Textos Rádio Costa D'Oiro dias 16 a 31 de Agosto
Dia 17 de Agosto, 3ª feira
Campeonato do mundo
No passado mês de Junho, pudemos assistir ao campeonato do mundo de futebol da África do Sul. Se olharmos para o comportamento das várias selecções, poderemos identificar 5 tipos diferentes de equipas.
As equipas que foram participar no torneio, mas que acabaram por assumir um comportamento suicida e indisciplinado, como é o caso da selecção da França.
As equipas que pretendiam ir o mais longe possível, mas cujas prestações em campo acabaram por não corresponder a esse seu desejo, acabaram por ser eliminadas nas fases anteriores.
Depois, existiam as equipas que queriam ir o mais longe possível e que, de facto, apesar de algumas limitações em relação a outras mais fortes, com mais ou menos sorte, acabaram por fazê-lo. É caso do Uruguai ou da Holanda.
Depois havia a Alemanha, que actuou de forma fria e compacta durante todo o campeonato, levando à prática, de forma demolidora, mecânica, e quase cínica, os seus objectivos
E, por fim, a equipa vencedora do torneio, a Espanha, que começou com uma derrota que, em vez de a desanimar, a incentivou para uma campanha vitoriosa. E os seus jogadores, além da arte e do engenho, entravam em campo dominados pela famosa “fúria espanhola” que é mais do que uma simples motivação. É uma fúria que tem “ganas” de dar o tudo por tudo, se necessário até, deixar a pele e o corpo em campo até à vitória final.
Na forma como encaramos a nossa vida, também nos pode acontecer, a de quase suicídio, como a França; a do que quer, mas não pode; a do que pode, mas não quis de forma suficiente e a do que podia e quis de forma furiosa vencer. Uma coisa é certa, agora, depois do campeonato do mundo, só conta mesmo o vencedor, dos outros pouco ou nada se falará.
Dia 18 de Agosto, 4ª feira
Argumentos sobre o aborto
Nas últimas semanas, a propósito do balanço dos 3 últimos anos de liberalização do aborto, duas conhecidas jornalistas defensoras do "sim" no último referendo manifestaram o seu regozijo pelo aumento do número de abortos invocando vários argumentos.
Desde logo, o argumento de que os outros países são tão maus ou piores do que o nosso em matéria de aborto não nos deve servir de consolo sobretudo se levarmos em consideração que estamos a falar da eliminação de vidas humanas viáveis e úteis. Por outro lado, se levarmos em consideração os cerca de 20.000 abortos em face do n.º de nascimentos por ano, veremos que esse rácio é dos piores (e não dos melhores) da Europa.
Também não podemos aceitar a desculpa de que os abortos clandestinos teriam diminuído. Mesmo que tivesse havido alguma redução dos abortos clandestinos, o total do número de abortos, que disparou de maneira impressionante mais do que compensaria essa alegada redução.
A ideia de que os abortos clandestinos se efectuam geralmente nos «vãos de escada», muito repetida na campanha do Referendo, também há décadas que não corresponde à realidade portuguesa. Clandestino não significa improvisado ou inseguro e a própria A.P.F. admite-o.
Por outro lado, é compreensível que o aborto clandestino não diminua, porque muitas pessoas preferem pagar o aborto do seu bolso e fazê-lo em privado, de forma a evitarem a vergonha de dizer, cara a cara, aos médicos e ao pessoal administrativo, que querem matar um bebé. É por este motivo que a legalização do aborto nunca acabará com o aborto clandestino.
Por fim, não deixa de ser impressionante que, na estatística oficial acerca das causas que levam ao aborto, a esmagadora maioria das respostas invoca motivações fúteis. Em 97% dos casos, não há uma razão especial para acabar com a vida do bebé. Entretanto, o Estado paga o aborto e ainda concede um subsídio a quem aborta.
Em tempo de crise e em face dos apelos dos especialistas torna-se, pois, urgente alterar o regime desta lei iníqua.
Dia 19 de Agosto, 5ª feira
A família é como uma casa
Os pais que se sabem “meter” na vida dos filhos conseguem fazer deles homens e mulheres de bem. Lembro-me de uma ocasião em que escutei um jovem dizendo ao seu pai:
– “Não se meta na minha vida!”
