Feliz Ano de 2010
É isto que caracteriza o tempo: o movimento; é esta a sua natureza.
O tempo a que chamamos agora, já foi, rapidamente é passado, já não existe. O agora, o presente, é substituído pelo que há-de vir, o futuro. O futuro também não existe, é apenas provável.
O nosso mundo vive no espaço e no tempo, mas o tempo parece ser aquilo que constantemente nos foge, que constantemente nos falta, que constantemente determina o sucesso ou o fracasso.
A própria noção de crescimento, o modo como avaliamos, a riqueza, a saúde das crianças e até a nossa maturidade intelectual e espiritual implica um intervalo de tempo e duas medições.
O nosso maior drama actual é a dificuldade em lidar com o tempo.
A propósito conto uma pequena história que ouvi a um padre jesuíta:
- "Conta-se que o Pe. António Vieira, nas suas viagens no interior do Brasil era acompanhado por um conjunto de escravos índios que carregavam os mantimentos e tudo o mais que era necessário ao desempenho da missão. Numa dessas viagens e ao fim de pouco tempo de caminho, os índios pararam, pousaram a carga no chão e sentaram-se. Quando lhes perguntaram o que se passava, responderam:
- Os nossos corpos estão a ir tão depressa que perderam as nossas almas. Estamos aqui parados, à espera que as nossas almas nos apanhem".
Se pensarmos nas nossas vidas, é fácil identificarmo-nos com esses índios do século XVII.
Quantas vezes a velocidade que imprimimos àquilo que temos que fazer é inadequada àquilo que devemos ser.
A questão do significado do tempo, do nosso tempo, do modo como usamos o tempo, perpassa todas as actividades que compõem a nossa vida e, portanto, têm a ver com tudo: economia, política, divertimento, família, trabalho, comunidade, etc.
Pedro Aguiar Pinto