Militante socialista abandona partido após lei sobre aborto
– Quais foram as razões que a levaram a deixar o partido que você ajudou a fundar e no qual levava 33 anos como militante?
– Mercedes Aroz: Quando me retirei da política ativa em 2007, com a renúncia a ostentar todo cargo de representação ao finalizar meu compromisso de senadora por Barcelona, mantive a afiliação ao Partido Socialista e agora dei o passo de dar baixa do partido.
Não foi fácil, pois foram 33 anos de militância e participação ativa no projeto socialista.
É uma decisão vinculada à nova regulação do aborto na Espanha, impulsionada pelo governo, que supõe sua despenalização, e que me levou a romper o último laço que me unia ao socialismo.
Minha discrepância com as políticas do socialismo radical do governo e do Partido Socialista é completa, desde a ética cristã e a defesa dos direitos humanos.
Escrevi uma carta ao Primeiro Secretário, com uma breve reflexão sobre esta questão, a questão do aborto como vulnerabilidade dos direitos humanos, pois à luz dos atuais conhecimentos científicos, que nos dizem que desde a concepção existe um ser humano com sua identidade genética própria que manterá por toda sua vida, o aborto atenta contra o ser humano no primeiro estágio de sua vida.
É, portanto, algo mais que uma questão de consciência moral: vai contra os direitos humanos, o primeiro dos quais é o direito à vida.
O ser humano deve ser protegido juridicamente, com independência da fase na qual se encontre; é uma questão de ética e de civilização.
Por isso, desde uma posição progressista,é preciso defender a revisão de legislações existentes em diferentes países que provêm do século passado – quando os conhecimentos científicos não eram tão evidentes –, que não garantem efetivamente este direito do ser humano desde sua concepção.
Esta garantia é imprescindível para avançar no verdadeiro progresso humano. As gerações futuras nos julgarão sobre isso.
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