Esta frase ficou em mim, tanto que frequentemente a recordo em relação a pais e filhos, imaginando ser eu aquele pai, e o que responderia ao meu filho.
– Filho, eu não me meto na sua vida, você é que se meteu na minha!
Esta frase significa que cada pai pode acrescentar as suas importantes opiniões, pode corrigir, aumentar e até modificar o sentido, mas não quero imaginar sequer o que aconteceria se cada pai tivesse decidido por não se “meter” na vida dos seus filhos. O que teria sido das suas vidas?
Com toda a certeza que alguns dos filhos não estariam aqui hoje. Se cada pessoa tivesse se intrometido, a princípio, e logo depois, desistido desse dever de alimentar, de educar, de cuidar, muitos deles não teriam conseguido alcançar nenhuma meta, apesar do esforço inicial dos pais.
Se os pais não se preocupassem com o que os filhos fazem, aonde vão, e com quem saem, talvez muitos deles não estivessem hoje entre nós, ou, quem sabe, estariam num hospital ou presos.
Estou certo, porém, de que diante destas palavras: "Não se meta na minha vida..." podemos responder juntos: “Filho, eu não me meto na sua vida, você é que se meteu na minha e da sua mãe, e posso-lhe assegurar que, desde o primeiro dia até hoje, eu e ela nos sentimos as pessoas mais felizes do mundo.
Dia 20- 6ª feira
Eutanásia
Todos os homens e mulheres que sabem que vão morrer têm também, ao mesmo tempo, dentro de si, um desejo ardente de felicidade duradoura e de vida infinita.Vivemos como se fôssemos eternos... Por isso, aceitamos com grande dificuldade o facto de a existência ter um fim, sobretudo quando percebemos que este termo será acompanhado por angústia, dor e decadência.
Esse declínio pode, aliás, parecer tão desumano que alguns consideram um dever pôr um fim ao desastre, cortando o fio da própria vida. Mas muitos médicos, enfermeiros e psicólogos advertem que não se deve dar um extremo valor à palavra dos doentes. A maioria deles conhece, de facto, no curso da sua doença, uma fase depressiva. Nessa fase, chegam até a clamar pela morte com desejo. Muitas vezes, este macabro convite deve ser interpretado como um protesto contra a dor, a angústia, a solidão, ou, ainda, como um protesto contra a qualidade de vida no hospital ou contra o sentimento de rejeição da sua família e amigos.
O pedido de eutanásia é, pois, quase sempre incentivado pelo ambiente. Muitas vezes, o doente terminal não volta a repetir a sua petição de morte quando lhe é proporcionada a indispensável assistência médica, social e espiritual.
Há que não esquecer que ninguém pediu para nascer. Por isso, a vida é uma oferta, um dom e uma dádiva que os nossos pais nos deram ao conceber-nos. E essa dádiva preciosa deve-se manter desde o primeiro despertar, no seio materno, até o último suspiro.
Dia 23 2ª feira
Educar para a frustração
O sucesso consiste em aprender a prosseguir, de fracasso em fracasso, sem desesperar, dizia Winston Churchill.
Na verdade, os que fracassam na vida são aqueles que, em vez de adquirirem experiência com cada pequeno fracasso, se vão afundando um pouco mais até chegarem aos extremo de deixarem de fazer as coisas por medo de fracassar.
O sucesso na vida consiste em saber enfrentar os inevitáveis fracassos do viver diário. Deste curioso paradoxo depende, em muito, acertar em viver.
Cada frustração, cada contratempo, cada contrariedade, cada desilusão carrega consigo o germe de uma infinidade de capacidades humanas desconhecidas, sobre as quais os espíritos pacientes e decididos vão aprendendo a construir o melhor das suas vidas.
Seria uma completa ingenuidade deixar que a vida se consumisse numa desesperada procura de algo tão utópico como o desejo de permanecer num permanente estado de euforia, prazer físico ou de constantes sentimentos agradáveis. Quem assim pensasse, estaria quase sempre triste e sentir-se-ia infeliz, acabando também por fazer infelizes as pessoas à sua volta.
Como dizia um autor, "há um tipo de sorte dita claro, e outro escuro, mas o homem incapaz de saborear o escuro, tampouco é capaz de saborear o claro".
