No Algarve, crescer criança alerta para perigos da internet
10 por cento das crianças são abusadas sexualmentePJ alerta pais para perigos da InternetNo Algarve, assim como no resto do País, existem vários casos de crianças com 12 anos, filmadas em situações mais íntimas, cujos vídeos circulam na internet.A maioria deles foram efectuados a partir de telemóvel. Este é apenas um dos meios mais utilizados para realizar e divulgar pornografia infantil. As novas tecnologias de comunicação vieram lançar uma nova exposição das crianças à escala mundial. O MSN (troca de mensagens instantâneas), o Hi5 (plataforma para colocação de fotografias na internet) e os telemóveis são alguns dos meios utilizados para a propagação de conteúdos sobre crianças. Os perigos encontram- se presentes em salas de conversação nos canais de IRC, programas de mensagens instantâneas, grupos na Internet e exposição da privacidade, HI5,Yahoo,Fotologs e Youtube. “Através do Hi5 conseguimos saber imensos dados sobre as pessoas e até a sua localização. As pessoas expõem-se muito e as crianças ainda mais: acabam por aceitar todos os que solicitam a sua «amizade» para aumentarem o seu índice de popularidade”, explica Ricardo Valadas. Em Dezembro de 2006, existiam 70 milhões de páginas electrónicas com conteúdos pornográficos. A primeira visualização de pornografia ocorre, em média, aos 11 anos de idade e uma em cada dez conversas estabelecidas através com crianças na Internet resulta num contacto pessoal. Os dados foram divulgados pelo inspector da Polícia Judiciária, Ricardo Valadas, durante o seminário «Crescer Criança», realizado no Cine-Teatro de S. Brás de Alportel, na quinta-feira. Responsável pelo projecto de prevenção «Anjos com Guarda», alerta para a necessidade de se encarar este problema com seriedade, mas sem entrar em “pânico”. Para os pais é importante acompanhar a utilização da Internet efectuada pelas crianças e tentar perceber qual a utilização dada aos computadores. “Muitas vezes, em programas de descarga de ficheiros da Internet, estes até podem ter o nome de Floribela ou Barbie, mas depois quando a criança vai abrir o ficheiro aparece um filme pornográfi- co, introduzido com esse nome para conseguirem chegar às crianças”, assegura. Ao descarregar vídeos e músicas, o computador estabelece uma comunicação directa com outro computador portador desse conteúdo. Durante essa comunicação bilateral, bastam 30 segundos para o fornecedor do conteúdo entrar no outro PC e copiar fotografias e vídeos. Nas salas de conversação os perigos aumentam. “Os predadores sexuais sabem como é fácil arranjar informação, até com perguntas bastante simples”, garante. Fazem-se passar por crianças da mesma idade e fingem desejar apenas uma amizade. “Ninguém está seis meses a falar com alguém para ir tomar café ao jardim”, garante o inspector. As novas tecnologias vieram revolucionar a comunicação e abriram portas para o mundo exterior. A Internet, criada durante a Guerra-Fria com objectivo de estabelecer a comunicação entre dois computadores, permite hoje a comunicação com milhões de pessoas, num mundo que tem pouco de “virtual”. “Os conteúdos que circulam na rede não são virtuais. Cada criança que se encontra naquelas fotografias e vídeos é bem real e provavelmente já foi abusada sexualmente”, explica referindo-se aos conteúdos pornográficos infantis. Esta nova realidade veio alterar as preocupações de polícias, pais e psicólogos. No entanto, a pedofilia – acto sexual com crianças ou adolescentes contra a vontade destes – continua, em 80 por cento dos casos, a ser perpetrada por pai, padrasto ou parentes próximos da criança. A partir de 2003, o País assiste a uma divulgação maciça dos casos de abuso sexual de menores. De acordo com um estudo realizado em Portugal, uma em cada quatro raparigas e um em cada cinco rapazes são vítimas de abuso sexual e 50 por cento dos abusos ocorrem entre os cinco e os 11 anos. “Sem esquecer as crianças como a Fátima Letícia, que foi abusada com 50 dias pelo próprio pai”, refere o psicólogo Agostinho Grelha.
Sem comentários:
Enviar um comentário