quinta-feira, 29 de maio de 2008

Bélgica e as subtilezas sobre a eutanásia

O partido liberal-democrático flamengo propõe na Bélgica ampliar a eutanasia não só –como agora- a quem a pede, mas também a quem não pode pedi-la por ser menor ou ter uma incapacidade mental. Trata-se duma proposta que procede do partido do ex primeiro ministro belga Guy Verhofstadt. Com esta proposta, os liberais flamengos querem também seguir as pisadas dos holandeses. Dizem que tudo isto não têm nada que ver com a ideologia eugenénica nazi. O que pretendem é combater o “sofrimento inútil”.


Naturalmente, são os outros quem decide o que isso significa.


Ainda que possa parecer absurdo, a proposta é mais um passo para tentar converter o recurso à eutanásia em algo que, no fim do percurso, se transformará em obrigatório: crescerá a pressão social para pedi-la (se estou consciente) ou para indicá-la para os outros (é o sentido desta proposta).


Segundo esta mentalidade, parecerá muito insolidário e egoísta que um candidato à eutanásia não queira morrer e, portanto, não deseje que o Estado economize. Para eles, pedi-la será quase um gesto de patriotismo.


Deixa-me perplexo e desconcertado o facto de que o Corriere della Sera dê à notícia este título, aparentemente inofensivo, mas profundamente ideológico: “Incapacitados mentais, direito à eutanásia”. Combinar eutanásia e direito é uma operação ideológica que não é casual nem inocente. Com esta combinação subtil transfere-se para a eutanásia o prestígio do que é um direito. E assim a custa de um pretenso direito impõe-se o dever de pedir ou indicá-la aos outros!!!


Texto daqui.

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