domingo, 2 de março de 2008
Título: Estrelas que Voam para os Céus (2.ª edição)
Autor: Joaquim Santos
“ESTRELAS QUE VOAM PARA O CÉUS”
TESTEMUNHOS DE QUEM PERDE UM FILHO
São mais de cem, as “estrelas” que dão o título ao livro. Cada uma deixou um vazio impossível de preencher, mas também uma marca no mundo, agora perpetuada em forma de livro. “Estrelas que Voam para os Céus” é um conjunto de testemunhos de pais que perderam os seus filhos. As histórias têm um final triste, mas também uma mensagem de esperança. O livro foi lançado no dia 28 de Novembro e pretende ser um apoio a pais e famílias que passaram por esta dramática situação. As receitas revertem a favor da associação "A Nossa Âncora", a única que em Portugal dá apoio aos pais em luto.
A ideia de compilar em livro algumas das histórias, tão diferentes e tão semelhantes, que diariamente chegam à associação "A Nossa Âncora", partiu do amor incondicional à minha filha, Eduarda de Sempre, um pulsar e a motivação para criar esta obra.
O desafio foi lançado aos associados de "A Nossa Âncora" e, no total, 114 testemunhos foram recebidos e integrados no livro que é agora lançado. “O facto de perceber que existem muitos pais que assistem à ordem anti-natura de verem os seus filhos tornarem-se “estrelas” foi o mote para reunir muitos testemunhos de vida que marcam pelas múltiplas experiências dolorosas”.
O livro “conduz o leitor a “mergulhar” numa realidade inalterável”. No entanto, “pela multiplicidade de situações que ali encontramos, qualquer cidadão que o leia ficará mais preparado para a vida”, reforçando ainda a importância que uma obra deste género assume junto dos pais que “fazem tudo para continuarem a existência dos seus filhos, homenageando-os”.
Para além dos testemunhos de famílias que perderam os seus filhos, “Estrelas que Voam para os Céus” integra ainda algumas reflexões que procuram dar resposta à pergunta feita por muitos pais em luto: “porquê eu?”.
Reflexões que demonstram a visão da Psicologia e, por outro lado, as explicações à luz da teologia no que respeita à partida precoce dos filhos. Uma perspectiva abrangente que, de resto, retrata um pouco o que se faz diariamente na associação "A Nossa Âncora", a única em Portugal a dar apoio a pais em luto.
“Vou inflamar a imaginação humana e falar sobre a pessoa que mais amo nesta vida e também acerca de um lugar sagrado que todos os seres vivos sabem que existe mas onde ainda ninguém foi. É lá que já se encontra a minha querida filha Eduarda Santos, desde o dia 18 de Maio de 2006.... ela partiu deste mundo, da sua parte terrena, voando para o cimo celestial. Na rede da vida existem mistérios por desvendar. Infelizmente nem eu, nem ninguém, sabe ao certo o que existe para lá da existência terrena. Não queremos que os que mais amamos efectuem essa passagem. Desejamos que fiquem connosco. Mas, na verdade, a partida de muitas pessoas para a liberdade do céu, para a “terra” da abundância, acontece a todos os seres que percorrem a vida.Acontece-nos mais cedo ou mais tarde. Foi assim com a minha querida Eduarda, quando somava apenas 5 aninhos.Mas sei que irá haver noutra dimensão um ponto de encontro. Nessa ocasião, renascerão quantidades de alegria inesgotáveis e tudo o que parece perdido neste momento estará amplamente ganho. Perante a minha impotência, a minha tristeza, mágoa e dor, deixo uma pergunta a todos os que estejam a ler este texto dedicado à minha filhinha. Para quê disputas ilógicas neste mundo passageiro?
Percebo, entendo agora muito mais, que a vida tem um valor perene. Que num determinado momento, somos transportados para a abundância e abrigo do Céu. Para um lugar divino.Confesso que tudo parece ter ficado imóvel e silencioso sem a presença da minha Eduarda. Mas os muitos momentos bons e a esperança de que quando Deus quiser, seremos igualmente convidados a efectuar uma aproximação ao seu mundo. Conforta-me que quando chegarmos, ela estará de braços abertos para nos acolher e com o seu sorriso, o mais lindo que conheci.Eduarda, agora, olho para o Céu, onde tu estás, e sei que todas as estrelas que avisto são enviadas por ti, para iluminarem o coração da mamã e do papá.
E que os nossos dias vão adquirindo mais cor, porque tu, com a tua magia e varinha de fada que tanto gostavas de usar, tornas todos os momentos infinitamente coloridos.Aqui, neste espaço terrestre, sei que foste feliz. Isso também me conforta. Por isso, já sinto os teus voos rasantes a orientarem os nossos caminhos e, com o teu jeitinho especial, tens convertido o que parecia impossível na confirmação de uma felicidade, que gradualmente vai tomando lugar em nós que por cá ficámos.Quando me levanto, pergunto o que vou e para quem fazer? Qual a motivação? Mas a convicção de que estarás bem, ajuda-me a mim e à tua mãe a recuperar do irrecuperável. Antes éramos nós que tomávamos conta de ti. Presentemente tenho a certeza absoluta que és tu a tomares conta de nós.
Neste momento, os dias e as noites parecem mais longos e difíceis. Tomamos aqueles químicos que nos ajudam a descansar e a encarar a vida. Mas nada alivia a tua falta, a saudade de ti. Mas, meu Deus, que bom saber que estás bem. Que te encontras em segurança e desfrutas lá de cima de uma visão espectacular. Protege-nos. Eduarda Santos, és a nossa Alma Peregrina.”
Extractos do artigo “Eduarda de todos os tempos”
Blogue de Joaquim Santos
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