Por isso, quando se trata de educar o carácter dos filhos, é muito importante não se deixar cair em nenhuma espécie de neurose perfeccionista. Se o fizermos, estaremos a enganá-los quanto ao seu futuro. Há, pois, por um lado, que frustar os seus comportamentos desordenados e, por outro, ajudá-los a lidar com a frustração que vem de fora. Só assim seremos e serão mais felizes.
Dia 24 3ª feira
Os pais do aborto
Apresentado como o grande bem da história da Humanidade, o aborto foi, pela primeira vez, legalizado graças a "duas grandes figuras modernas", verdadeiros símbolos do "progresso e da justiça": Hitler e Lenine.O primeiro estado do mundo a liberalizar o aborto foi a União Soviética de Vladimir Lenine, em 1920.
Nos países modernos, porém, a legislação abortista apresenta verdadeiros híbridos jurídicos nesta matéria: a criança concebida e não nascida é, por um lado, sujeito legal (pode, por exemplo, herdar, ou tem direito a indemnização, caso lhe seja provocada deficiência durante a vida embrionária), mas, por outro lado, é permitido tirar-lhe a vida, subtraindo-a para isso à proteção da lei.
Os responsáveis pelos textos destas leis não põem em questão, portanto, que a criança concebida seja um ser humano. Não se discute se, no ventre da mãe, há ou não um ser humano, mas sim se tem – e em que casos – direito a viver...
Por vezes, o direito de viver é, na prática, complicado, para a mulher que não tem emprego ou tem apenas um trabalho precário, que estuda, que não tem casa ou tem um companheiro violento ou uma família hostil. Deve, por isso, caber ao Estado, à sociedade e, se possível, à família suprir estas dificuldades fazendo com que o direito à vida seja, não só um direito no papel, mas também e sobretudo um direito em acção.
Dia 25 4ª feira
A função dos pais
O papel básico dos pais é administrar e suprir as necessidades primárias da família, tais como a alimentação, a habitação, os estudos e a segurança.
Mas ser pai não se esgota só no sustento financeiro e material dos filhos. Se assim fosse, poderíamos delegar o serviço dos pais por meio de um bom internato.
Todo o filho precisa do calor do centro de intimidade que é a família. Poderíamos retratar este centro como uma casa, cujo chão são as necessidades básicas providas pelos pais; onde as paredes são a escola de virtudes e de valores, aquecida pelo amor personalizado; cujo telhado é a seta que sai do Centro de Abertura que lança seres humanos de personalidade bem formados para compor e transformar para melhor a Sociedade. Faz sentido, pois nada faz tanta falta às pessoas quanto um lar bem estruturado. Por sua vez, essa casa está construída e apoiada sobre o matrimónio. Se as fundações se abalam, as paredes racham, o frio entra pelas frestas e o calor esvai-se.
Por isso, é de capital importância que todos nós, casados, saibamos presentear ao cônjuge o melhor de nosso tempo e disposições, para manter sólido o nosso casamento e juntos dedicarmo-nos ao maior investimento das nossas vidas, a nossa família.
Dia 26 5ª feira
As mulheres e o aborto
Para quem trabalha com mulheres grávidas, é claro que a ideia de que as mulheres não são também vítimas da lei do aborto é falsa. Pelo contrário, agora que o aborto é legal muitas mulheres são pressionadas pelos seus pais, companheiros e patrões a abortar.
Há uns tempos, recebi um «mail» a contar mais uma história ocorrida no Algarve e que dizia assim: «Na escola onde a minha mulher dá aulas, houve 1 caso de uma aluna que contou a toda a gente que ia ter um bebé e que estava muito contente. Passados uns dias, após ter faltado uns dias à escola, voltou triste porque os pais a tinham obrigado a fazer um aborto». Noutro caso recente, cuja notícia também foi divulgada, foi o patrão que pressionou a funcionária a praticar o aborto.
Não adianta fechar os olhos!
Também no Algarve, um grupo de voluntários pro-vida teve de ir recolher uma jovem grávida que deambulava pelas ruas, sozinha, porque tinha sido despedida pelo patrão, abandonada pelo companheiro e expulsa de casa pelos próprios pais.
