China tem cerca de 13 milhões de abortos por ano
Expressões como "aborto fácil" e "técnica indolor" quando procuradas em sites de busca levam a dezenas de páginas com nomes e fotografias de "especialistas" em aborto. Em muitas dessas páginas, é possível participar de um bate-papo virtual e esclarecer dúvidas.
Perguntado se é possível realizar um aborto no nono mês de gravidez, um dos "especialistas" responde: "É possível, mas desaconselho porque a chance de sobrevivência do bebê nesses casos é alta". Somente após dezenas de tentativas, todas com respostas positivas, uma das clínicas se recusou a realizar o aborto em uma gravidez tão avançada: "Aos nove meses é um homicídio, nossa clínica não faz", diz uma atendente. O custo da cirurgia varia entre cerca de 100 e mil euros, mas há quem diga ser possível realizar a operação por muito menos.
Em 2002, com a proibição de revelar o sexo do bebê antes do nascimento - já que na China a maioria das famílias prefere ter um menino e bebês do sexo feminino eram muitas vezes abortados -, ficou estabelecido que para interromper uma gravidez após 14 semanas é necessária "a aprovação das autoridades". Mas "não existem limites estáveis em nível nacional", explicou um funcionário da Comissão para a Planificação Familiar da China.
Algumas províncias chinesas criaram nos últimos anos propostas de lei que visam proibir a prática do aborto após a 14ª semana, gerando os primeiros debates sobre os tema.
O Ministério da Saúde chinês declarou à Ansa não possuir dados sobre a difusão da prática do aborto no país, mas segundo estatísticas publicadas pela revista científica Kejibao e ainda incompletas, são feitos cerca de 13 milhões abortos por ano na China.
Apenas os hospitais de Pequim teriam realizado em 2007 uma média de 820 abortos por dia. A revista fala de uma "maré de abortos", praticados com total desenvoltura inclusive por adolescentes e mesmo depois do 4º ou 5º mês de gravidez.
De acordo com outras pesquisas, o aborto é muito comum também entre as cerca de 20 milhões de prostitutas da China, que só nos últimos anos adotaram o uso de preservativos, após uma intensa campanha do governo chinês para conter o crescimento da Aids: segundo as últimas estimativas oficiais, a China possui 700 mil seropositivos.
Para ler aqui e aqui.
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