sábado, 28 de janeiro de 2012

O que é o casamento, segundo a ICAR ?


Uma parte significativa dos casamentos celebrados em Portugal, são-no sob a forma religiosa, e em particular, sob a forma de casamento católico.

Infelizmente também, uma parte significativa dos casamentos católicos são celebrados sem que os nubentes tenham efectivamente uma verdadeira percepção do seu significado e isso, muitas vezes, resulta em crises matrimoniais, quando não mesmo divórcios.

No caso do casamento católico latino, ele exprime-se através de um sacramento que é um sinal exterior no qual o ministro que o confere NÃO É O SACERDOTE, mas sim OS PRÓPRIOS CÔNJUGES (Ponto 1623 do Catecismo da Igreja Católica).

Ora, o facto de serem os próprios cônjuges os autores e sacerdotes do seu próprio sacramento tem consequências práticas no dia-a-dia muito importantes.

Senão vejamos:

Cardeal Ratzinger, hoje Bento XVI, diz o seguinte o que constitui o matrimônio é o amor pessoal dos cônjuges”, é o sinal do que foi prometido no altar. Mesmo porque “o rito é realizado uma só vez, no entanto o sacramento realiza-se no dia-a-dia, em cada momento da existência conjugal, em cada gesto de doação, de entrega, de modo especial no ato conjugal que é a mais intensa expressão do dom mutuo” (Fr. Raniero Cantalamessa, ofm, cap. apud revista “Orar” nº 32,Out-Dez, 2003, pág. 54).

Daí que se trata de um sacramento que não se esgota num acto, praticado algures atrás no tempo, no dia do casamento. Antes é algo de permanente, porquanto “permanece com eles” toda a vida, como ensinou o Vaticano II, seguindo o que Pio XI ensinara na “Casti Conubii” (nº 68; GS 48/351; Cat. Ig. Cat. 1642).
"Ora, o amor conjugal não é algo abstrato, puramente teórico, sem concretude.
Ao contrario é bem definido, bem particularizado, manifestando-se através de palavras, gestos e atos amorosos.
E cada palavra de carinho, gesto de apreço, ato de dedicação e entrega é manifestação do amor que une marido e mulher
" (Cfr. "Coerência com a arte do Matrimónio. Grupos de Estudo sobre a Espiritualidade Conjugal).
Portanto, o casamento concretiza-se, o sacramento realiza-se no dia a dia, em cada momento, em cada segundo de vida a 2.
Por isso, o argumento de que um casamento acaba quando acaba o amor, resulta desde logo de um ponto de partida errado.
Porque o casamento é e alimenta-se em si mesmo de amor. Sem amor não há sacramento e o amor, por sua vez, precisa de ser alimentado em todos os momentos da vida, na alegria ou na tristeza, na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença,
Quem assume a vontade de se casar enquanto exteriorização e manifestação de um casamento, fá-lo (ou devia fazê-lo) na convicção de que se trata de um amor que tem de ser ganho no dia a dia e não de que um dia esse amor se poderá perder.


Em resumo:
Ao assumir o casamento como um sacramento, os cônjuges assumem também que esse sacramento precisa de se manifestar e de se vivificar de forma permanente até à morte, em atos diários e concretos.
Por outras palavras, quando realizo as lides domésticas, quando troco as fraldas do meu filho, quando dou um beijo de boa noite ou de boas vindas, quando desculpo uma má disposição ou um comentário mais desagradável, etc, etc, etc estou, de novo e de forma permanente, a casar-me.

Sem comentários: