quinta-feira, 7 de junho de 2012

Antes da eutanásia, cuidados paliativos, diz João Lobo Antunes

O neurocirurgião foi um dos que falou no debate “Vivos até morrer” realizado na Universidade Católica.


Sem garantir uma rede de cuidados paliativos não se pode falar em eutanásia em Portugal. O desafio foi lançado pelo neurocirurgião João Lobo Antunes na Universidade Católica, em Lisboa, numa conferência sobre o direito a morrer.
 
“A eutanásia, que mais tarde ou mais cedo acabará por ser regulamentada em Portugal, só faz sentido se nós pudermos garantir a alternativa de um final de vida cuidado na sua dimensão tripla: física, psicológica e espiritual. Enquanto isso não for garantido a todos é um debate prematuro e moralmente injustificado”, disse Lobo Antunes.
 
Um debate com mais recados ao poder político. O testamento vital tem de ser o mais consensual possível e a ética deve ser a chave do debate. “Todos eles contêm elementos muito positivos, a meu ver conciliáveis, apelo sobretudo ao bom senso e à capacidade de criar um documento importante que é uma forma de consentimento informado”.
 
Depois, João Lobo Antunes deixou uma sugestão:  “Devem cobrir apenas não as situações de inconsciência, ou seja, da pessoa não poder decidir porque não está em condições. As outras situações, nomeadamente da deterioração mental e cognitiva dos processos demenciais do Alzheimer, a pessoa pode sobreviver dois, três anos num estado de profunda demência e pode não querer atingir esse patamar. Acho que devia ser coberto um leque mais vasto de situações clínicas”.
 
Ainda nesta sessão, a escritora Lidia Jorge falou da forma como a cultura deve lidar como as questões da vida e da morte: “Uma ética da compaixão e uma ética da inclusão do ser humano daquilo que é a globalidade dos outros, uma noção também de fraternidade”.


Daqui.

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