Balanço. Segundo um estudo pedido pela Direcção-Geral de Saúde à Episcience, de 15 de Julho a 31 de Dezembro do ano passado, foram feitas 2687 interrupções da gravidez, das quais apenas 180 resultaram de actos médicos devido a malformações do nascituro ou para evitar morte e lesões na mãe
Só 3% dos abortos são feitos por razões médicas
Apenas 2,86% não foram opção da mulher
Nos primeiros seis meses após a entrada em vigor da actual lei da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) foram feitos 6287 abortos em estabelecimentos autorizados, dos quais 6107 por opção da mulher. Ou seja, só 2,86% resultaram de doença grave ou malformação congénita do bebé, perigo de morte ou lesão grave para a mãe e gravidez resultante de violação, sendo que, neste último, o número é praticamente residual - 12 casos, o que representa apenas 0,2%.Estes são dados de um estudo da Direcção-Geral de Saúde (DGS), a que o DN teve acesso. No entanto, os cerca de 3% indicados como sendo praticados como acto médico para proteger a vida da grávida ou por malformação do feto é considerado "subestimado" por alguns especialistas. "Este número tem maior peso no resto da Europa", disse ao DN o director do Serviço de Obstetrícia e Pediatria do Hospital de S. João (Porto), Nuno Montenegro. "A explicação pode estar na falta de registo online por parte dos hospitais", afirmou.
Segundo o estudo, no total, cerca de 69,46% das intervenções para por fim à gravidez ocorreram em hospitais públicos e 30,54% em privados. O documento revela ainda que desde 15 de Julho até 31 de Dezembro de 2007, das 6107 mulheres que abortaram a pedido, 70% estavam entre a sétima e a nona semana de gestação.
A região de Lisboa e Vale do Tejo registou o maior número de intervenções para por fim a uma gravidez indesejada, com 57,5%, ou seja 3614 abortos. Segue-se, de longe, a região Norte, com 1224, o que representa 19,5% do total. Em terceiro lugar surge a região Centro, com 14,3%, seguida do Algarve e Alentejo com 5,7 e 2,3%, respectivamente. Nos Açores foram feitos 44 abortos (0,7% do total nacional), enquanto na Madeira não houve qualquer registo.
Por idades, foram as mulheres entre os 30 e os 34 anos que mais recorreram ao aborto a pedido, (22,4%), seguidas pelas da faixa entre os 25 e os 29 anos (22,1%) e da dos 20 aos 24 anos (21,2%). O estudo revela também que naquele período foram feitos 634 abortos em jovens com idades entre os 15 e os 19 anos (10,1%) e 28 em raparigas com menos de 15 anos, o que representa 0,4% das interrupções por opção da mãe.
A maioria das mulheres recorreu à IVG por iniciativa própria, excepto nos Açores, em que o encaminhamento mais referido (54,5%) foi feito pelo hospital público e no Alentejo em que foi feito pelo Centro de Saúde (68%). De salientar que nesta região a maioria das mulheres que abortaram - ao contrário do resto do País - vive maritalmente (68,7%), sendo que 40,8% são casadas.
Quanto ao nível de instrução, o mais referido foi o ensino secundário, excepto no Alentejo, onde o mais representativo é o ensino básico, com 32,7%. Já a percentagem de desempregadas e estudantes não varia muito de região para região: uma média de 15% para ambas as categorias.
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