quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Uma grande mulher




Sarah Palin foi mayor de Wasilla e governadora do Alaska. Está casada e tem cinco filhos.

Se tivermos em consideração o discurso habitual sobre as dificuldades que as mulheres sentem em conciliar a carreira profissional e a vida familiar, Sarah Palin pode muito bem ser admirada por todas as mulheres como uma mulher modelo.

Curiosamente, a nomeação de Sarah Palin como candidata à vice-presidência não foi bem recebida pelas feministas. E percebe-se porquê. Nas felizes expressões de Harvey Mansfield, Sarah Palin conduziu a sua vida profissional with the force of a man e a sua vida familiar with the grace of a woman.

Sarah Palin está muito próxima de se tornar vice-Presidente dos Estados Unidos da América sem que para isso tenha abdicado da sua condição natural de mulher. Em vez da liberdade sexual, Sarah Palin escolheu um só homem. Em vez do divórcio, Sarah Palin está casada há cerca de duas décadas. Em vez do aborto, Sarah Palin tem 5 filhos (o mais novo com síndrome de Down).

A vida de Sarah Palin revela que é possível a uma mulher ser igual aos homens sem ela mesma se tornar num homem. Poderia e deveria ser um motivo de contentamento para todas as mulheres. Mas para as feministas não é.


(Ver Harvey Mansfield Was Feminism Necessary? Forbes.com)
Publicada por Nuno Lobo em 1:28 AM

5 comentários:

Muffi disse...

É com tristeza que tenho vindo a acompanhar esta onda pró-republicana no Blog do Algarve pela Vida.
Este "endeusamento" de Palin parece-me sinceramente exagerado.
Afinal o facto de ela ser pró-vida torna-a perfeita?
E o facto de os candidatos democratas não o serem torna-os o diabo?
Não confundamos as coisas. É uma senhora que tem ambição pessoal suficiente para sacrificar a sua disponibilidade para a família, já para não falar que terá grande falta de escrúpulos porque é tão zelosa da sua família mais alargada que está envolvida num escândalo por ter pressionado um comissário da polícia para despedir o seu ex-cunhado.
Títulos de grande mulher ou quase perfeita parecem-me um franco exagero.
Acho que a campanha política para a presidência dos EUA não é para aqui chamada, mas se o for, merecem igual destaque as posições dos candidatos democratas a favor do direito aos cuidados de saúde, emprego e educação.

MRC disse...

Muffi,
Eu pessoalmente acho que quer os Republicanos quer os Democratas têm aspectos positivos e negativos e o ideal seria ficar com os aspectos positivos dos 2 e deitar fora os negativos.
A novidade desta senhora é o facto dela (independentemente de poder ter também os seus telhados de vidro que, na realidade, todos nós também os temos) ser uma pessoa com mérito, trabalhadora, corajosa e ainda ter 5 filhos e 1 com trissomia 21. Isto prova que se pode ser diferente. A convicção com que Sarha Palin fala fundamenta-se, não em teorias, mas na sua vida pessoal e familiar que é necessariamente complicada e difícil atentas as circunstâncias.
O seu mérito, para mim, é inegável e já neste blog, em Maio deste ano, ainda SP não era candidata já nós destacávamos pela positiva o seu exemplo.
Como blog apartidário não tomamos posição a favor deste ou daquele partido apenas destacamos pontos positivos de comportamentos de políticos ou de partidos políticos e daí, neste blog, já terem sido publicados, por exemplo, posts a elogiar o bloco de esquerda, a propósito de iniciativas que se consideraram positivas.
Este post do Nuno Lobo lança algumas interrogações sobre a forma como as feministas estão a lidar com este fenómeno e parece-me muito interessante.
De qualquer forma, Muffi, apesar de estarmos em desacordo desta vez, obrigado pela participação e pela frontalidade da opinião. É disso que precisamos !

Liliana F. Verde disse...