Nestas histórias, onde fica a tão apregoada liberdade de escolha? Onde fica o direito à assistência à maternidade consagrado na constituição? De que liberdade falamos?
Dia 27 6ª feira
O casamento no Japão
O caráter sagrado do matrimónio é reverenciado em diversas culturas, por diversos modos, ao longo dos tempos. Um desses exemplos são as chamadas pedras-casadas, existentes no Japão.
As meotoiwa são duas rochas no mar, uma ao lado da outra, localizadas na baía de Ise, na cidade litoral de Futamigaura, no Japão, que simbolizam a santidade do matrimônio. “Futami” significa “observar mais uma vez”, em virtude da beleza dessa praia.
A pedra-marido, simbolizando o homem, um tipo forte e silencioso, tem 9 metros de altura, e a pedra-esposa, simbolizando a mulher, tem 4 metros de altura.
Consta que as pedras foram "casadas" por sacerdotes xintoístas há mais de 1.300 anos, usando a shimenawa (“corda sagrada”), uma espessa corda feita de palha de arroz trançada, com 35 metros de comprimento, que é trocada quatro vezes ao ano, quando a maré está baixa, numa cerimónia na praia onde os participantes passam a corda (que pesa mais de uma tonelada) de pessoa a pessoa.
Os turistas preferem visitar o local principalmente no Verão, pois, nessa época, dizem que o sol parece nascer entre as duas rochas.
Por todo o Japão, existem várias Pedras Casadas espalhadas pelo país, onde, normalmente, a maior rocha representa o homem, e a menor a mulher, unidas por uma corda feita da palha de arroz que simboliza a união matrimonial.
Dia 30, 2ª feira
Os homens e as tarefas domésticas
Segundo um recente estudo da London School of Economics, os casais onde o homem se envolve mais nas tarefas domésticas têm menos probabilidades de se divorciarem. Isto significa que compartilhar as tarefas em casa fortalece o casamento.
Porém, o estudo indica que isso não significa que a maioria das mulheres queira necessariamente um modelo "igualitário" (50-50) na repartição das tarefas entre o homem e a mulher. O estudo demonstrou que os casos em que a mulher é doméstica e o marido trabalha, mas não ajuda em casa ou nos casos em que a mãe trabalha e o marido não ajuda em casa são os que implicam um maior risco de divórcio, sendo os que implicam menor risco de divórcio aqueles em que a mãe é doméstica e o marido, embora trabalhe, ajuda em casa.
O estudo refere ainda que, em casais jovens com filhos pequenos, quando o pai não ajuda em casa e o casamento se desfaz, o divórcio provoca graves consequências sobretudo do ponto de vista económico, agravando ainda mais as dificuldades próprias das jovens mães que ficam sem parceiro e com menor suporte financeiro para fazer face às despesas.
E conclui que, nos vários estudos e análises sobre divórcio, se tem dado um relevo excessivo às consequências negativas decorrentes da introdução da mulher no mercado de trabalho remunerado e, ao invés, tem-se esquecido praticamente em absoluto as consequências positivas que decorreria da participação do homem nas tarefas não remuneradas de natureza doméstica e educativa no seu próprio lar.
Dia 31, 3ª feira
Engravidar depois de aborto espontâneo
Segundo uma notícia do diário digital e da agência lusa, as mulheres que sofreram um aborto espontâneo não têm, necessariamente, de esperar um prazo de tempo para tentarem voltar a engravidar, revela um estudo britânico publicado, que contradiz as recomendações médicas.
O estudo, realizado por investigadores da universidade escocesa de Aberdeen e publicado na revista médica British Medical Journal, demonstra que as mulheres que ficam grávidas seis meses depois de terem abortado espontaneamente têm mais probabilidades de ter uma gravidez normal e sem complicações do que as que adiam o momento.
A Organização Mundial de Saúde aconselha as mulheres que sofreram abortos naturais a esperarem seis meses para engravidarem de novo, enquanto o serviço britânico de saúde recomenda uma pausa de três meses.
Para o casal, após a experiência sempre traumática de um aborto espontâneo e natural, nada melhor do que tentar novamente, com o apoio e preparação do médico assistente, dar uma nova vida ao mundo.
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