sábado, 20 de novembro de 2010

O Papa e o preservativo


Para quem é católico e, desde já, de forma a evitar mais histerias, aqui fica o excerto contextualizado das últimas declarações do Papa sobre o uso do preservativo:


«[…] Em África, Vossa Santidade afirmou que a doutrina tradicional da Igreja tinha revelado ser o caminho mais seguro para conter a propagação da sida. Os críticos, provenientes também da Igreja, dizem, pelo contrário, que é uma loucura proibir a utilização de preservativos a uma população ameaçada pela sida.



Em termos jornalísticos, a viagem a África foi totalmente ofuscada por uma única frase. Perguntaram-me porque é que, no domínio da sida, a Igreja Católica assume uma posição irrealista e sem efeito – uma pergunta que considerei realmente provocatória, porque ela faz mais do que todos os outros. E mantenho o que disse. Faz mais porque é a única instituição que está muito próxima e muito concretamente junto das pessoas, agindo preventivamente, educando, ajudando, aconselhando, acompanhando. Faz mais porque trata como mais ninguém tantos doentes com sida e, em especial, crianças doentes com sida. Pude visitar uma dessas unidades hospitalares e falar com os doentes.



Essa foi a verdadeira resposta: a Igreja faz mais do que os outros porque não se limita a falar da tribuna que é o jornal, mas ajuda as irmãs e os irmãos no terreno. Não tinha, nesse contexto, dado a minha opinião em geral quanto à questão dos preservativos, mas apenas dito – e foi isso que provocou um grande escândalo – que não se pode resolver o problema com a distribuição de preservativos. É preciso fazer muito mais. Temos de estar próximos das pessoas, orientá-las, ajudá-las; e isso quer antes, quer depois de uma doença.



Efectivamente, acontece que, onde quer que alguém queira obter preservativos, eles existem. Só que isso, por si só, não resolve o assunto. Tem de se fazer mais.
Desenvolveu-se entretanto, precisamente no domínio secular, a chamada teoria ABC, que defende “Abstinence – Be faithful – Condom” (“Abstinência – Fidelidade – Preservativo”), sendo que o preservativo só deve ser entendido como uma alternativa quando os outros dois não resultam. Ou seja, a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. É por isso que o combate contra a banalização da sexualidade também faz parte da luta para que ela seja valorizada positivamente e o seu efeito positivo se possa desenvolver no todo do ser pessoa.



Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer.
Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade.



Quer isso dizer que, em princípio, a Igreja Católica não é contra a utilização de preservativos?



É evidente que ela não a considera uma solução verdadeira e moral. Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana.»



In Bento XVI, Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos – Uma conversa com Peter Seewald, Lucerna, 2010

7 comentários:

António Parente disse...

Qual é a fonte do excerto publicado?

MRC disse...

Olá António

Recebi por e-mail, via infovitae.

Abraço
Miguel

Anónimo disse...

E no caso de um dos cônjuges ser soropositivo?
O uso do preservativo é lícito ou o casal deve manter abstinência para o resto da vida?

MRC disse...

Caro Anónimo

Remeto para o teor da entrevista do Padre Feytor Pinto, responsável pela Pastoral da Saúde da Igreja Católica Portuguesa

http://apontamentos.blogspot.com/2005/07/entrevista-do-padre-feytor-pinto.html

Como é óbvio, a Igreja Católica, numa situação dessas só pode sugerir a abstinência. Mesmo o preservativo é falível e constituí um risco que, em situação de perigo de vida, não é, de todo, aconselhável correr.

António Parente disse...

Obrigado, Miguel. Já tinha percebido pelo diálogo no jugular com a Palmira Silva. Reactivei a minha assinatura.

Mariano David Soares disse...

EXCESSÃO. A HUMANIDADE A UM TRIZ DE UM CAOS TOTAL.
Atenção Brasil, procure acompanhar com atenção as notícias atuais. O que eu sempre temia, está a um passo de acontecer. Não é a Igreja que tem que adaptar à Sociedade, mas a Sociedade à Igreja. Se o leitor, a leitora, já captou sabe de que estou falando. A SUA SANTIDADE O PAPA ESTÁ ABRINDO EXCESSÃO PARA O USO DO PRESERVATIVOOOOO. Se a sociedade está pensando que com isso vai me intimidar com minha Campanha, está redondamente enganada, pelo contrário, vai fortalecer ainda mais. Cristo disse em Mateus capítulo 22, versículo 14: Muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos. Mt. 22, 14. Essa decisão do Papa não passa da pressão da Sociedade, para não dizer que Ele está com medo de perder fies para os “Evangélicos”, pois os “evangélicos” estão adotando o preservativo no Planejamento Familiar, e não estão se opondo em o Governo distribuir preservativos a menores de idade. AGORA A HUMANIDADE ENLOUQUECEU DE VEZ. Se você leitor (a), está concordando com essa idéia, ABANDONE A IGREJA. É melhor praticar a iniqüidade fora da Igreja do que ser um lobo revestido com pele de carneiro. Aí você pode perguntar: E a AIDS? Eu te digo: Paciência, o salário do pecado é a morte. Romanos 6, 23. Pratique o sexo conforme o ensinamento bíblico que não pegará AIDS e nem engravidará precocemente. Para maiores detalhes acesse no Google: http://mariano.soares.zip.net Atenciosamente,
Mariano

Elisheba disse...

"Como é óbvio, a Igreja Católica, numa situação dessas só pode sugerir a abstinência. Mesmo o preservativo é falível e constituí um risco que, em situação de perigo de vida, não é, de todo, aconselhável correr. "


ABSTINÊNCIA??? Desde quando alguem se abstem de sexo?? NEM OS PADRES, pois viram pedófilos!Deixem-se, senhores do Clero, de cantigas e olhem para a realidade:nao misturem alhos com bulgalhos, as leis da igreja que fiquem na igreja nao extendam ao mundo isso nao se mistura. Abstinencia resulta em adulterio e consequentemente divorcios!