Neste blogue, procura-se defender as ideias que julgamos boas:

Tanto se aplaude uma pessoa, como se a critica pela negativa (http://algarvepelavida.blogspot.com/2008/09/ningum-perfeito.html
). Ao contrário do que se pode pensar, sustentamos o que defendemos:

- um blogue de homens e mulheres pela Vida,
- um blogue diferente com propostas diferentes,
- um blogue que não cruza os braços depois do referendo que liberalizou o aborto em Portugal,
- um blogue que pretende promover a família,
- um blogue que se preocupa com as pessoas mais frágeis na nossa Sociedade,
- um blogue que assenta na solidariedade e no bem-comum.

E já agora, a propósito de Palin (já que é dela que se trata), leia-se este texto curioso intitulado "A tolice feminista de Sarah Palin", de Olivia St. John
: http://www.wnd.com/index.php?fa=PAGE.view&pageId=74043

MRC disse...

Esse texto sobre o quão chocante é a candidata Sarah Palin ter-se candidatado a Vice-PResidente descuidando, para isso, o cuidado dos seus 5 filhos é de uma hipocrisia arrepiante.
As feministas lutam por uma maior intervenção da mulher na vida pública, com uma condição: que essa mulher política seja a favor dos direitos dos gays, seja pró-aborto, etc.etc.
Quando aparece uma mulher com intervenção na política, que defende o contrário, já a querem atirar para os pratos da cozinha e para os braços dos seus filhos por ser "chocante" ver uma mãe destas intervir na vida pública.
Que raio de feministas são estas? E o marido da Sarah Palin não conta ?
Não poderá ele dividir as tarefas com a esposa, os outros filhos mais velhos, etc..?
Esse pessoal está-se nas tintas para os filhos da Sarah Palin.
Por eles o mais novo com trissomia 21 teria sido liquidado antes de ter nascido e aparecem agora muito preocupados porque os filhos da senhora ficam desamparados por a senhora ter optado pela vida política activa.
Um político já pode deixar os filhos nas mãos da mulher porque essa é para isso que serve, para estar na cozinha e a tratar dos filhos.
Uma política já não pode compartilhar as tarefas da educação ou da gestão da casa com o marido.
Por outro lado, é interessante porque verifica-se que os pró-escolha têm a visão de que o mundo deve ser sempre perfeito e daí que quando surge um "imprevisto" ou uma "imperfeição" acham bem que esses "contratempos" sejam eliminados via IVG. Já os pró-vida sabem que o mundo está longe de ser perfeito e há tem montes de coisas más e indesejávei e por assim ser é que se aceitam os "imprevistos", por se saber que a vida nunca é um romance cor de rosa, mas sim um branco acinzentado.
Daí que, nesta perspectiva não vejo qual é o escandalo da filha da senhora ter engravidado do namorado.
Um bocadinho mais de honestidade intelectual, please!

José Maria André disse...

A síntese que o comentário da Liliana fez deste blogue é perfeita. E grande parte do êxito do blogue deve-se aos posts dela. Com uma regularidade e um esforço notáveis. Parabéns!

O comentário do Miguel também toca em vários pontos que me são muito caros:

1 - as responsabilidades familiares devem ser partilhadas entre pai, mãe e filhos (não esqueçamos o pai, nem a ajuda dos irmãos mais velhos).

2 - quando as responsabilidades são partilhadas, há lugar para a intervenção cívica e profissional de todos, sem querer dizer que a mulher há-de necessariamente ter um emprego fora de casa.

3 - é injusto criticar, ou sequer discutir, a vida familiar dos políticos. Ler um título de jornal e concluir que uma mãe não cuidou dos filhos...

4 - o Miguel chama a atenção para outro aspecto significativo: há quem sonhe com um mundo perfeito, em que as «imperfeições» e «contratempos» se eliminam via IVG; quem defende a vida sabe que há montes de coisas más e indesejáveis, mas aceita a realidade e (cito as ideias da Liliana:) não cruza os braços, preocupa-se com as pessoas, sobretudo as mais frágeis, procura ser solidário e construtivo.

Quanto à Sarah Palin, ainda não tenho opinião formada. Mas isso é o menos.
Além disso, as escolhas eleitorais raramente se fazem por adesão plena, decidimos por comparação dos candidatos. Nessa perspectiva, já tenho alguma opinião, porque o Obama é muito fraco.