sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Júlio Machado Vaz e o aborto: 3 anos após liberalização


Dos principais médicos que, há 3 anos atrás, defenderam com unhas e dentes a liberalização do aborto por mera opção, Luis Graça, responsável pelo Colégio de ginecologia da Ordem dos Médicos, já tinha reconhecido o facto do aborto estar a transformar-se num método contraceptivo e Miguel Oliveira da Silva, presidente do Conselho Nacional de Ética também.



Só faltava Júlio Machado Vaz, o conhecido sexólogo do Porto.



Fê-lo ontem, no programa "O Amor É", da Antena 1, a propósito de um estudo da DECO que já aqui falámos.



O depoimento radiofónico que pode ser ouvido aqui, demonstra o seu "choque" pela repetição de abortos pela mesma mulher e reconhece (finalmente !) que o aborto está a ser utilizado como método contraceptivo.



Recorde-se (e repita-se) que um dos argumentos utilizados pelos pró-vida, na campanha do referendo de 2007, residia precisamente no facto do aborto passar a ser um método contraceptivo.

A este argumento, os partidários da liberalização, "rasgavam as vestes", ofendidos porque as mulheres, todas as mulheres eram pessoas sensatas e inteligentes e nunca repeteriam o mesmo mal.



No depoimento de Júlio Machado Vaz só há 3 notas que são de lamentar:



- Reconhece a necessidade de apoio psicológico à grávida, antes do aborto, mas é ambíguo sobre qual deve ser o sentido desse apoio. E entende que o apoio psicológico após o aborto deve ir no sentido de convencer a mulher a cumprir um planeamento familiar eficaz (um pouco "naif", diga-se).



- Lamenta a repetição dos abortos, mas termina invocando uma história onde se concluí que as más experiências são a solução para não repetir as mesmas asneiras (pelos vistos, no caso das mulheres que fizeram mais do que 1 aborto, a "moral" dessa história não parece funcionar lá muito bem).



- Parece aceitar que, tal como resulta do estudo da DECO, o período de 3 dias de reflexão não seja cumprido, como obriga a lei porque, segundo ele, as mulheres já vão determinadas e não são 3 dias que as farão mudar de ideias...

Apesar da teimosia nesses 3 pontos, o reconhecimento, por parte do professor Júlio Machado Vaz, de que o aborto tornou-se num método contraceptivo e que isso é mau, já é um avanço positivo.
Pena é que esse avanço tenha sido adquirido à custa de 54.000 perdas de vidas humanas.

Fonte da Foto: JornalismoPortoRádio

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