sábado, 29 de dezembro de 2007

Em defesa da Vida


Resumo: Não parece estranho que na época mesma em que surgem as justas revoltas contra discriminações de toda ordem – cor, raça, preferência sexual, credo – e a defesa das espécies animais em risco de extinção, seja defendida a cruel discriminação dos não-nascidos?



“Lamentavelmente vivemos num tempo em que algumas pessoas não valorizam todas as formas humanas de vida. Elas querem selecionar e escolher quais indivíduos têm valor. Não podemos diminuir o valor de uma categoria de vida humana – os não-nascidos – sem diminuir o valor de toda a vida humana. Notei que todos os que defendem o aborto já nasceram”.


RONALD WILSON REAGAN


Com sua forma característica de grande comunicador, Reagan fazia citações que estimulam e devem ser aprofundadas. É claro que para defender o aborto é preciso não ter sido abortado. Jamais saberemos a opinião dos milhões que foram arrancados das barrigas de suas mães e jogados no lixo ou incinerados. Embora possa parecer um truísmo, não o é no sentido de que podemos perguntar aos defensores do aborto sua opinião a respeito de se concordariam que seus pais os tivessem abortado. Ou se aceitariam a sugestão de Olavo de Carvalho do Auto-Aborto Voluntário Retroativo (A.A.V.R.). Será que algum, sinceramente, preferiria que seus pais o tivessem abortado? Ou estaria disposto a fazê-lo agora para dar força a seus argumentos?


Possivelmente não, pois são pessoas que se consideram acima do bem e do mal e benfeitores da humanidade por defenderem “os direitos da mulher sobre o próprio corpo”. Observam e julgam a Humanidade “de fora”, como se dela não fizessem parte.


Não parece estranho que na época mesma em que surgem as justas revoltas contra discriminações de toda ordem – cor, raça, preferência sexual, credo – e a defesa das espécies animais em risco de extinção, seja defendida esta cruel discriminação dos não-nascidos? Ou no dizer de uma jovem grávida chamada Victoria (citada por Reagan em Abortion and the Conscience of the Nation na Human Life Review em 1983): “Nesta sociedade salvamos baleias, lobos da floresta e águias e até mesmo garrafas de Coca-Cola. No entanto, todo mundo queria que eu jogasse meu bebê no lixo”.


Pois se é verdade que a Humanidade convive com o aborto desde o início dos tempos, é verdade também que só na segunda metade do século passado esta modalidade de genocídio passou a contar com instituições ricas e bem organizadas a defendê-la. Antes se praticava o aborto às escondidas ou às claras, mas tratava-se de uma questão individual. Havia leis regulamentando o aborto que variavam de país para país, mas só recentemente o tema tornou-se “um grave problemas de saúde pública”.


Não vou tratar aqui o assunto em suas várias facetas, nem mesmo as questões biológicas e embriológicas envolvidas de quando começa a existência humana. Minhas opiniões a respeito podem ser encontradas em "Quando começa a vida?" e serão desenvolvidas mais profundamente após estudo mais acurado de embriologia. Abordarei um aspecto específico da questão.


É muito fácil ser a favor do aborto: basta assinar manifestos e propor leis, sem o ônus de ter que realizar o ato de enfiar um instrumento no útero de uma mulher e estraçalhar o feto que lá se encontra, ou aspirá-lo aos pedaços. Fossem obrigados a ter esta experiência pessoalmente, muitos que são favoráveis ao aborto, mas possuem sentimentos de empatia com o “objeto” de seu ato, deixariam de sê-lo. É muito comum dizer-se que este é um argumento das esquerdas quando na verdade enquanto estas defendem abertamente o aborto os liberais e libertários o fazem, freqüentemente, na surdina. O argumento destes, que já tive que enfrentar em diversas discussões, é o de que cada um tem direito de fazer o que bem entende com o próprio corpo e as autoridades não devem interferir em sua soberana vontade. É claro que os que possuem alguma inteligência sabem que não estamos lidando com um corpo neste caso, mas dois – ou mais! E escondem maliciosamente este fato, pois ao não fazer, terão que enfrentar o argumento de que o feto também tem direito ao seu corpo e enquanto não nascer e tiver discernimento alguém deve defender seus direitos em seu nome. Escolhi propositadamente citações de Ronald Reagan por este ser considerado um dos maiores Presidentes liberais da história americana e, portanto, insuspeito de simpatias esquerdistas.


