Educação para a afectividade e a sexualidade: o exemplo do padre Wojtlyla
Uma palavra de critica para a organização diocesana da Igreja Católica portuguesa em matéria de educação para a afectividade e para o amor humano.
Durante o referendo muitos foram os católicos (incluindo praticantes) que afirmaram ir votar no sim. Eu próprio testemunhei isso inclusive junto de católicos com responsabilidades nas suas paróquias.
Após o referendo, a Conferência Episcopal Portuguesa declarou que iria retirar as conclusões devidas, sobretudo no que diz respeito ao reforço da formação dos seus membros.
Ao fim de cerca de 10 meses o que se vê? Nada.
Não vale a pena enfiar a cabeça da avestruz dentro do buraco.
Não se conhecem iniciativas em matéria de formação para a afectividade e para o amor humano, para além dos chamados CPM's (Cursos de Preparação para o Matrimónio) que já existiam.
Seria importante relembrar o exemplo do padre Karol Wojtyla que, durante as suas catequeses e inclusive durante as excursões que fazia pelo campo com os seus jovens abordava sempre a questão da educação sexual e da afectividade.
É difícil dizer-se contra o aborto e depois nada (ou pouco) fazer para promover uma maior educação e formação dos jovens, dos pais e adultos em geral nesta matéria.
O que vemos só são associações privadas como o CENOFA, Movimento da Defesa da Vida, entre outras, a remar contra a maré...
Por cá, pouco ou nada se faz. O assunto continua a ser tabu e, inclusive, nas próprias homilias dominicais é muito raro a abordagem do tema.
Depois queixemo-nos...
3 comentários:
A Igreja tem o que merece. Mas alguém tem dúvidas disso?
O apoio directo ou indirecto da Igreja Católica à campanha do "não" no último referendo, aliás, à semelhança de algumas Igrejas Evangélicas, foi excelente.
O que eu critico é a ausência de uma aposta na formação na área da afectividade e da educação sexual por parte da Igreja diocesana, ao contrário do que outros, como o Padre Wojtlya, fizeram.
Porém, nem eu, nem concerteza o caro anónimo seremos isentos de defeitos ou falhas e a Igreja Católica, enquanto organização humana, sendo constituída por homens e mulheres iguais a nós tão pouco será imaculada.
Como católico, porém, não posso deixar de reconhecer que, apesar da minha critica, o balanço da acção da Igreja, sobretudo na área do apoio à mulher grávida em dificuldade, é claramente positivo.
O apoio directo ou indirecto da Igreja Católica à campanha do "não" não foi excelente, foi somente "o que se pôde fazer".
Algumas pessoas com mais responsabilidade tiveram, de facto, uma posição notável, mas outras nem tanto. Porquê discursos velhos e penalizadores como "todos os que votarem «sim» serão excomungados"? Onde se pretende chegar com uma linguagem como esta?
Sem sombra de dúvida que é de condenar "a ausência de uma aposta na formação na área da afectividade e da educação sexual". E é aí que a Igreja tem falhado redondamente (não só, mas também!). As aulas de Educação Moral falham pela abordagem ligeira do tema e as catequeses, apesar de todas as mudanças, não passam do que sempre passaram. Os adultos não acreditam no que a Igreja apregoa, mais por pura ignorância que por crença. É falar com pessoas que andaram pelas portas das igrejas a pedir assinaturas contra o aborto e ver quantas (a grande parte!) diziam que não queriam assinar.
Chegou-se ao estado em que estamos, se é que não chegaremos a pior, porque a(s) Igreja(s)não perspectivam, não dialogam, não cooperam nos pontos que têm em comum, não (re)inventam as formas de nova comunicação, não formam. Às vezes parecem acéfalas...
Conheço pessoas que há 20 anos atrás defendiam que as catequeses deveriam integrar Educação Sexual, assim como deveria de haver formação/escola de pais. Foram troçados até à medula. E continuou-se a discutir a mesmice de sempre, sem questionar práticas evangélicas e pedagógicas nos meios educativos religiosos. Assim, perderam peso e credibilidade, como continuarão a perder. É preciso inovar, lançar-se para a frente em vez de andar sempre a reboque.
(E há mais. A CENOFA e o MDV têm bons programas, mas não se dão a conhecer como deviam. Tenho pena que assim seja...)
A Igreja não ousa como devia. Pois é: tem medo! (De quê???)
Mas, MRC, não estava a criticar, com o intuito de menosprezar tudo o que é feito. Aprecio o trabalho de muita gente, na Igreja Católica, porém a desilusão é maior, sobretudo quando deste lado se questiona e tenta fazer algo de diferente e novo, e simplesmente se apanha desilusões...
Continuo a dizer: a Igreja Católica tem o que merece.
Quanto ao apoio à mulher, não tenho dúvidas, a(s) Igreja(s) pode(m) fazer muito mais e melhor.
Enviar um comentário