quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Amniocentese: Sim ou não ?


em 1% destes exames há risco de aborto espontâneo (por acaso, quando foi das gravidezes da minha mulher estava convencido que a probabilidade de aborto espontâneo era de "apenas" 0,5%, ou seja uma em cada 200 mulheres viriam a abortar em consequência deste exame). Leia-se com atenção o seguinte extracto do documento anexo: "No entanto, 99 em cada 100 (99%) gravidezes seguem normalmente. Para além disso, não há qualquer evidência que este procedimento seja prejudicial ao bebé." Posso ser eu que não percebo bem, mas tirando a "banalidade" de morrer um feto em cada 100 ou 200 de cujas mães fazem este teste, não há outras consequências de maior.
Acho excelente: quando o médico nos mandar fazer análises ao sangue para ver se temos excesso de colestrol e nos disser que uma em cada 100 ou 200 pessoas que tiram sangue para ver se vão morrer de excesso de gordura no mesmo, estou certo que todos optaremos por arriscar e fazer a análise ao sangue...!!!
Queremos saber o quê quando fazemos uma amniocentese?
Se o feto vai morrer antes ou depois do nascimento?
Se vai morrer de qualquer forma, qual a mais-valia de saber quando? Se será deficiente e qual a gravidade dessa deficiência?
Então estamos a assumir que não aceitamos uma sociedade com determinadas imperfeições - é uma ideia puritana de sociedade que não se enquadra na minha forma de pensar.
Se uma em cada 800 a 1000 pessoas vivas são portadoras de um tipo de trissomia 21 (acho que este número é exagerado, mas não tive tempo de pesquisar mais, tinha ideia que rondava os um em 15.000). Ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Down ), porquê matar 1 em cada 100 ou 200 ainda antes de nascer. Isso significa que a simples realização deste teste mata 4 a 5 crianças "perfeitas" (peço desculpa porque o termo é algo ariano, mas foi propositado).
Em todos os testes de amniocentese que resultam em aborto espontâneo, temos a legitimidade de perguntar: será que no meu caso matei uma futura criança que não seria portadora de deficiência?
Será que os portadores de trissomia 21 (há uma infinidade de graus da doença) ou de outras deficiências são infelizes?
Será que são eles que de acordo com as estatísticas do Ministério da Saúde são os 60 a 70% de Portugueses que tomam ou já tomaram anti-depressivos ou ansiolíticos?
Não me parece, mas posso estar humildemente errado.

Por fim, e de uma forma muito egoisticamente em voga, será que não podemos "tirar partido" (que termo horrível - é de propósito) dos deficientes? Apesar de menos produtivos (alguns são de todo improdutivos), será que o seu contributo para o PIB tem um balanço positivo? Aposto que se assim se provasse, seriam proibidos todos os testes a eventuais deficiências "in útero".

Há no entanto sempre excepções que devem ser analisadas do ponto de vista médico (que envolve sempre a ética), como é o caso de a saúde da mãe estar em risco.
AG

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