quarta-feira, 10 de setembro de 2008
O Governo PS continua a sua onda de facilitismo.
Depois do aborto livre e depois do esvaziamento do Código Penal (com fixação de multas em troca da pena de prisão e com a redução do âmbito da aplicação da prisão preventiva) e da tentativa de esvaziamento do casamento enquanto instituição, agora a Educação.
Em entrevista que ouvi na rádio no outro dia, a Ministra da Educação considera retrógrada e anti-pedagógica a retenção dos alunos por falta de aproveitamento e acrescenta, chamando à atenção, que a retenção de um aluno no mesmo ano custa ao Estado muito dinheiro.
Entretanto, se um professor quiser "reter" um aluno, além disso significar um contributo negativo na avaliação da sua carreira, terá que preencher 1001 impressos e ainda elaborar uma proposta de recuperação do aluno.
Tudo em nome da estatística, do corte de despesas e da propaganda.
Tal como o que aconteceu com as outras situações a que me referi no 1º parágrafo deste post, a técnica é se não consegues saltar, baixa a fasquia
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1 comentário:
Curiosamente a Ministra da Educação está certa [admirem-se!!!]. Com efeito, chumbar um aluno é uma atitude, em pleno século XXI, retrógrada e anti-pedagógica.
Para se entender melhor o que digo veja-se o seguinte: todos somos diferentes, com ritmos de trabalho e de aprendizagem diferentes. Implica isto que a Educação/Ensino seja também "diferente", ou melhor, centrada no aluno em si, nas suas características, nas suas capacidades, nas suas especificidades, no seu modo especial de aprender [o que dizer de alunos disléxicos, etc. completamente postos de parte...]. Por isto mesmo, muito se tem falado (fora dos "media" e do Parlamento, é bem que se entenda!!!), da pedagogia diferenciada, dos ritmos de trabalhos, etc., etc., etc.
Lamentável, muito lamentável é que à margem do pensamento da Ministra (que consegue estar certo!!!), esteja uma política de educação do século XIX, a típica educação industrial, que faz de todo e qualquer aluno, um aluno-tipo, normal, que... não existe, nem ninguém sabe quem é.
Ao contrário da terrível educação que temos, é bom que nos vamos informando de conceitos tão importantes como «aprendizagem cooperativa», «participação democrática» ou «diferenciação pedagógica» e... numa escola sem anos lectivos, onde se vai progredindo, onde não se retêm alunos, nem por não saberem, nem a saberem de mais. Pois é... é que até os bons alunos sofrem com o ensino que temos, que os prendem a um nível escolar pouco exigente e que não os deixa ir mais para a frente. Lamentável, de facto, esta nossa Educação que em vez de se ater ao PROCESSO, quer é saber de resultados, que muito bem podem ser manipulados...
Sugestões de leitura:
- http://prasinal.blogspot.com/2007/02/o-que-aprender.html
- http://videos.sapo.pt/S6GNyJZ2q6PU6BaUY0jK
- http://www.youtube.com/watch?v=FIbbMEiVmoU
- Philippe Perrenoud, "A Pedagogia na Escola das Diferenças"
- Rubem Alves "A Escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir"
P.S.
Para que o ensino enveredasse pelo modelo acima descrito era necessário que:
- o Estado deixasse de manipular a Educação;
- as escolas fossem autónomas e pudessem ter um currículo variado e de acordo com projectos educativos genuínos;
- os professores fossem formados de acordo com outras teorias que não as retrógradas teorias educativas do século XIX;
- todos trabalhassem em grupo, em cooperação, procurando encontrar soluções para os verdadeiros problemas;
- a escola deixasse de ser burocrático;
- ...
Em Portugal conseguiu-se isto muito bem numa pequenina escola que quase toda a gente desconhece e que se chama Escola da Ponte, mais conhecida lá fora que em Portugal! [http://www.eb1-ponte-n1.rcts.pt/] É impossível ter um ensino sem chumbos? É. E também é possível aprender, sem chumbar, progredindo...
Liliana F. Verde
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