progenitores não casados. Os dados da pesquisa revelam que as crianças nascidas de uniões livres têm o dobro de possibilidades de ver a separação de seus pais em relação aos nascidos de pais casados. Assim, o estudo assinala que 70% dos filhos nascidos no casamento vivem com ambos os progenitores até aos 16 anos, percentagem que se reduz a 36% entre os nascidos de pais não casados.
De Waal sugere também que tudo o que possa contribuir para dar estabilidade no emprego fortalecerá a família, dado que há maior tendência a separarem-se ou a conviverem entre as pessoas de menos rendimentos ou com falta de trabalho. Na mesma linha , propõe potenciar o cuidado compartilhado dos filhos e estabelecer ajudas para que os progenitores assumam as responsabilidades adquiridas perante os descendentes. "A ênfase política que se põe nas mulheres deveria passar a favorecer a paridade de responsabilidades. Seria muito útil que as políticas familiares incluíssem os homens, começando desde o cuidado dos filhos, para que, inclusive, quando a relação entre os adultos termine, a responsabilidade para com os filhos permaneça". A informação constata, além do mais, que há muita pobreza ligada à tendência, entre os pais separados, a deixar de pagar as pensões que lhes correspondem.
A necessidade de aprovar medidas políticas que favoreçam o casamento viu-se reforçada recentemente com os resultados de outra investigação da Universidade de Essex, que analisa as consequências negativas, a longo prazo, para as crianças que cresçam só com um dos seus progenitores. "Os filhos de famílias monoparentais têm menor rendimento escolar, menos possibilidades de conseguir bons empregos e sofrem mais problemas de saúde", assegura o professor responsável da informação, John Ermisch. O estudo oferece alguns dados, classificados como "preocupantes", sobre o crescimento do número de nascimentos fora do casamento: a proporção alcançou 44% do total em 2006, perante os 9% registados em 1975.
M. Ángeles Burguera
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