sábado, 21 de janeiro de 2012

OMS regista aumento dos casos de abortos clandestinos

A Organização Mundial de Saúde (OMS) está preocupada com o aumento do número de casos de abortos clandestinos à escala global. O problema é particularmente sentido na América do Sul.

O editor da revista The Lancet encara como altamente perturbadores os números publicados esta quinta-feira pela revista, que dão conta de um aumento de cinco por cento nos abortos clandestinos, sobretudo nos países em vias de desenvolvimento. Os dados referem-se a 13 anos, de 1995 para 2008.

A OMS disse que a taxa de aborto até desceu, mas as interrupções de gravidez sem assistência clínica, ou seja, clandestinas e inseguras, aumentaram de 44 para 49 por cento e 220 em cada cem mil mulheres acabaram mesmo por morrer, sobretudo no continente africano.

O maior número de abortos ilegais é registado na América Latina, seguida de perto pelas regiões africana e asiática.

Na Europa, há uma grande diferença entre os países ocidentais e a Europa de Leste, sendo a taxa de abortos no Leste quase quatro vezes mais alta.

Os investigadores da OMS lembram que o risco de morte é quase nulo se o aborto for feito em condições.

O director executivo da Associação para o Planeamento da Família considerou que estes dados são «preocupantes», porque revelam que «continuam a morrer algumas centenas de milhar de mulheres por causa do aborto clandestino».

Na opinião de Duarte Vilar, a situação de «crise global» pode traduzir-se, incluído em Portugal, numa «diminuição do acesso à contracepção e à educação para a saúde e educação sexual».

A situação melhorou em Portugal com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, mas Duarte Vilar alertou para aquilo que pode resultar da reformulação da educação sexual.

«Nós temos receios de que esta nova reorganização curricular que está em curso possa eventualmente ter impactos negativos, quer em termos de educação sexual nas escolas, quer em termos da educação para a saúde nas escolas como um todo. Se isso acontecer, Portugal está a ir ao contrário da tendência europeia», avisou.

Daqui.


Esperemos que a intenção de notícias como estas não seja a de incentivar a legalização do aborto, pura e simplesmente. É que o problema não está só no facto de o aborto ser clandestino (que não quer dizer sempre ser feito no país e "sem condições"). Legalizado ou não, o aborto tende sempre a ser praticado porque "considerado bom"... O ditado é velho: quem semeia ventos, colhe tempestades. O aborto continuará a existir... se considerarmos que é um recurso e uma legitimidade moral...

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