O mundo em desenvolvimento adopta, na esmagadora maioria das vezes, programas educacionais tradicionais que vigoram no Ocidente. Mas uma dupla de investigadores concluiu que saber quais são os números primos ou por que se movem as placas tectónicas em nada é relevante para as vidas das crianças pobres. A aposta num modelo que combina os conteúdos tradicionais com competências sobre literacia financeira, saúde e empreendedorismo deu origem à “Escola da Vida”. Para que também os mais pobres tenham direito a mudá-la para melhor
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A definição tradicional da qualidade de uma escola no mundo em desenvolvimento tem como base o domínio dos conteúdos. Mas a utilização básica das abordagens tradicionais de ensino durante os preciosos e poucos anos em que as crianças frequentam a escola conduz apenas a uma perda de recursos e a oportunidades perdidas para os indivíduos e para as suas comunidades. As agências governamentais e as organizações que apoiam e promovem a educação de qualidade para todas as crianças têm de ir para além dos modelos tradicionais, para ajudar as crianças a desenvolverem o conhecimento, as competências e as atitudes que são relevantes para as suas vidas e que os podem retirar um dia da pobreza.
Por demasiado tempo, os governos e as organizações que investem na educação do mundo em desenvolvimento operaram sob pressupostos não questionados de que melhores qualificações nos testes consistiam a clara evidência de que os seus investimentos estavam a dar frutos. Mas se, como é argumentado neste artigo, o domínio do currículo escolar primário não é a melhor forma de melhorar as oportunidades de vida e de aliviar a pobreza nos países em desenvolvimento, então significa que este modelo não é adequado. Investir em intervenções que produzam os melhores resultados nos testes já não constitui uma abordagem válida para se alocar escassos dólares educacionais ou pouco tempo disponível para o desenvolvimento das mentes jovens. Está na altura de procurar intervenções que conduzam a um impacto social e económico verdadeiramente positivo para os mais pobres.
Artigo originalmente publicado na Stanford Social innovation Review, por Marc J. Epstein, Professor e Investigador na Management Rice University e Kristi Yuthas, responsável pela cátedra de Gestão de Sistemas de Informação na Portland State University
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