Proposta para alteração da regulamentação da lei do aborto
Um movimento de cidadãos está empenhado em mudar a regulamentação da lei do aborto, face à “crise de natalidade grave” que Portugal hoje enfrenta. Além de reclamarem que a interrupção voluntária de gravidez (IVG) até às dez semanas deixe de ser gratuita, propõem que as mulheres que estão a pensar abortar tenham um aconselhamento prévio feito por psicólogos e técnicos sociais e vejam e assinem as ecografias feitas para determinação do tempo de gestação.
Intitulada “Lei de Protecção da Maternidade e Paternidade e Pelo Direito de Nascer”, a iniciativa foi apresentada este sábado em Lisboa, no final da 5ª edição da “Caminhada pela Vida”, que reuniu centenas de pessoas, que desfilaram entre o Largo de Camões a Assembleia da República.
Isilda Pegado, coordenadora da Federação pela Vida e uma das organizadoras da caminhada, acredita que os cidadãos vão aderir a esta iniciativa porque estão “preocupados com a quebra de natalidade”. “O povo está preocupado com este problema, ao contrário dos políticos que não fizeram nada. A regulamentação da lei do aborto continua a ser uma grande chaga”, defende Isilda Pegado, que recorda as sucessivas petições para mudança legislativa já apresentadas no Parlamento.
A iniciativa agora divulgada, frisa, consubstancia-se em “propostas concretas e efectivas” de mudança, como a da contagem, como tempo de trabalho, da licença de maternidade das mulheres que fazem estágios laborais e a auscultação do pai quando a mulher pensa em interromper a gravidez. “Muitas vezes as mulheres abortam porque estão sozinhas. O que queremos é que a consulta prévia não seja apenas uma guia de marcha para irem a uma clínica [interromper a gravidez]”, explica.
Tentar dissuadir as mulheres de dar este passo é o objectivo, por isso se propõe que as ecografias sejam visualizadas. “Actualmente, os médicos fazem a ecografia mas não a mostram”, lamenta Isilda Pegado, que está convencida de que, se isso passasse a acontecer, muitas mulheres optariam por prosseguir com a gravidez. Os promotores da iniciativa pretendem igualmente que os médicos objectores de consciência possam continuar a seguir as suas pacientes, ao contrário do que acontece actualmente.
“Nos últimos três anos (2011 e 2013) houve uma média anual de 19 mil abortos a pedido da mulher (…) e cerca de um quarto dos quais são repetições (no próprio ano ou em anos anteriores), refere o memorando que explica os motivos que estiveram na base do lançamento desta iniciativa.
No final da caminhada, os deputados António Proa (PSD), Raul Almeida (CDS), Pedro Pimenta Braz (ex-vereador na Câmara de Santarém pelo PS) e Eduardo Libâneo (autarca da CDU em Mafra) sensibilizaram os participantes para a importância de subscreverem a proposta e foi lida uma mensagem do Papa Francisco.
A Caminhada pela Vida surgiu na sequência dos referendos à interrupção voluntária de gravidez, o primeiro em 1998, e o segundo em 2007, e em 2012 voltou a ser realizada, passando desde então a ter periodicidade anual.
Fonte: Público
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