Métodos contracetivos falham
Estudo Gravidez na adolescência em Portugal revela que jovens não sabem usar contraceptivos. Especialistas dizem que é pela educação que se previne a maternidade precoce.
O alerta é feito no estudo Gravidez na Adolescência em Portugal: etiologia, decisão reprodutiva e adaptação – o mais recente e abrangente sobre este tema, com coordenação da professora catedrática Maria Cristina Canavarro.
Das 405 grávidas que compõem a amostra, 64% diz que estava a usar contracepção, o que revela, segundo os especialistas, uma grave falta de informação. Porque, dizem, não basta conhecer os métodos contraceptivos, é preciso saber usá-los com eficácia.
«Surpreende-me a elevada percentagem de jovens que engravidam estando a utilizar contracepção», adianta ao SOL a psicóloga Raquel Pires, uma das investigadoras do projecto – que conta com a participação da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, da Associação para o Planeamento da Família e da Direcção-Geral da Saúde.
Quando questionadas sobre o que falhou, as jovens apontaram várias razões: o rompimento do preservativo, o esquecimento da toma da pílula, a toma desta com antibióticos ou o uso esporádico do preservativo. «Estes resultados parecem-me de extrema importância para a planificação de intervenções mais pormenorizadas», avisa a investigadora.
Ou seja, apesar de o estudo estar ainda em curso (terminará em 2014), já é possível retirar algumas conclusões como a necessidade urgente de se apostar na educação sexual.
Açorianas são as que mais recusam contraceptivos
De acordo com a especialista, os jovens têm ideias erradas sobre os métodos contraceptivos. Por exemplo, muitas raparigas esquecem-se de tomar a pílula durante dias e quando se lembram ingerem todas ao mesmo tempo julgando que continuam protegidas.
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Os resultados revelam ainda a existência de diferenças entre as várias regiões do país. As jovens de Lisboa e Vale do Tejo e da região Sul são as que recorrem mais à Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG).
A grande maioria das jovens grávidas que participou neste projecto mencionou ainda não ter ponderado a realização de um aborto face à gravidez não planeada.
E aquelas que ponderaram a IVG indicaram não o terem feito «em primeiro lugar, pelo tempo de gestação já ter ultrapassado o prazo legal para a interrupção; em segundo, a posição pessoal contra o aborto; em terceiro, a pressão/influência por parte do companheiro e/ou família; e em quarto, a ausência de coragem para interromper a gravidez».
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