sábado, 12 de abril de 2008
Este é um livro de denúncia. Preocupam-nos desde há anos os rumos seguidos pela sociedade opulenta de bem estar no Ocidente, na medida em que a sua influência no resto dos continentes abre caminho, cria opinião e propõe argumentos. É uma sociedade, em certa medida, doente, da qual emerge o homem light, um sujeito que tem por bandeira uma tetralogia niilista: hedonismo-consumismo-permissividade-relativismo. Todos eles impregnados de materialismo. Um indivíduo assim parece-se muito com os denominados produtos light dos nossos dias: alimentação sem calorias e sem gorduras, cerveja sem álcool, açúcar sem glicose, tabaco sem nicotina, coca-cola sem cafeína e sem açúcar, manteiga sem gordura... um homem sem essência, sem conteúdo, entregue ao dinheiro, ao poder, ao êxito e ao prazer ilimitado e sem restrições
O homem light carece de pontos de referência, vive num grande vazio moral e não é feliz, ainda que tenha materialmente quase tudo. Isto é grave. Este é meu diagnóstico, e ao longo destas páginas descrevo as suas principais características, ao mesmo tempo que apresento sugestões para a fuga e libertação desse caminho errado que tem um final triste e pessimista.
Frente à cultura do instante está a solidez dum pensamento humanista; frente à ausência de vínculos, o compromisso com os ideais. É necessário superar o pensamento débil com argumentos e propostas suficientemente atractivas para o homem, de forma a possibilitar que este eleve a sua dignidade e as suas pretensões. É assim que se faz o itinerário que vai da inutilidade da existência à busca de um sentido através da carência e do compromisso com os demais, escapando à grave sentença de Tomás Hobbes: «o homem é um lobo para o homem».
Há que conseguir um ser humano que esteja disposto a saber o que é bem e o que é mal; que se apoie no progresso humano e científico, mas que não se entregue à cultura da vida fácil, onde qualquer motivação tem como fim o bem estar, um determinado níevl de vida ou o prazer sem limites. Um homem consciente de que não pode haver verdadeiro progresso humano enquanto este não de desenvolver numa base moral.
Prólogo de "O Homem Light - uma vida sem valor", de Enrique Rojas
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