Da mesma forma é fácil ser contra o aborto somente assinado manifestos e propondo leis. Para as mulheres de posses tanto faz o que se resolva já que continuarão, se o desejarem, abortando em luxuosas clínicas e, caso optem por criar seus filhos será com todo o conforto, em boas escolas, com planos de saúde de primeiro mundo. O problema reside exatamente nas moças pobres, solteiras, estupradas, abandonadas pelo pai dos filhos – se é que sabem de quem se trata – e até por famílias que exigem o aborto para evitar a “vergonha” de ter filhas mães solteiras. Apenas ser contra o aborto e deixá-las ao léu, além de ser desumano, fornece munição aos defensores do aborto que usam exatamente este argumento para defender seus pontos de vista “sociais”. Este é um dos fortes argumentos a favor do aborto: apelar para a “caridade” quando falam das condições precárias de vida que estas crianças terão, quantas sobreviverão. Recuso-me terminantemente a sequer discutir a afirmação de uma autoridade de que “a aprovação do aborto é necessária, pois os ventres das mulheres faveladas são verdadeiras fábricas de bandidos”!


Pois há algo sim a ser feito, e não pelo onipresente governo. A menina Victoria, citada acima foi acolhida pelo grupo Save-a-Life, de Dallas, Texas. Outros grupos citados por Reagan já naquela época eram a House of His Creation, de Catesville, Pennsylvania, e a Rossow Family, de Ellington, Connecticut. Pois recentemente tomei conhecimento de que bem perto de nós um grupo abnegado e esforçado de mulheres tem desenvolvido a atividade de acolher moças nessas condições precárias que, não obstante, preferem ter seus filhos.


A Associação Nacional Mulheres pela Vida, sob a orientação espiritual do Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz da Associação Pró-Vida de Anápolis, vem prestando assistência a gestantes “que chegaram a tentar abortar o filho num momento de extremo desespero, abandono, pobreza extrema, crítica, medo, enfim...” na cidade de Nilópolis, região Metropolitana do Rio de Janeiro. Há 16 anos a Presidente da Associação, Sra. Doris Hipólito Pires começou a acolher estas mulheres/meninas grávidas em sua própria casa “em virtude da falta de uma casa de amparo maternal, que oferecesse um serviço para este fim”. Com o crescimento do número de pessoas a ajudar já foi possível alugar uma pequena casa. Atualmente acompanham 27 gestantes extremamente sofridas. Além de refeições possuem uma oficina onde são confeccionadas as roupinhas de pagão desmanchando as blusas de malha que são doadas quando falta malha. Há falta de fraldas e demais peças de enxoval para os bebês que nascerão. Além disto, alimentos não perecíveis são necessários. Também roupas de cama, mesa e banho, pratos, talheres, e copos ou canecas de plástico.


A Associação conta com a ajuda de outros grupos pró-vida, como o Movimento Arquidiocesano em Defesa da Vida do Rio de Janeiro, mas toda ajuda será muito bem recebida. Diz D. Doris: "Muitos pensam que pelo fato de sermos uma Associação recebemos recursos externos. Podemos afirmar que não recebemos recursos municipais, nem estaduais nem federais".
Proclamação da Emancipação da Criança Ainda Não-Nascida

EU, RONALD REAGAN, Presidente dos Estados Unidos da América, investido da autoridade que me confere a Constituição e as Leis dos Estados Unidos, proclamo por meio desta a condição inalienável de pessoa de todos os Americanos do momento da concepção até a morte natural, e proclamo, decreto e declaro que defenderei que a Constituição e as Leis dos Estados Unidos sejam fielmente executadas para a proteção das crianças ainda não nascidas. Por este ato, que sinceramente acredito ser um ato de Justiça garantido pela Constituição, invoco o julgamento da Humanidade e a Graça de Deus Todo-Poderoso. Proclamo ainda o Domingo, 17 de Janeiro de 1988 o Dia da Vida Humana Sagrada. Conclamo o povo desta terra abençoada para se reunir naquele dia em suas casas e Templos para dar graças ao dom da vida que desfrutam e reafirmar seu compromisso com a dignidade de cada ser humano e a santidade de toda vida humana.
THE WHITE HOUSE
14 DE JANEIRO DE 1988

Texto de Heitor De Paola, daqui.

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