sábado, 21 de junho de 2008

China tem cerca de 13 milhões de abortos por ano

Realizar um aborto na China tem se tornado cada vez mais fácil, com dezenas de sites que anunciam hospitais e clínicas particulares onde se pode abortar, além de conselhos de "especialistas" em técnicas abortivas.

Expressões como "aborto fácil" e "técnica indolor" quando procuradas em sites de busca levam a dezenas de páginas com nomes e fotografias de "especialistas" em aborto. Em muitas dessas páginas, é possível participar de um bate-papo virtual e esclarecer dúvidas.

Perguntado se é possível realizar um aborto no nono mês de gravidez, um dos "especialistas" responde: "É possível, mas desaconselho porque a chance de sobrevivência do bebê nesses casos é alta". Somente após dezenas de tentativas, todas com respostas positivas, uma das clínicas se recusou a realizar o aborto em uma gravidez tão avançada: "Aos nove meses é um homicídio, nossa clínica não faz", diz uma atendente. O custo da cirurgia varia entre cerca de 100 e mil euros, mas há quem diga ser possível realizar a operação por muito menos.

Em 2002, com a proibição de revelar o sexo do bebê antes do nascimento - já que na China a maioria das famílias prefere ter um menino e bebês do sexo feminino eram muitas vezes abortados -, ficou estabelecido que para interromper uma gravidez após 14 semanas é necessária "a aprovação das autoridades". Mas "não existem limites estáveis em nível nacional", explicou um funcionário da Comissão para a Planificação Familiar da China.

Algumas províncias chinesas criaram nos últimos anos propostas de lei que visam proibir a prática do aborto após a 14ª semana, gerando os primeiros debates sobre os tema.

O Ministério da Saúde chinês declarou à Ansa não possuir dados sobre a difusão da prática do aborto no país, mas segundo estatísticas publicadas pela revista científica Kejibao e ainda incompletas, são feitos cerca de 13 milhões abortos por ano na China.

Apenas os hospitais de Pequim teriam realizado em 2007 uma média de 820 abortos por dia. A revista fala de uma "maré de abortos", praticados com total desenvoltura inclusive por adolescentes e mesmo depois do 4º ou 5º mês de gravidez.

De acordo com outras pesquisas, o aborto é muito comum também entre as cerca de 20 milhões de prostitutas da China, que só nos últimos anos adotaram o uso de preservativos, após uma intensa campanha do governo chinês para conter o crescimento da Aids: segundo as últimas estimativas oficiais, a China possui 700 mil seropositivos.

Para ler aqui e aqui.

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