Textos rádio Costa D'Oiro
Dia 22
EDUCAÇÃO SEXUAL
O recente reforço da componente da educação sexual nas escolas públicas do país com carácter obrigatório tem vindo a gerar grande polémica.
É verdade que há muitos pais que se demitem da função de educar e, em particular, de educar para a sexualidade. Mas isso não pode levar a que todos os pais tenham que ser, por lei, obrigados a sujeitar os seus filhos a uma educação sexual contrária às suas convicções éticas, filosóficas ou até mesmo religiosas.
Educar para a sexualidade não é o mesmo que ensinar matemática ou história. Para muitas famílias, a sexualidade é algo que tem a ver com o próprio carácter de cada indíviduo e com a satisfação da sua afectividade e não deve ser visto numa perspectiva primordialmente patológica.
Recentemente o jornal “i” noticiou que muitos pais ficaram escandalizados pelo facto de várias escolas públicas terem adquirido o kit da Associação para o Planeamento Familiar APF com conteúdos que consideram chocantes. Por sua vez, os próprios professores das escolas públicas dizem não estarem preparados nem do ponto de vista científico, nem do ponto de vista pedagógico para leccionar estas matérias
Numa sociedade pluralista, há que consagrar o direito à diferença e à escolha. Sirva de exemplo o que se passa no estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos onde cada pai, no início do ano, tem o poder de escolher entre a possibilidade do seu filho usufruir de uma educação sexual meramente compreensiva, pró-abstinência ou simplesmente não ter nenhuma educação sexual.
Sobre este assunto, em Portugal, para mais informações, podem consultar o site da Plataforma Resistência Nacional, disponível em www.plataforma-rn.org
DIA 23
A CASA E A CONCILIAÇÃO TRABALHO/FAMíLIA
Desde há bastante tempo que a casa de família é o local onde as pessoas recuperam do dia de trabalho, para no dia seguinte voltarem a sair, a fim de despenderem as horas produtivas num escritório.
Mas grande parte do trabalho do futuro terá por base a informação; e, uma vez que tudo o que tem de ver com a informação pode ser feito em casa, serão cada vez mais as pessoas que ficarão em casa Esta tendência já está a ter impacto na arquitectura com muitas das casas a serem projectadas já com um escritório incluído. A ideia é mandar as pessoas trabalhar para casa e só as chamar quando têm de trabalhar em conjunto.
Por outro lado, em face da mobilidade dos vários membros da família que habitam a casa também é importante que todos façam as refeições em conjunto. Uma família que come em conjunto tem mais dificuldade em se desfazer. Há que combater a mentalidade nómada de alguns dos filhos que vão ao frigorífico e levam a comida para o quarto. . Cada um deles pega num prato, serve-se e senta-se sozinho no sofá, diante da televisão, a comer.
Trabalhar em casa e comer as refeições em conjunto pode, pois, ser uma fórmula que ajude a conciliar, com sucesso, vida, família e trabalho.
Para mais informações sobre esta temática podem consultar uma iniciativa que nasceu no Reino Unido denominada “From House to Home”, em http://www.homerenaissancefoundation.org/
APOIO ÀS GRÁVIDAS CARENCIADAS
O Jornal “Destak” noticiava há uns dias atrás que as mulheres grávidas da Lombardia, no norte de Itália, que estejam em apuros financeiros receberão 4500 euros se decidirem levar a gravidez até ao fim em vez de recorrerem a um aborto, decidiu o governador local.
O governador da Lombardia, avançou com a medida por considerar que nenhuma mulher deve pôr termo a uma gravidez por causa de dificuldades económicas.
Numa época em que o número de abortos tem vindo a aumentar, esta medida não se pode deixar de considerar como uma pedrada no charco. Certamente insuficiente já que, muitas vezes, o que leva uma mulher a abortar são uma combinação de problemas.
A solidariedade da família, da escola, da sociedade, do Estado não podem permitir que o futuro de alguém esteja dependente deste ou daquele condicionalismo económico quiçá conjuntural temporário.
Em Portugal, existem já subsídios sociais de apoio à maternidade que podem ser recebidos logo após o início da gravidez.
No Algarve, as várias Santas Casas da Misericórdia, a Cáritas através do SOS Vida e do lar da Mãe são algumas das várias instituições às quais as mulheres podem socorrer-se para que nada falte ao seu filho, quer durante a gravidez, quer nos primeiros anos de vida.
Com solidariedade, haverá sempre espaço para todos.
A CRISE DAS RELAÇÕES SEXUAIS CONJUGAIS
O jornal "i", há uns meses atrás, fez uma reportagem interessante sobre o déficit das relações sexuais entre o casal.
Não deixa de ser curioso que precisamente os países onde há mais graves problemas demográficos sejam também aqueles onde mais se trabalha e se promove uma concorrência e competição laboral mais selvagem. Nestes países, como por exemplo, o Japão, não é só o maior acesso à contracepção que leva à crise da natalidade, é também a própria diminuição da frequência das relações sexuais conjugais.
De acordo com essa notícia o stress profissional, o cansaço, o trabalho e até mesmo a atenção aos filhos são as principais causas que estão por detrás do dito déficit.
E o mais irónico é que isto aconteça precisamente em sociedades onde, quer na publicidade quer no cinema e na televisãos, se exulta de forma contínua o sexo, os instintos sexuais e o hedonismo mas depois, na prática, em muitos dos casais, vive-se uma crise do relacionamento conjugal.
Há que não esquecer, pois, que a relação sexual conjugal que melhor realiza o homem e a mulher é aquele que resulta de um relacionamento afectivo sólido e promissor, do compromisso voluntário, da união de projectos de vida, da abertura à fecundidade, da paternidade responsável que cada membro do casal assumiu entre si.
Se uma destas vertentes falha pode ser sinal que as outras começaram, já há muito tempo, também a falhar.
Será, por isso, altura de soar o alarme, fazer um rewind e ver o que começou a correr mal e como corrigir ou recomeçar, de novo, a dar vida e força à sua relação.
A VALORIZAÇÃO DOS DEVERES
Actualmente um dos grandes problemas do país reside na existência de um desequilíbrio profundo entre direitos e deveres.
Ao longo do tempo criou-se no inconsciente colectivo a ideia errada de que qualquer frustração do indivíduo se devia a um direito que não estava ainda conquistado e a solução libertadora residia em reivindicá-lo.
Qualquer pai sabe que para uma formação saudável dos seus filhos terá que haver um equilíbrio entre direitos e deveres. No caso de serem sobrevalorizados os direitos (a satisfação dos desejos e dos impulsos primários) este fenómeno origina jovens insatisfeitos, imaturos, autocentrados e personalidades com características anti-sociais.
Também na sociedade há que fomentar o equilíbrio entre estes dois factores.
Em Portugal as consequências desastrosas do “culto dos direitos “ já se fazem sentir há muito tempo. Por isso, deparamo-nos com uma camada social cada vez mais infantilizada, dependente de subsídios do Estado, incapaz de se bastar a si própria e de criar riqueza que possa ser partilhada com os outros. Aqueles que conseguem criar essa riqueza e que têm sucesso são erradamente vistos como os opressores; aqueles que subtraem os direitos do povo. Nada mais errado. Em vez de se incitar a ambição positiva e autonomia, fomenta-se a miséria e a regressão a um estado de dependência.Na educação, na família, no Estado e na sociedade, mais do que os direitos, há que fomentar a valorização dos deveres.
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