segunda-feira, 17 de junho de 2013

Demografia: O Retrato do País - Dados da Pordata




Portugal não é para novos

Estes dados divulgados pela PORDATA mostram duas tendências, ambas adversas aos professores: Portugal não é para novos e o país está a definhar, a perder energia...de velhice. No médio e longo prazo, os investimentos públicos têm de ir sobretudo para os serviços e atividades de apoio aos idosos. Falamos de serviços de saúde, lares para os idosos e pensões.
Como o dinheiro não é elástico e, ao contrário do que alguns pensam, não nasce das pedras da calçada, o dinheiro para manter as escolas sob a alçada do Estado vai escassear. A pressão social vai no sentido de o Estado se concentrar mais no apoio aos idosos, no sistema de saúde e na garantia de um sistema de pensões que assegure um nível mínimo de sobrevivência.

Nascem cada vez menos crianças, há cada vez menos jovens em idade escolar, há cada vez mais idosos e os velhos vivem cada vez mais tempo. A demografia está contra os professores. A guerra que os sindicatos de professores movem ao Governo está à partida perdida por uma simples razão: a demografia. 


Se o número de jovens em idade escolar diminui e a tendência é para que essa redução se acentue, faz todo o sentido que o Governo racionalize os meios afetos à educação, providenciando para que haja uma ocupação máxima do corpo docente dos quadros.

A estratégia dos sindicatos de professores é suicida. A estratégia de minimização dos danos e de criação de alternativas para a ocupação dos professores dos quadros que o MEC está a seguir é a única que convém aos docentes.

O MEC faz bem em colocar os docentes dos quadros sem componente letiva a lecionar nos centros de formação profissional do IEFP. Faz bem em integrar na componente letiva dos alunos a primeira hora de actividades de enriquecimento curricular. No médio prazo, é preciso ainda mais. Vejo como inevitável a reconversão profissional de milhares de professores que ainda estão muito longe da idade da reforma e que a redução progressiva do número de alunos vai tornar excedentários nas escolas. Essa reconversão passa sobretudo pela aquisição de conhecimentos que habilitem os docentes excedentários a trabalhar com idosos. A frequência de pós-graduações em gerontologia e em intervenção social e comunitária permitirá a reconversão de muitos docentes dos quadros que, no curto e no médio prazo, ficarão sem componente letiva em consequência da redução do número de alunos.

A alternativa à reconversão profissional é muito pior: o desemprego.

Os sindicatos de professores ignoram propositadamente esta realidade e empurram os professores para um combate que os leva ao suicídio profissional. Os sindicatos colhem frutos no curto prazo, garantindo a quotização de mais professores, mas perdem no médio e longo prazo em resultado da degradação da imagem social e da autoridade dos professores. Corremos o risco de ver acontecer aos professores o mesmo que aconteceu a outros grupos profissionais que se deixaram instrumentalizar pelos sindicatos socialistas e comunistas. Estou a lembrar-me dos mineiros no Reino Unido nas décadas de 80 e 90 do século passado e nos trabalhadores dos estaleiros navais e da siderurgia, em Portugal, há vinte anos atrás. 

Ramiro Marques

Sem comentários: