terça-feira, 5 de outubro de 2010

A 1.ª República e uma mulher de peso contra o aborto

No ano da comemoração do aniversário secular da implantação da República, muito se escreve e fala da República. Com o florescimento e avanço dos Estudos Feministas, vimos crescerem, ainda que em número reduzido, estudos sobre a mulher na 1.ª República.

Quem foram e o que defenderam as mulheres da 1.ª República? Uma pergunta legítima e de difícil resposta quanto mais não seja porque o papel interventivo das mulheres era muito limitado. Contudo, estudos mais recentes, desvendam o papel que algumas delas tiveram, em diferentes frentes e ideologias. Estreou, ontem, na RTP 1, a mini-série “A República”, uma série sobre a implantação da República e o fim da Monarquia em Portugal. A série dá a conhecer também a luta republicana feminina, oculta e desconhecida ou, pelo menos, parte dela.

Não deixa de ficar surpreendido quem se debruce sobre um dos nomes femininos mais sonantes, o de Adelaide Cabete. Médica obstetra e ginecologista, foi uma das primeiras médicas a exercer Medicina em Portugal, lutando pela emancipação feminina, numa época em que a mulher não estudava, não tinha os mínimos cuidados de saúde e não votava.

De origem humilde, foi inegável o «seu apego à protecção das mulheres grávidas pobres» e a «defesa dos direitos da criança». Lutou «pela defesa das condições materno-infantis e pela legislação em torno da maternidade» e advogou as «mulheres mais desfavorecidas para quem preconiza[va] a licença pré-parto».

Em 1924, Adelaide Cabete apresentou, segundo o seu ponto de vista, as causas que levaram ao decréscimo da natalidade. Uma delas era o «abôrto criminoso livremente praticado» sobre o qual se manifestava contra.

No dia da República, e porque há factos que se deixam ocultar, fica aqui esta nota sobre uma mulher republicana de peso e contra o aborto.

2 comentários:

MRC disse...

Muito interessante e muito pouco conhecido também.

MRC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.